Eu admito

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POV Rafaella

Na segunda-feira de manhã, encontrei Juliette em seu escritório, olhando pela janela. Os móveis e todas as suas coisas haviam finalmente chegado, e a inquietude dela me mostrou o quanto estava sobrecarregada com a tarefa de arrumar tudo. Passei a maior parte do fim de semana alternando entre o horror e a celebração daquilo que fiz no baile, e fui para o trabalho tentando fazer minha mente parar de relembrar os detalhes e escrutinar minhas ações.

Fiquei até a meia noite no sábado e, infelizmente, tratei de todos os contratos e arquivos que eu teria a semana inteira para resolver. Com exceção de alguns telefonemas, agora eu não tinha mais nada para fazer e, nos últimos dias, uma Juliette ociosa não era uma coisa boa.

— Precisa de ajuda?

Juliette riu, desabando no sofá.

— Eu nem sei por onde começar. Acabamos de arrumar nosso apartamento. Além disso, parece que empacotei tudo isso ontem mesmo.

— Comece com a estante de livros. Eu nunca sinto que tudo está organizado até ver linhas de livros arrumadinhos um do lado do outro.

Suspirando, ela deslizou do sofá e rastejou até uma pilha de caixas.

— Você se divertiu no baile?

Abri uma caixa e peguei um estilete.

— Definitivamente.

Pude sentir seu olhar em cima de mim, e aquela atenção estranha parecia queimar meu rosto. Eu provavelmente deveria ter explicado melhor, mas minha mente foi tomada por um completo branco. O que mais tinha acontecido? Nós chegamos. Comemos alguns aperitivos. Gizelly e eu dançamos, e então pedi para ela tirar fotos enquanto transava comigo em cima da mesa.

Assim que me lembrei do resto, o jantar que perdemos, o leilão do qual ela foi participar, o lindo jardim para onde eu escapei depois do nosso... encontro. Tempo demais tinha se passado para que eu respondesse com uma única palavra.

— Bom — ela disse, com um tom de voz insinuante. — Estou feliz que você tenha decidido ir. Gizelly e Arthur aparentemente organizam esse baile todos os anos e arrecadam um monte de dinheiro para caridade. Acho isso incrível.

— Incrível — murmurei, lembrando de Gizelly vestida daquele jeito. Meu bom Deus, aquela mulher tinha nascido para usar um terninho. E também era perfeita pelada.

Olhei pela janela, lembrando de sua respiração quente em meu pescoço. Meus seios não eram pequenos, mas a firmeza e suas mãos me fizeram sentir pequena e frágil, como se ela pudesse me erguer e me partir em duas, apesar de Gizelly ser um pouco menor. E, ao invés de ficar com medo, eu abri ainda mais as pernas, recebendo-a ainda mais fundo

Comecei a pensar nas fotos que ela tirou e estremeci um pouco. Tentei não a imaginar olhando para elas. Talvez até se tocando...

Juliette limpou a garganta e tirou alguns livros da caixa. Pisquei, com força, e olhei para os livros na minha frente. Deus, de onde vinham essas coisas?

— Eu vi você conversando com Gizelly — ela disse. — E vocês dançaram juntas por tipo, umas três músicas. Você já a conhecia antes?

Por acaso ela podia ler mentes? Mas que diabos, Juliette? Não olhei para ela. Em vez disso, apenas murmurei:

— Não, conheci ela na... — Fiz um gesto no ar — Na sexta-feira.

— Ela é linda — Juliette disse.

Eu podia sentir seu olhar sobre mim. Juliette era a pessoa menos sutil do mundo. Ela soltava uma insinuação como se fosse um avião bombardeiro.

— Você não a acha deslumbrante? — Ela continuou.

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