05. Prometo

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Passa um dia. Passam dois dias. Passam vários dias e a nossa amizade está cada vez melhor. A maior parte dos meus amigos diz que falta poucopara avançar para o próximo patamar, só falta um de nós dar o primeiro passo.

Não sei se quero ser eu a dá-lo. Não sei se quero que seja ele a dar.Não sei se quero. Não sei o futuro. Não quero sair do princípio,do nosso princípio. O princípio é sempre a melhor parte.

Dou por mim sentada com Nash na beira da estrada a falarmos por horas.Apesar de ser primavera está um frio de inverno. Pouca gente na rua,só nós.

-Toma.- disse Nash dando-me o seu casaco.

-Não é preciso, está frio veste-o. - respondi.

Ignorando-o que eu disse pousou o casaco sobre as minhas costas.

-Tenho que te perguntar porque é que nunca vais para casa depois das aulas,ficamos sempre aqui por horas. Tu evitas ir para casa, porquê? -Nash perguntou o que eu menos queria responder.

-Issoé a tua forma de dizeres que já estás farto de mim? - brinquei fugindo à pergunta.

-Não desvies o assunto. Explica-me por favor. -pediu carinhosamente.

-Sinto-me melhor aqui do em casa. Aqui o mundo parece vazio, em casa o mundo parece demasiado cheio. -respondi com frieza.

-O mundo parecer cheio é mau?

-Para ti pode não ser, para mim é. É como se mesmo estando em casa desejasse estar em casa porque a minha casa não é onde me sinto em casa.

-Onde te sentes em casa então? -questionou Nash

-Depende.Às vezes penso que o lugar onde me sinto em casa provavelmente nem existe, outras vezes depende com quem esteja. Existem pessoas que são como uma casa para mim, que me protegem de perigos e males.

-E agora?

-Agora o quê?

-Sentes-te em casa?

-Agora sim, contigo também.

E beija-me.

Beija-me de repente. De surpresa. Uma surpresa agradável.

-Desculpa,não devia ter feito isto. -desculpou-se levantando-se.

-Espera Nash. Não tens que pedir desculpa. - beijei-o eu desta vez.

Sorriu daquela forma que só ele sabe fazer.

Sentando-se outra vez perguntou como ia ser a partir de agora.

-Como vai ser o quê? -questionei-o

-Nós.Vai existir um "nós" ?

-Também gostava de saber por acaso.

-Tu tens medo.

-Ahh?Tenho medo de quê? - fiquei confusa

-Tens medo do fim.

Por vezes fico incrédula com o que diz mas desta vez tem razão. Eu tenho medo do fim.

-Eu tenho medo do fim é verdade. -concordei

-Às vezes não é no final feliz que tens que pensar, às vezes é na história e esta história eu não trocava por nada.

-Eu também não trocava.

-Então arrisca. Não foste tu que disseste o que é a vida sem riscos?

Esteve atento a todas as nossas conversas, lembra-se do que disse à um tempo atrás.

-Dá-me uma oportunidade por favor e eu mostro-te que há riscos que valem a pena. -pediu Nash segurando na minha mão.

Ele ainda não percebeu mas quando me agarra a mão a minha ansiedade atinge o seu máximo.

-Mostra que mereces a oportunidade. - respondi olhando-o nos olhos.

-A partir de amanhã muita coisa vai mudar, ouve bem o que te digo Ashley. - exclamou Nash enquanto se despedia de mim com um beijo na testa.

O que vai acontecer amanhã? Ele já me beijou hoje, não deve ser isso. O pedido de namoro já foi mais ou menos feito. Só há duas opções, ou surpreende ou desilude. Qual vais escolher Nash?

São onze horas da noite. O meu corpo estremece. Tenho a respiração ofegante. Grito por ajuda.

-Ashley,o que se passa? - perguntou a minha mãe histérica.

Não conseguia falar.

-É um ataque de ansiedade. -acalmou-a o meu pai.

Minutos depois, tudo volta ao normal.

Adormeço sem noção do que se passou.

-Bom dia. -acordou-me a minha mãe.

-Bom dia mãe. O que se passou? -perguntei um pouco tonta

-Tiveste um suposto ataque de ansiedade.

-Um suposto? Ataque de ansiedade? - sinto-me cada vez mais confusa.

-Pareceu-nos um ataque de ansiedade mas nós não sabemos o que se passou.Começaste a tremer e a gritar por ajuda. - explicou com voz de choro.

Como assim um ataque de ansiedade? Isto não pode estar acontecer.

-Não penses mais nisto, fica em casa hoje. Vou marcar-te uma consulta. -disse a minha mãe.

-Eu não me importo de ir para escola. Estou melhor lá.

-Tu é que sabes mas e se te acontecer o mesmo na escola?

-Não acontece, eu acalmo-me.

Será que se vai repetir? Não pode acontecer outra vez, não hoje. Hoje supostamente o Nash iria avançar. Supostamente hoje era o dia.

Quase todos me perguntam o que se passa.

Avistei o Nash mas não disse nada.

Disse ele.

-Ashley,disseram-me que não estás bem que se passa? - perguntou quando veio a correr até mim

-Tive um suposto ataque de ansiedade. Pensando bem é melhor afastar-me de ti um pouco, o que se passou foi grave e não quero que me vejas assim. Nunca. -disse-lhe com voz tremida

-Nunca digo-te eu. Nunca te vais afastar de mim só porque não me queres magoar de alguma forma. - respondeu Nash

-Nash...

-Nash nada, não te vou deixar e prova disso é o que vou fazer a seguir. -puxou-me pela cintura e beijou-me à frente de toda a gente. - Por favor, não desperdices esta ligação que existe desde o primeiro dia entre nós.

Todos se voltaram para nós.

-Eu não vou desperdiçar. Prometo. - disse-lhe beijando-o de seguida.

Flashlight || MAGCON || TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora