Capítulo 01_ Odeio o Natal!

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Não aguentava mais ver a cidade desse jeito. Eu amo Nova York, e sempre amei, mas só pelo fato de tudo estar decorado para o Natal, me fazia ter vontade de não sair nunca mais do meu apartamento. Não que eu saísse muito de lá. Geralmente eu só saía para o trabalho e quando precisava passar no mercado ou em alguma loja. No mais, eu passava o tempo inteiro trancada no meu apartamento assistindo alguma série e ouvindo músicas.

Algumas das coisas que faz com que eu me sinta a Olívia verdadeira (isso mesmo, meu nome é Olívia, beeem sem graça) era fotografar e cozinhar. Meus hobbies preferidos. Eu amo muito fotografar, tanto que eu trabalho como fotógrafa em uma empresa de modelos aqui em Nova York. 

Já fazia tanto tempo que eu morava e trabalhava em Nova York que eu nem me lembro mais de como era a minha vida antes de morar aqui, exceto pelas coisas ruins do passado, isso eu me lembro bem. Infelizmente as lembranças ruins não conseguem nos deixar tão fácil.

Passei pelas ruas de Nova York à caminho da Frisson Expresso, minha cafeteria preferida desde quando me mudei, aos 19 anos de idade. Para uma mulher de 26 anos, eu estava bem ranzinza. Pelo menos era o que as pessoas falavam quando sabiam que eu não saía para nada. Na minha opinião, eles estavam errados. A vida é minha, não perturbo ninguém, nem peço nada para ninguém, o que as pessoas veem em me criticar? E outras, qual a graça de ir à festas com um monte de pessoas bêbadas que só se estragam? Ficar em casa é bem mais seguro.

Estava andando até a cafeteria quando vi um casal feliz brincando na neve. Confesso que às vezes eu me sentia sozinha, mas logo passava quando me lembrava de tudo o que já me aconteceu. Passei a maior parte da minha vida sozinha, sem precisar da ajuda de ninguém e não seria agora, no auge da minha carreira, que eu iria me humilhar para que um homem venha e estrague a minha vida. Não que eu nunca tenha me apaixonado na vida, mas infelizmente sempre foi pelos homens errados. Ao ver o casal feliz, fazia com que eu me lembrasse do meu passado, de todas as coisas ruins que já aconteceram comigo. Percebi que estava parada no meio da calçada observando os dois e voltei à realidade. Continuei andando pelas ruas e só parei quando avistei a Frisson Expresso em minha frente. Entrei na cafeteria, que estava bem cheia para uma simples sexta-feira de dezembro e fui em direção ao balcão, onde logo fui atendida. 

— Bom dia, Olívia! O mesmo de sempre? — Carrie, a garçonete, me atendeu como fazia todos os dias de manhã cedo. De tanto eu vir aqui, nós duas viramos amigas. Ela era uma das únicas amigas que eu tinha feito aqui, pois não sou nada sociável.

— Isso! — Falei. Eu nunca trabalhava bem antes de tomar um delicioso copo de mocaccino, por isso eu venho todos os dias aqui antes de ir para a Agência. 

Não devo ter esperado nem por 2 minutos quando Carrie chegou com meu pedido. Agradeci à ela, paguei e me retirei do ambiente. Olhei no meu relógio e fiquei aliviada em saber que ainda eram apenas 07:40 da manhã. Eu preciso estar na New York Model Management (NYMM) todos os dias ás 08h da manhã. Não era um sacrifício, mas também gostaria mais de poder dormir por pelo menos mais duas horinhas. 

[...]

— Olha ela chegando, nossa fotógrafa! — Julian falou assim que cheguei. Desde que comecei a trabalhar aqui, nos aproximamos muito. Ele é meu melhor amigo e é o responsável pelas revistas da NYMM.

— Não começa, Julian. Hoje eu estou de mau humor. — Falei ao colocar o copo de café, que estava vazio, no lixo. 

— Quando que você não está de mau humor? — Fui caminhando na direção do elevador para subir até a minha sala e ele veio juntamente comigo. 

— Eu não sou tão chata, vai. Só odeio o Natal! — Era verdade. Nunca suportaria o Natal. 

— Eu amo o Natal, é o melhor feriado do ano! — Ele disse. Claro que pra ele era muito bom. Todos os anos ele ia para Los Angeles visitar a família e passar o Natal com eles. Comigo era diferente, eu não tinha família. Na verdade eu nem sei de onde que eles são.

Está aí uma das minhas piores lembranças. Fui abandonada pela minha mãe quando eu era criança e me levaram para um orfanato em Massachusetts, onde cresci. Na minha adolescência inteira, eu tive que batalhar para não ser uma pessoa derrotada. Comecei a trabalhar escondida durante à tarde, onde eu conseguia todo o meu dinheiro. Ninguém sabia disso, pois se soubessem, eu seria obrigada a entregar metade do meu salário para eles. Então na cabeça da diretora do orfanato, eu estava estudando na biblioteca. Claro que eu não gostava de mentir, mas algumas coisas eram necessárias para que eu pudesse adquirir o que tenho hoje.

Com o tempo, usei minhas economias para pagar o curso de fotografia e assim que completei 21 anos, tive que sair do orfanato e comecei a trabalhar pra valer. Tive que economizar muito durante a minha adolescência pra conseguir chegar onde estou hoje. Mesmo quando a faculdade começou, eu tive que conciliar os estudos, o trabalho e ainda por cima a vida amorosa terrível que eu tive na época. 

Eu namorava com um cara que estudava na mesma universidade que eu, mas cursava direito enquanto eu cursava fotografia. Estávamos indo bem, mas ele era muito controlador. Eu morava em uma república em Kentucky, que era bem perto da universidade e esse maluco ficava o tempo inteiro perguntando onde eu estava, se estava com alguém, perguntava o que eu estava fazendo a cada segundo do dia e ainda por cima se eu não respondesse, mesmo se estivesse ocupada estudando ou trabalhando, ele surtava dizendo que eu não o amava mais e que nosso relacionamento não tinha mais jeito.

Embora eu me sentisse muito desconfortável no começo, pensava que era assim mesmo, que como ele era meu namorado (quase noivo) ele tinha mesmo que saber onde eu estava. Porém um dia eu fui em uma loja com uma amiga e não o avisei e quando chegamos de volta, ele estava parado em frente à república me esperando chegar e disse que para ele já bastava. Eu pensei que ele apenas iria terminar comigo e seguiríamos nossas vidas normalmente, mas depois de um tempo, quando comecei a andar com outro garoto, ele veio até mim e depositou um lindo de um soco bem no meio da minha cara. 

Pra mim foi o fim do mundo. Meu ex-namorado tinha demonstrado ser um extremo violento e ainda por cima covarde. Depois disso, não me relacionei com mais ninguém. estudei muito, trabalhei muito e hoje estou aqui, trabalhando em uma das agências mais famosas em Nova York.

Voltei ao mundo real e apertei o botão do elevador, esperando para subir até o 17º andar, onde ficava a minha sala, o estúdio e mais salas de outros funcionários. Eu era a fotógrafa oficial da empresa, mas ainda assim tinham mais fotógrafos que trabalhavam com projetos menores.

Ao abrir o elevador, Julian e eu fomos até a minha sala. Até hoje eu não sei o que ele faz aqui, já que raramente está trabalhando. Quando abri a porta, a sensação que eu sentia ao ver que tinha conseguido tudo aquilo sozinha era muito boa.

Embora tudo me estressasse, eu amava a vida que estava levando!

Continua...

Hi, povinho! Estava me segurando para não postar pelo menos o primeiro capítulo antes de dezembro, mas não aguentei. me contem aqui o que acharam do primeiro capítulo e se estão ansiosos para ler os próximos!

Detalhe: Só pra avisar que eu não vou postar esses próximos capítulos tãooo cedo, até por que o foco ainda é o Hugo e a Nina. 

Sussurros de um Amor NatalinoOnde histórias criam vida. Descubra agora