02. Insubstituível

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Só penso na mesma coisa. Nash. Não entendo porque nao sai da minha cabeça. Mesmo que tente não consigo de pensar naqueles olhos e naquele sorriso. A minha avó costumava dizer que os olhos revelam a alma da pessoa, se assim é cada vez mais o quero conhecer melhor. Perco-me no seu olhar como se estivesse no mar. Tudo calmo e bonito. O azul dos olhos dele realçam o seu sorriso que é igualmente lindo. Ilumina a escuridão que sinto na minha vida.

Neste momento sinto que estou perdida, que estou numa montanha russa que só desce. Uma descida íngreme.

Nunca fui o tipo de pessoa capaz de expressar o que se está a passar a outras pessoas. Quem me conhece sabe quando eu estou bem ou não, sabem que mesmo que eu não diga uma palavra sobre o assunto mal consigo continuar a fingir. Às vezes é melhor guardar para nós, nunca se sabe quem se importa mesmo ou só finge que se importa.

A pressão de ter que ser perfeita aos olhos da família. A pressão de ter que passar um bom exemplo para as minhas irmãs. A pressão de ter que estar sempre bem para sempre que os meus amigos precisarem eu puder ajudá-los. Tentar animar toda a gente mesmo quando eu é que precisava de ser animada. Custa estar sempre assim é verdade, mas penso que nunca irei conseguir mudar o rumo da maré. Mas aparte de todo o drama comigo e com a família tenho amigos com quem posso contar. Amigos que estiveram comigo durante a minha vida toda. Amigos que não troco por nada. Amigos que vou perder no fim deste ano.

Não lido bem com despedidas e principalmente despedir-me de pessoas que estou habituada a ver todos os dias. Vai ser difícil eu sei, mas recordar é viver e não me vou esquecer de todos os momentos que passei. Podia estar num dia super não mas mal chegasse perto deles conseguiam pôr-me um sorriso na cara e não há palavras suficientes para os agradecer por isso.

Às vezes penso como seria o mundo em redor sem mim. Será que iam sentir falta das coisas que só eu digo e faço? Das coisas parvas, engraçadas e sem nexo nenhum que digo? De todos os erros que dou a falar? Até porque eu sou inteligente mas a falar atrapalho-me demais e não me parece que encontrem mais alguém assim.

No fim de contas todos somos importantes nos nossos próprios mundos, somos insubstituíveis à nossa própria maneira e não há ninguém neste mundo melhor que nós a fazer as nossas coisas. Devemos pensar sempre assim por muito difícil que seja, e sei que é porque são raras as vezes que penso assim.

Chego à escola e vejo-o. Vejo o Nash. Agora tive mesmo a certeza de quanto os olhos dele brilham.

-E esse sorriso, Ashley? - perguntou-me Andrew. Andrew era tipo o Zac Efron da turma e da escola, todas as raparigas já tiveram ou têm uma paixoneta por ele. Até eu tive e é meu amigo aos anos. Alto, moreno e sabe falar com as raparigas como ninguém, sabe conquistá-las a todas menos admitir o quanto gosta da Lydia. Ela é apaixonada por ele e ele por ela mas são incapazes de admitir isso um ao outro e dar um passo em frente. Gostam um do outro, todos sabem menos eles. Ele parece idiota para as raparigas mas não é. Age como um idiota para as raparigas. Há uma diferença entre ser e agir.

-É o sorriso que faço sempre que te vejo, Andrew. - respondi tentando disfarçar

-Se fosse para mim os teus olhos não brilhavam dessa maneira. Pensas que não dá para perceber que já criaste uma simpatia por ele? - disse apontando para o Nash. Como assim dá para perceber? Eu não estou apaixonada por ele, ele é que apareceu na minha vida quando eu mais precisava de alguém novo que me prendesse a novos interesses.

-Nem comeces com essas coisas! Eu só o conheço à um dia, não estou apaixonada. -tentei parecer minimamente sincera - Olha vou ter com a Lydia, adeus !

-Podes fugir à conversa mas não me enganas Ashley! - ouvi-o gritar ao longe enquanto fugia para a beira da Lydia

Agora pensando nisto vejo que se calhar não sou tão discreta quanto pensava que era. Não, não posso ser assim. Não posso apaixonar-me por ele. Daqui a dois meses acabam as aulas e tudo vai mudar, nem sei para que escola ele vai. Talvez nunca mais nos falemos.

-Já estiveste com o teu amigo? -perguntou Lydia

-Se te referes ao Nash, não estive com ele e espero que a partir de agora as nossas conversas não se baseiem só nele. - respondi de cara séria para ela perceber que não quero nada com ele

-Ok, tu é que sabes. Desculpa lá se te ofendi, Ashley. -disse com ironia

-Não ofendeste. -comecei - Não estive com ele mas estive com o teu primeiro, único e insubstituível amor.

-Que bom para ti, Ashley. A sério. -respondeu mal disposta

-Estava só a brincar contigo também mas sabes que a minha opinião é avançares. -tentei aconselhá-la

-Quando avançares com o sorriso bonito eu avanço com aquele parvo. - disse com a maior cara de desprezo possível

-Tentas mas nem consegues disfarçar o sorriso sempre que o vês.

-Já chega, eu pato de falar do Nash, tu paras de falar do Andrew.

-Combinado Lydia, vamos para a aula. - puxei-a pelo braço para irmos.

Flashlight || MAGCON || TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora