Capítulo 14_ Pantufa de oncinha

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— Eu queria... — Tentei falar, mas o orgulho estava tomando conta de mim da mesma forma que vinha tomando desde o início da minha vida. — Eu queria pedir desculpas.

— Onde estão as câmeras? — Ele fingiu estar procurando algo no corredor. Palhaço como sempre.

— Eu estou falando sério! — Falei um pouco impaciente. — Eu fiquei mal por ter dito aquelas coisas sem saber do que estava acontecendo. Só queria pedir desculpas e dizer que sua mãe vai ficar bem. — Finalmente olhei para ele, que estava com as duas sobrancelhas erguidas, certamente duvidando do que eu estava falando.

— Entra aí. — Ele terminou de abrir o restante da porta, fazendo com que eu enxergasse o seu apartamento por dentro. Assim que entrei, um pouco sem graça, comecei a reparar em tudo o que tinha: decoração, cores, vista e tudo mais.

As paredes eram pintadas de cinza escuro e tinha uma exceção, que era pintada de azul escuro. Era uma estética muito boa. O apartamento era tão organizado que nem parecia ser de um homem. Não devia julgar, mas todos os homens que eu me relacionei eram muito desorganizados. As casas eram sujas e cheia de roupas sujas espalhadas pelo chão. Só de me lembrar já dá vontade de voltar atrás e nunca ter nem ao menos chegado perto de homens assim.

Por incrível que pareça, ele era muito organizado. Todas as coisas em ordem, tudo estava limpinho. Mas foi aí que eu me lembrei: ele deve ter empregada, então com certeza não faz nada.

— Eu sei que não deveria ter dito aquilo pra você. — Falei enquanto ele se virava para mim assim que fechou a porta. — Mas é que desde que eu te conheci, eu tenho a mesma impressão sobre você. Na minha cabeça, você é um idiota, palhaço e arrogante que não sabe tratar uma mulher como ela merece.

— Falou a simpática. — Ele murmurou, mas foi de uma forma que eu consegui ouvir tudo direitinho.

— Olha, — Fiz a minha cara séria que sempre faço quando estou estressada, ou seja, sempre. — eu vim aqui pedir minhas humildes desculpas e você não está colaborando.

— Perdão, não pude resistir. — Ele começou a rir, o que também me fez rir enquanto tentava ficar séria. Foi a primeira vez que alguém me fez perder a postura de brava e eu não queria que isso acontecesse. — Suas desculpas estão aceitas!

— Obrigada, agora eu posso voltar para o meu apartamento. — Assenti com a cabeça, como se eu estivesse concordando com o que eu mesma tinha falado. Eu já tinha me virado de costas para ele quando fui interrompida.

— Não precisa. — Ele me segurou pelo braço fazendo com que eu me virasse para ele. — Janta aqui.

— Dan, você é uma pessoa que eu não conheço, não sei se você é apenas um psicopata que quer me matar, depois me picar em milhares de pedacinho e dar meus pedaços para os seus cachorros comer.

— Oli, eu nem tenho cachorro. — Ele falou rindo da minha cara. — E por sinal, obrigada. — Franzi o cenho, um pouco confusa sobre o que ele estava falando. — Você finalmente me chamou de Dan.

— Sem graça. — Fingi que estava entediada. Não seria nada mal jantar com ele, mas mesmo assim, não o conhecia muito bem e o pouco que conhecia não era o suficiente para me fazer mudar de opinião.

— Vamos vai! — Ele continuou insistindo como se fosse uma criança pequena. — Janta aqui, por favor! Eu peço comida se você tiver medo de eu te envenenar.

— Está bem, eu fico. — Falei contra a minha vontade. Okay, não foi tanto contra a minha vontade, eu só queria que ele insistisse ou pelo menos fizesse questão de me querer ali. Nossa, me querer ali. Parece até que ele está com segundas intenções. Mas e eu? Será que eu estaria com segundas intenções?

Sussurros de um Amor NatalinoOnde histórias criam vida. Descubra agora