A vila estava mergulhada no silêncio. Apenas o som do vento se infiltrava pelas frestas das janelas, carregando consigo o frescor da madrugada. Elisa, deitada em sua cama, encarava o teto do quarto. Suas pernas inquietas refletiam o turbilhão de emoções que tomara conta dela durante o dia. Conversar com Vick ajudara a acalmar seus pensamentos, mas ela foi com Sharon e sua comitiva de volta para sua vila. Aila adormecera há algum tempo, exausta pelas recentes descobertas sobre o passado de seu pai. Elas conversaram bastante, por maior que fossem suas suspeitas nunca imaginaram nada tão maléfico.Elisa, no entanto, permanecia acordada, lutando contra uma inquietação que parecia não ter fim.
Quando o silêncio finalmente reinou, ela se levantou devagar, cuidando para não acordar a jovem. Suas mãos hesitaram na maçaneta da porta antes de girá-la e sair do quarto. O corredor escuro parecia um túnel de incertezas, mas seus passos eram guiados por algo maior do que o medo: um profundo desejo de ver Ailan.
No quarto de Ailan, a penumbra era iluminada apenas pela luz da lua que atravessava as cortinas entreabertas. Ele estava deitado, respirando tranquilamente. Lágrimas de alívio desceram pelo rosto dela. Elisa se aproximou com cuidado, o coração acelerado .
- Obrigada, meu Deus - sussurrou, seus lábios tremendo com a emoção.
Sentou-se ao lado dele, os dedos hesitantes tocando a testa dele para sentir sua temperatura. O gesto, tão simples, logo se transformou em um carinho involuntário enquanto seus dedos deslizavam pelos cabelos de Ailan.
- Elisa... - A voz dele, fraca, mas clara, cortou o silêncio, fazendo-a sobressaltar. Seus olhos se encontraram, e Elisa sentiu o rosto arder.
- Graças a Deus você acordou! - disse rapidamente, tentando esconder sua timidez. - Você quer alguma coisa? Água? Está sentindo algo?
Ailan sorriu fracamente, a mão trêmula alcançando a dela. O toque singelo enviou uma onda de calor que se espalhou pelo corpo de Elisa, borboletas revoavam em sua barriga fazendo-a sorrir sem perceber.
- Linda... - sussurrou ele, e Elisa desviou o olhar, envergonhada.
Ela tentou disfarçar, mudando de assunto:
- Como você está, Ailan?Ele suspirou profundamente, o olhar perdido em algo que ela não podia ver.
- Nunca imaginei... Ou melhor, nunca suspeitei de nada. - Sua voz carregava uma vulnerabilidade que Elisa não esperava. - Serei um bom líder?
Ela percebeu o peso da culpa e da dúvida nas palavras dele. Apertou a mão de Ailan com firmeza, deixando claro que ele não estava sozinho.
- Você será um ótimo líder, Ailan. - Seus olhos brilharam com determinação. - O povo te ama. Você tem planos, sonhos. Deus está te guiando, então pare de pensar no que poderia ter feito e concentre-se no que ainda fará.
Ailan sorriu, um sorriso pequeno, mas sincero.
- Deus enviou você para mim, Elisa... Para abrir nossos olhos. Vivemos mentiras por tempo demais.
Elisa engoliu em seco, o coração acelerando. Ele falava do povo, ela sabia, mas não pôde evitar imaginar um significado mais pessoal naquelas palavras. Antes que pudesse reagir, Ailan adormeceu novamente, sua expressão finalmente relaxada.
Ao sair do quarto, Elisa quase tropeçou ao dar de cara com Jaynes. Ele a encarou com seriedade, mas havia algo diferente em seu olhar.
- Elisa, podemos conversar? - Sua voz era grave, mas não hostil.
Ela assentiu, embora a garganta estivesse seca. Jaynes a conduziu até o escritório, onde ele parecia buscar as palavras certas.
- Fui muito injusto com você... - começou, sentando-se pesadamente na cadeira. - Não só com você...
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ENCONTRADO PELO AM❤R
RomanceSinopse Uma vila isolada em meio a montanhas e lindas paisagens. Ailan faz parte da família que vem liderando a vila há gerações. Com caráter impecável, ele vive para sua vila e família, porém algo ainda faz falta em sua vida. Em meio a sup...