Capítulo 8

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Estava no carro observando ELES sentados em volta da fogueira conversando e afiando suas armas. ELE conversava com seus irmãos. Olhei para as árvores e senti um arrepio sombrio passar pelo meu corpo, minha respiração ficou pesada e minha visão escureceu por um momento. Fiquei com frio. Senti que estava sendo observada. Um medo diferente de todos que já senti tomou conta do meu corpo. Fechei a porta do carro e coloquei meu moletom. Era loucura da minha cabeça, não tinha nada nas árvores. Olhei pela janela do motorista e vi ELE vindo em minha direção. Olhei para minhas mãos e elas estavam tremendo. O que estava acontecendo comigo? ELE abriu a porta do carro e com um sorriso bobo no rosto olhou para mim.

- O que foi Branca?

ELE tocou minha mão e ficou sério.

- Branca. Você tá tremendo. Que estranho, nunca foi de sentir frio. Quer uma coberta?

Segurei firme na mão dele e mais um calafrio tomou conta do meu corpo. Olhei para as árvores atrás DELE e minha visão ficou escura, como um borrão vi as árvores balançando com o vento e sombras negras andavam atrás das árvores. Agi por impulso. Agarrei ELE pela blusa e o joguei para dentro do carro.

- Branca o que voc...

Segurei a maçaneta da porta e fechei com força. Olhei para as árvores e arregalei os olhos, vi as sombras ganhando cor e saindo da escuridão da noite. Minha respiração ficou ofegante, deitei em cima DELE tampando sua boca com a mão. Olhei em seus olhos que estavam perdidos sem saber o que estava acontecendo. ELE segurou minha cintura tentando me tirar de cima DELE, quando o carro se mexeu. ELE arregalou os olhos. Virei a cabeça para ver o que ELE estava vendo atrás de mim e foi quando vi uma mão que parecia ser humana com unhas que pareciam garras de animais. Estremeci e prendi a respiração. Escutei ELES gritarem.

- As armas!

Gritos, medo, angustia, dor. Em segundos um silêncio tomou conta do lugar. Olhei para ELE e vi que chorava. Ainda pressionava minha mão em sua boca. Não podíamos fazer barulho. Sabia que ELE queria sair do carro e lutar e salvar a vida DELES, mas ELE não teria chances, já era tarde demais. Estavam mortos. Soltei o ar que estava preso em meus pulmões e voltei a respirar. Um aroma tomou conta dos meus sentidos. Que perfume. Que cheiro delicioso. Fechei os olhos e fiquei perdida com o fascínio daquele cheiro. Tirei a mão da boca DELE e busquei forças para levantar e ir atrás daquele perfume maravilhoso. Não sabia o que era, mas minhas lembranças despertaram como se aquele cheiro fosse algo que me satisfizesse eternamente. Antes que levantasse minha cabeça, senti ELE segurar meu pescoço e me grudar em seu corpo.

- Branca. Temos que ficar abaixados.

ELE cochichou em meu ouvido e como uma nuvem o cheiro que estava em minha boca e nariz se dissipou e foi embora. Abri os olhos e olhei para ELE. Segurei em sua mão e senti sua dor, seu medo, seu desespero. Lágrimas saíram dos meus olhos. Coloquei a cabeça em seu peito e ficamos ali. Algumas horas se passaram e não aguentava mais ficar deitada naquela posição sem saber o que tinha lá fora. Me aproximei de sua orelha e cochichei.

- Temos que saber o que aconteceu.

Senti ELE tocar meu ombro, olhei em seus olhos e ELE tirou os cabelos que estavam em meu rosto.

- É perigoso. Temos que esperar o sol aparecer.

E assim passamos a noite. Sem dormir, olhando pela janela, esperando o dia amanhecer. Só assim estaríamos a salvos.

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