"E vou recolher esses cacos até que eu esteja sangrando
Se isso fizer você ser minha
Porque não haverá luz do Sol
Se eu te perder, amor
Não haverá céu limpo
Se eu te perder, amor"
✶
James Potter nunca foi exatamente o emblema da racionalidade. Ele era tudo o que se espera de um verdadeiro grifinório: esperto, destemido, com uma sagacidade afiada e uma coragem quase imprudente. Mas, quando se tratava de pensar antes de agir, ah, isso nunca foi o seu forte.
Remus sempre dizia, meio divertido, meio preocupado, que James era um homem guiado pelo coração. Suas emoções ferviam como fogo, e ele as seguia com a mesma intensidade, ignorando por completo os conselhos mais sensatos de sua mente. Isso tinha lá sua beleza - suas ações eram puras, genuínas, carregadas de paixão. Mas, ao mesmo tempo, o colocavam em situações complicadas, onde as consequências vinham como um rolo compressor.
E quando Calliope disse, com a voz trêmula mas decidida, que os dois não podiam mais continuar juntos, James sentiu seu mundo ruir. Não era só dor; era como se todo o ar do mundo tivesse sido sugado para longe, deixando-o sem chão. Seu coração, que sempre foi seu guia, agora parecia perdido, batendo descompassado no peito. A razão, aquela velha desconhecida, bem que tentou sussurrar que talvez fosse o melhor para os dois. Mas James não a ouviu. Ele nunca ouvia.
Tudo o que sentia era a ausência de Calliope, como um vazio que ele não sabia como preencher. E, no instante em que a sonserina virou as costas e o deixou sozinho na penumbra da Sala Precisa, James desabou. Ele chorou como nunca antes, com uma intensidade que parecia vir das profundezas de sua alma. Não eram apenas lágrimas ━ era o peso esmagador de um coração partido, gritando em silêncio. Não havia orgulho, não havia máscaras; apenas a dor crua de alguém que amou com tudo o que tinha e, agora, se via sozinho.
O garoto, em meio ao rosto vermelho e molhado de lágrimas, tentou encontrar respostas onde não havia nenhuma. Entre soluços, ele repetia, quase como um mantra desesperado, que aquilo não fazia sentido.
━ Eu a amo... e ela me ama também. Então, por quê? Por que ela faria isso? ━ sua voz ecoa pelo espaço vazio, carregada de dor e incredulidade, como se o próprio universo devesse uma explicação para algo tão cruel.
O garoto, com o rosto ainda rubro e marcado pelas lágrimas, sentiu a angústia transformar-se em uma teimosa resistência. Ele murmurava entre os soluços, tentando convencer a si mesmo.
━ Eu a amo... e ela me ama também. Isso não faz o menor sentido.
A dor era insuportável, mas, no fundo de sua mente, algo começou a lhe incomodar. Não era apenas o término em si, mas a forma como Calliope havia agido. Era frio demais, distante demais. Não parecia... ela.
A decisão, ele pensou, não veio do universo, mas sim de Calliope. Mas quanto mais repetia isso para si mesmo, mais estranho soa. Calliope nunca seria capaz de algo tão impessoal. Ela é intensidade e verdade, mesmo nos momentos mais difíceis. E, se ele a conhece tão bem, aquilo simplesmente não era dela.
Aos poucos, o desespero foi cedendo lugar a algo mais forte: determinação. James ergueu o rosto, secando as lágrimas com a manga da camisa, embora os olhos ainda ardessem. Não, ele não aceitaria aquilo. Não sem respostas. Não sem entender o porquê. Há algo errado, ele tem certeza. E não era só o fim do relacionamento - era o modo como ela havia terminado.
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END GAME • james potter
FanfictionJOGADA FINAL | Calliope Nott foi criada por pais sangue-puristas, evidenciando sua longa linhagem de raízes cravadas nas artes das trevas. Entretanto, aquele não era o destino da jovem sonserina. A missão de impedir que Regulus Black se junte ao exé...