07. Falta de amor

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Quem diria? No início pensava que tinha sido um momento sem exemplo e quetudo iria passar, tão enganada que estava. Apesar de todas asindicações da médica sinto-me tensa e incapaz de relaxar. Falta de ar! O meu coração a bater mais rápido que o normal! Isto da ansiedade não é para brincar.

Mais uma consulta com a médica e se entro com a cabeça cheia de problemas que me parecem incapazes de se resolver saio de lá de mente vazia. Nunca pensei que me fizesse tão bem desabafar com alguém fora do círculo a que estou habituada.

-Os ataques têm sido mais frequentes do que pensava que iriam ser e eu não os tenho conseguido controlar, doutora. - disse-lhe eu tentando explicar tudo o que se tem passado.

-Conta-me tudo o que se passou desde a última consulta. - pediu a médica.

Depois de lhe contar tudo senti uma leveza fora do normal, não que se tenham passado acontecimentos que me pusessem fora de mim mas fez-me bem contar como correu a semana porque senti que se preocupa comigo.Provavelmente é assim com todos os seus doentes, é mesmo assim o seu trabalho. Sendo dessa maneira para todos ou não mostra interesse por mim e pelo o que se passa comigo.

[...]

"Não lhe podes fazer isso agora sabendo tudo o que se está a passar com ela"

"Não posso fazer nada, não sou eu que decido"

"Vais estragar tudo que tens com ela e sei que o quão vai ser difícil para a Ashley aceitar isso"

Ashley? Sou eu. E conheço estas vozes. É o Nash e o Jack. Como assim o Nash vai estragar tudo?

-O que é que se passa aqui? Porquê que o Nash vai estragar tudo? -perguntei, dobrando a esquina que me separava deles.

-Não é nada comigo por isso vou embora. - disse Jack virando-nos as costas.

-Deixa-me explicar-te com calma, por favor Ashley. - começou por dizer Nash -Eu só quero que saibas que eu não posso mudar nada do que vai acontecer.

-Comcalma ou sem calma quero é que me expliques. - disse-lhe irritada e nervosa.

-Eu vou mudar de cidade. O meu pai vai trabalhar para fora e vai-nos levar a todos. A mim, à minha mãe e à minha irmã. Desculpa amor.- desculpou-se Nash tocando-me na cara.

-Isto quer dizer que vamos acabar, certo? - tirei-lhe a mão de perto de mim.

-Desculpa mas não acho que seja possível manter uma relação à distâ...

-Não concordo com isso - interrompi-o - com vontade tudo se consegue,tu é que nem sequer queres tentar. É isso que queres e eu vou aceitar a tua decisão agora não penses que te vou olhar da mesma maneira. Faz boa viagem e fica sabendo que nunca te vou deixar de amar, foste a minha única luz quando estava presa no escuro. -terminei a chorar e a tremer saindo dali.

Logo vi que estava tudo a correr demasiado bem. Falta sempre o quase. Elef oi tudo o que eu precisava quando quem tinha a obrigação de o ser não foi, e deu-me tudo o que necessitava sem esperar algo em troca a não ser o meu sorriso. Deixou que fosse eu a ditar o tempo de cada passo, esteve presente em todas as ocasiões em que o quis, e sem querer, amei amá-lo e quis estar com ele mais do que esperava. Foi um erro, mas foi o meu erro preferido.

"Não vou à aula" mandei mensagem à Lydia.

"Onde estás?" respondeu Lydia, não respondi claro.

5 minutos depois encontrou-me na casa de banho.

-Que estás aqui a fazer? - perguntei-lhe

-Dei-lhe um estalo só para que saibas. - respondeu Lydia sentando-se no chãocomigo.

-Ele vai-se embora Lydia! Eu sabia que não devia ter arriscado tanto.

-Nãote sintas assim Ash, o destino ditou isto.

-Mas é preciso que sejam os nossos pés a marcar o destino e eu meti ocoração pelo meio. - disse tremendo e com respiração ofegante.

"Ashley? Ashley, isto é um ataque de ansiedade?" ouço Lydia dizer como sede um eco se tratasse.

"Acalma-teAshley" penso para mim mesma "Pensa no que te faz feliz". Nãofunciona. O que costumava pensar era no Nash. E agora? Ele vive em cada canto da minha cabeça.

Lydiadeu-me um estalo. Não sei porquê mas resultou.

-Desculpa amorzinho, mas não sabia o que fazer mais. - disse Lydia abraçando-me com força.

-Nunca pensei dizer isto mas obrigado por me bateres.

-Estás de volta, obrigada destino. Vês como nem sempre são os nosso pés a marcar o destino? Desta vez foi a minha mão. - brincou Lydia.

Lydia e eu faltamos o dia todo às aulas. Nem uma ponta de arrependimento sobre isso, precisava de sair de perto dele.

-Ashley, precisamos de conversar. - ordenou a minha mãe, aposto que já sabe que faltei, parece que pela primeira vez a escola está a trabalhar rápido.

-Diz mãe. - respondi ao longe.

-Podes explicar porque faltaste às aulas? - perguntou chateada.

-Tive um novo ataque e não me sentia bem para ir enfiar-me numa sala cheia de pessoas. - omiti a verdade mas ela nunca soube do Nash por isso não há problema nenhum.

-E levaste a Lydia contigo? Isso é mesmo verdade? - perguntou parecendo preocupada.

-É mesmo verdade mãe. A Lydia ficou comigo por escolha própria porque não foi capaz de me deixar sozinha depois de me ter visto naquele estado.

Depressa a preocupação da minha mãe desapareceu tal como a compaixão dela para comigo desde à uns tempos atrás.

A falta de amor está a acabar com o mundo. Acabou com a minha mãe.Acabou comigo. Acabou contigo. Acabou com o que nós tínhamos.

Flashlight || MAGCON || TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora