| Atsumu Miya
O som insistente do despertador ecoou pelo quarto, mas eu já estava acordado, observando Sakusa ao meu lado. A luz da manhã atravessava as cortinas, iluminando suavemente os cachos desordenados dele, e eu pensava em como era sortudo por momentos como aquele.
— Bom dia — cutuquei de leve o ombro dele. Sakusa apenas murmurou algo incompreensível e virou o rosto para o travesseiro. Ri baixinho, mas insisti: — Acorda, omi-kun, acha que consegue andar depois de ontem?
— Você já começa o dia falando merda, né? — ele finalmente respondeu, abrindo um olho. — Melhor cuidar da sua bunda enquanto ainda tem uma.
— Isso foi uma ameaça? Não deveria me provocar desse jeito. — eu disse, dramaticamente, mas com um sorriso. — Posso te prender na cama pelo resto do dia...
Sakusa se sentou na cama, ajeitando os cabelos.
— Aceitei a proposta do Osamu para trabalhar na loja dele. Começo hoje, então não vai dar.
Por um instante, fiquei em silêncio, processando a informação. E então, um sorriso imenso se formou no meu rosto.
— Sério? Então você é nosso mais novo funcionário?
Sakusa deu de ombros.
— Osamu foi... convincente. E eu preciso de uma mudança. Talvez isso seja bom pra mim.
Quase dei um salto da cama.
— Aliás, tecnicamente, eu dono de grande parte da loja, então vai ter que me chamar de chefe gostoso.
Sakusa arqueou uma sobrancelha, como se realmente me levasse a sério.
— Devo fazer o mesmo com seu irmão?
— Claro que não! — respondi, já pulando para fora da cama. — Esquece o que eu te falei, eu vou com você.
A loja estava movimentada quando chegamos. Osamu já estava atrás do balcão, organizando pedidos e conversando com clientes.
Ele ergueu os olhos quando nos viu entrando e revirou os olhos.
— Vocês estão atrasados.
— Eu não trabalho para você, então não me dê sermão. — retruquei, jogando uma chave no balcão e sentando-me numa das cadeiras livres. — E não ouse ser um chato com nosso novo funcionário. Trate bem meu omi-kun, Osamu.
Dessa vez foi Sakusa quem revirou os olhos.
— Ele vai ser tratado como qualquer outro, que é mais do que eu faço por você. — Ele se virou para Sakusa que o observava atentamente. — Bem-vindo. Vamos começar. Coloque o avental e vou te mostrar o básico.
Sakusa assentiu, vestindo o avental com um suspiro resignado.
Eu fiquei observando com curiosidade e um pouco de orgulho, Sakusa estava se esforçando para sair da sua zona de conforto, e isso o deixava ainda mais encantador aos meus olhos.
Ao longo do dia, permaneci sentado, ora mexendo no celular, ora observando Sakusa em ação. Ele parecia incrivelmente natural lidando com os clientes, mesmo com sua personalidade mais reservada.
Osamu o guiava pacientemente, e os dois formavam uma boa equipe. Eu não podia deixar de sorrir toda vez que via Sakusa se saindo bem.
— Você não tem mais o que fazer do que ficar babando nele o dia todo? — uma voz conhecida disse, tirando-me dos meus pensamentos. Era Suna, encostado na porta com um sorriso preguiçoso. — Tem uma pilha de planilhas esperando você no escritório.
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