Precisamos de limites

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POV Rafaella

Engoli em seco, sentindo como se estivesse prestes a libertar uma coisa que eu não seria mais capaz de conter.

Olhando a porta para ter certeza de que estava bem fechada, abri o pacote, com as mãos tremendo ao perceber que realmente era um porta-retrato.

Havia apenas uma foto: era a imagem da minha barriga e a curva da minha cintura. A mesa preta debaixo de mim estava visível.

As pontas dos dedos de Gizelly também apareciam em baixo, como se estivessem me prendendo na mesa pela cintura. Uma tênue faixa de luz se estendia através da minha pele, como uma lembrança da porta que se abriu e da pessoa que andou pelo salão do outro lado da tela.

Ela deve ter tirado a foto logo após se enterrar em mim.

Fechei os olhos, lembrando a sensação de quando gozei. Eu me senti como um fio desencapado plugado na parede, com a carga elétrica que iluminaria o salão passando diretamente por mim.

Ela estimulou meu clitóris com os dedos e continuou entrando em mim. Eu quis fechar as pernas por causa daquela intensidade, mas ela grunhiu e me manteve aberta com o bater de seus quadris.

Enfiei o porta-retratos de volta no envelope e escondi tudo na minha bolsa. Um calor se espalhou em minha pele e eu nem podia ligar o ar-condicionado ou abrir uma janela num andar alto como aquele.

Como ela sabia?

Senti o peso daquilo me pressionando: o quanto eu queria que fosse uma foto de nós duas, o quanto eu queria ser vista. Ela entendia, talvez até melhor do que eu mesma.

Tropeçando na minha mesa, sentei e tentei avaliar a situação. Mas, exatamente na minha frente, estava o New York Post, aberto na seção de colunas sociais, e bem no meio da página tinha uma história intitulada GIZELLY BICALHO, A MILIONÁRIA DEUSA DO SEXO, EM VOO SOLO, logo abaixo havia uma história:

"A milionária tentou algo novo no Museu de Arte Moderna.

Não, ela não começou a investir em arte, e com certeza não estava lá para arrecadar fundos. (sejamos honestos: ela já arrecada mais dinheiro do que um caça-níquel em Las Vegas). No sábado à noite, em seu baile anual para arrecadar fundos para a Lemonade Stand Foundation, Gizelly Bicalho chegou... sozinha. Quando questionada sobre onde estava sua acompanhante, ela simplesmente disse para um de nossos repórteres: "Espero que ela já esteja lá dentro". Infelizmente para nós, os fotógrafos foram proibidos de entrar no evento. Mas nós vamos pegar você na próxima, Bicalho.

Fiquei olhando o jornal, sabendo que Eusébio o tinha deixado lá para que eu visse, e provavelmente agora estava em algum lugar dando risada por causa disso.

Minhas mãos ainda estavam tremendo quando dobrei e guardei o jornal na gaveta. Por que não me ocorreu que um fotógrafo poderia estar lá? Não ter nenhum fotógrafo era um milagre.

E, embora Gizelly com certeza soubesse disso, eu não sabia, e nem mesmo pensei nisso.

— Merda — sussurrei. E então percebi, com uma clareza súbita, que essa coisa entre nós precisava acabar totalmente ou eu precisaria de algum controle.

Senti um pouco de alívio em retrospecto por esse descuido, pensando que já tinha evitado três desastres na minha primeira semana. Liguei meu notebook e busquei no Google o endereço da "Bicalho & Picoli".

Não pude evitar um sorriso.

— É claro.

Rockefeller Plaza, número trinta.

**"

A Bicalho & Picoli preenchia metade do prédio do Edifício GE, um dos prédios mais icônicos da cidade. Até eu o reconhecia ao longe. Um dos locais mais luxuosos de Nova York, é claro. Eu não esperava nada menos de Gizelly.

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⏰ Última atualização: a day ago ⏰

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