Capítulo 5

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Desisti de dormir, não conseguiria dormir com ELE lá fora, sem saber se ELE estava bem. O que podia acontecer com ELE?

- Branca?

ELA estava acordando. Ainda era de noite, todos estavam dormindo.

- O que foi Sofia?

ELA levantou do meu colo e sentou no colchão. Esfregou os olhos e olhou para mim.

- Preciso fazer xixi.

Arregalei os olhos e olhei em volta. Não tinha banheiro ali.

- Sofia, não tem banheiro aqui.

- Ouvi o Senhor dizer que temos que ir lá fora, nas árvores.

Fiquei sem reação. Não podíamos sair sozinhas sem permissão.

- Não podemos, é perigoso.

ELA apertou os lábios e cruzou as pernas.

- Por favor, eu preciso muito ir no banheiro.

- Sofia.

- Por favor, vai comigo. Por favor.

Não sabia o que fazer, não podia dizer não para ELA. Tinha que levá-la para se aliviar.

- Tudo bem, vamos então. Mas em silêncio, ninguém pode ver agente saindo.

ELA sorriu e levantou do colchão, me estendeu o braço e segurou minha mão. Passamos pelas pessoas que estavam dormindo e devagar subimos as escadas. A porta estava trancada por dentro, mas a chave estava no último degrau. Abri a porta e devagar saímos de dentro do esconderijo. Senti a brisa da noite tocando minha pele. Como era bom estar debaixo do luar. Fechei a porta e fomos para uma árvore grande e alta que tinha por perto.

- Pronto Sofia, pode fazer que fico te olhando daqui.

- Obrigada Branca, já volto.

Fechei os olhos e senti o vento bater em meu rosto. Me sentia livre na escuridão da noite. Escutei um barulho, antes de virar e olhar para trás senti alguém apertando meu braço com força.

- O que você está fazendo aqui fora?

Arregalei os olhos e me virei a procura do rosto de quem me machucava. Quando consegui virar totalmente o pescoço, enxerguei o rosto do senhor, o dono do esconderijo.

- O senhor está me machucando.

ELE olhou nos meus olhos com uma expressão de raiva, não imaginava que aquele Senhor que conheci a poucas horas poderia transmitir tamanha discórdia e ódio de dentro de si.

- Branca?

ELE olhou para ELA e apertou com mais força meu braço. Uma lágrima saiu dos meus olhos, nunca sentira tamanha dor.

- Você trouxe ela para fora? O que acha que está fazendo? Quem é você?

- Por favor, me solta, você está me machucando.

Estava zonza, não tinha forças para me soltar, queria fugir, queria correr, gritar, mas só conseguia chorar.

- Senhor Halls, a Branca só me trouxe aqui porque eu pedi, precisava muito ir no banheiro.

ELE ficou com os olhos perdidos por um momento, olhou para ELA e senti seu corpo contrair, continuava apertando meu braço com força.

- Sofia! Eu disse que a noite não é seguro! Você deveria ter me pedido para te trazer aqui antes de anoitecer. Vocês estão colocando todos nós em perigo.

- Desculpa Senhor Halls, não foi minha intenção.

Tentei balançar o braço e escorregar DELE, mas não consegui.

- Agora chega de desculpas, entre Sofia, antes que alguma coisa apareça por aqui.

- Vamos Branca.

ELA estendeu sua mão para mim, fiquei olhando para ELE, esperando que me soltasse e eu pudesse ficar livre.

- Vai! Entrem, vou ficar aqui e ver se estamos seguros.

Finalmente ELE me soltou e senti a dor tomar conta do meu braço, coloquei o braço contra o peito e segurei com a mão, tentando diminuir a dor. ELA segurou em minha cintura e voltamos para dentro do esconderijo. Sentei no colchão com dificuldade e respirei fundo, tentando me acalmar e raciocinar.

- Branca, ele te machucou?

- Meu braço, ELE apertou muito forte, mas vai passar. Não se preocupe. Deita, tente dormir.

ELA balançou a cabeça concordando e deitou em seu colchão. Ajudei ELA a se cobrir e fiquei sentada me contorcendo com a dor que insistia em gritar no meu braço. Olhei para as escadas e ELE descia devagar os degraus, me encarando a cada passo. Aquele Senhor tinha ódio dentro de seus olhos, não sabia o porquê, mas ele não me queria por perto, podia sentir seu desprezo de longe. Abaixei a cabeça e deitei no colchão. Fingi que estava dormindo. Fechei os olhos e comecei a chorar em silêncio. Um choro que a muito tempo não vinha à tona.

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