— Você já começou a pensar no que vamos fazer no Natal esse ano? — Perguntei à Haley, CEO da empresa. Ela era responsável por analisar tudo, e tudo tinha que ser aprovado por ela. Por mais que ela já tenha quase 40 anos, sua aparência diz totalmente o contrário. Seus cabelos loiros compridos eram saudáveis, sua pele parecia a de uma adolescente de 15 anos que não precisa se preocupar com nada.
— Estou pensando em fazer algo diferente esse ano. — Ela fez uma pausa enquanto observava a cidade pela enorme janela que tinha em sua casa. — Todos os anos nós fazemos muitas coleções e ensaios fotográficos de mulheres, então eu estava pensando em fazer uma coleção exclusiva para homens.
— Interessante, acho que o público vai amar!
— Também acho. — Ela se sentou na cadeira em minha frente e eu parei um pouco para pensar. Talvez fosse melhor trabalhar com um homem, mesmo. Geralmente as modelos são muito exigentes, vivem querendo fotos do jeito delas mas não vai ser assim que vai funcionar. Quando contratamos uma pessoa para ser modelo das nossas coleções, elas trabalham para a agência, não é a agência que trabalha pra elas. As fotos tem que ser do nosso jeito, mas a maioria das mulheres são mais chatas em relação á isso. Certamente com um modelo homem não vai ser assim.
— Bom, vou deixar você trabalhar! — Falei enquanto me levantava da cadeira e ficava de pé ao lado da mesa dela.
— Certo. Só, por favor, não comente nada com nenhum outro funcionário. — Assenti com a cabeça. Haley confiava muito em mim e eu amava isso. na maioria das vezes, quando tinham projetos novos que não tínhamos o costume de fazer, ela me chamava para ver o que eu achava. Ou apenas para desabafar de como a vida de mãe de um adolescente é difícil.— Nem mesmo com o Julian.
— Pode confiar, não vou contar para ninguém.
Me retirei da sala dela e fui até a sala do Julian. Claro que eu não contaria nada disso pra ele, mas já tinha terminado todo o trabalho que tinha pra fazer hoje e queria fofocar um pouco. Ao parar em frente à sua porta, dei as clássicas três batidinhas e logo ouvi um "entra" vindo lá de dentro.
— Não aguento mais ficar aqui. — Falei quando entrei, fechei a porta e parei em frente á sua mesa, onde ele estava sentado digitando algo no computador.
— O que foi dessa vez? — Ele perguntou sem tirar os olhos da tela.
— Terminei tudo o que tinha que ser feito hoje e agora não sei mais o que fazer. — Me sentei na cadeira em sua frente. Sinceramente, eu não entendia essas salas que cada um dos superiores tinham. Todas eram iguais, exceto as dos superiores dos superiores. Eu não suportava a minha sala, até porque ela era muito colorida para o meu gosto. Assim como o meu apartamento, eu queria que a minha sala tivesse um padrão neutro, mais instagramável, onde eu não precisasse ter que retirar todos os objetos coloridos para tirar umas simples foto para o Instagram. Como meus seguidores iriam sentir a minha vibe moderna? Eu não sou uma mulher fofa, bem longe disso.
— Hum. — Ele meio que resmungou. Percebi que ele estava ocupado demais para fazer qualquer tipo de fofoca e então eu decidi ficar ali quietinha, mexendo no meu celular enquanto ele trabalhava. Nem na internet eu não tinha mais o que olhar. — Você viu aquela treta que deu entre a faxineira e a recepcionista? — Ele perguntou me fazendo quase saltar da cadeira.
Que foi? Está pensando que eu sou fofoqueira? Eu só estou com tédio, guys!
— Não estou sabendo! Me conta agora! — Quase implorei para que ele me contasse a fofoca. Como Julian era amigo de quase todo mundo aqui na empresa, ele sabia de absolutamente TUDO! E ser melhor amiga dele resultava em saber os podres de cada funcionário.
— Parece que o marido da faxineira traiu ela com a irmã da vizinha da recepcionista. — Eu não podia acreditar. Não sei se estava chocada pela fofoca ou se ria por achar isso muito tosco.
— É sério? — Ele assentiu e logo continuou a falar.
— Quando a faxineira descobriu, foi pra cima da recepcionista como se a coitada tivesse culpa. E ainda por cima quase foi demitida por agressão. — Ele fez uma pausa e eu estava olhando atentamente. — A Haley só não a demitiu por quê ela precisava muito do emprego.
— Ah, que desnecessário. — Falei enquanto me acomodava novamente na cadeira. — Não vejo a hora de acabar o expediente. Não aguento mais de tanto tédio!
— Fica tranquila, já são quase 17h. Quando você menos esperar, vai pra casa fazer sei lá o que.
— Está me chamando de desocupada? — Arqueei as sobrancelhas.
— Não é isso, Olívia. — Ele tirou os olhos do computador e olhou para mim com uma expressão de quem não me suportava mais. Eu já estava acostumada com isso. Como ando sempre de mau humor, quando as pessoas se aproximam geralmente eu acabo dando alguma patada ou apenas tirando as pessoas do sério. Mas não me importo de perder as pessoas, até prefiro elas bem longe de mim. — Eu só não entendo o por quê de você não sair daquele apartamento sem graça. Sem ofensas, mas ele é muito sem graça. Você não sai pra nada, não passeia, fica apenas o fim de semana inteiro trancada lá.
— Não é isso, cara. Você já me conhece a muito tempo, sabe que eu não curto festas nem passeios. Apenas prefiro passar o dia inteiro no conforto do meu lar. — Era verdade. Eu sou muito chata e ignorante, mas amo o meu apartamento. Se eu não precisasse sair todos os dias para trabalhar, passaria a minha vida inteira sozinha, sem ver ninguém.
— Você tem que ser mais sociável. Podíamos ir à uma festa amanhã à noite. Vai ter vários conhecidos da empresa, quem sabe você não encontra o amor da sua vida lá? — Ele veio de novo com esse papinho de festas. Ele sempre tenta me convencer á ir com ele por que caso contrário eu posso perder a chance de conhecer o amor da minha vida.
— Não existe o amor da minha vida. — Falei enquanto observava os objetos que tinham na sala dele. Não sei porque ele trazia tantas coisas da casa dele pra cá, o mínimo que eu trago é meu celular, a câmera e um fone de ouvido, pra não trabalhar em silêncio.
Olhei o relógio do celular e quase gritei de felicidade quando percebi que faltavam quase 10 minutos para terminar meu expediente. Rapidamente me despedi de Julian e fui até a minha sala. Eu precisava ir embora antes que eu surtasse. Por mais que eu ame fotografar, não consigo ficar muito tempo aqui. Me sinto entediada demais, pois sempre termino tudo antes da hora.
Peguei todas as minhas coisas, tranquei a porta e entrei no elevador. Como se fosse um questão de segundos, já estava no elevador do prédio, subindo para o meu apartamento.
Continua...
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Sussurros de um Amor Natalino
Krótkie OpowiadaniaOlívia Davis. A melhor fotógrafa da NYMM, linda de morrer, rica até demais, porém, com um humor tenebroso. Olívia é uma das pessoas mais carrancudas que poderia existir. A pobre jovem adulta foi abandonada quando era apenas um bebê e leva esse traum...