22. Surpresas

83 6 3
                                    

2 semanas depois

De repente o Shawn parece ser adorado por todos outra vez. Parece que toda a gente se esqueceu do que ele fez. Eu não. Eu não me esqueci e não acho que o irei fazer tão cedo. Não me vou esquecer de quando o Nash foi para o hospital porque ele resolveu espancá-lo com a ajuda dps amiguinhos. Nem da vez em que a Lydia foi atropelada e pensei que nunca mais a fosse ver ou quando o Gilinsky estava cheio de problemas na escola por culpa dele.

Será egoísmo dizer que a culpa dos meus amigos terem sofrido é de outra pessoa quando fui que os pus em toda esta situação? Todos me dizem que não tenho culpa nenhuma mas não é assim que me sinto. Muito pelo contrário, eu sinto que é tudo culpa minha. Se ou ao menos não me tivesse aproximado demasiado dele, se ao menos tivesse conseguido superar o Shawn sem necessitar de outro alguém. Não vale a pena dizerem-me o contrário, eu sinto-me culpada.

Aí vem ele, cheio de arrogância e manias de famoso.

Sorri para mim como se pensasse que gosto daquele sorriso. Gostava muito mais se estivesse sem dentes, era sinal que alguém lhe tinha posto a mão no pêlo.

-Ashley! Preciso de falar contigo. - disse Shawn.

-Comigo? Espera sentado. 200 metros lembraste? Tenho que me afastar. - respondi afastando-me. Tantos dias para o Gilinsky e a Lydia chegarem atrasados às aulas e tinha que ser mesmo hoje que este gajo quer falar comigo.

-Não te preocupes com os 200 metros. - disse Shawn agarrando-me no braço violentamente.

-Larga-me Shawn! Estás a magoar-me ! - queixei-me um pouco mais alto.

-Quem decide sou eu. Quiseste brincar este tempo todo agora é a minha vez. - insistiu Shawn continuando a magoar-me, agora os dois braços, cada vez mais aproximando-se dos meus lábios, acho que me quer beijar.

-Shawn!?! - gritou a nossa professora de história.

Salva por uma das pessoas mais terríveis que conheço nesta escola. Obrigada por uma vez na vida.

Shawn saiu a correr.

-Menina Ashley, está bem? - perguntou a professora.

-Estou stora, acho que sim. - disse ofegante.

-É um ataque de ansiedade ou de pânico ou qualquer coisa do género? - perguntou a professora atrapalhada e nervosa.

Acenei com a cabeça que sim. Já me consigo controlar. Estou a ficar bem.

-Já estou bem stora. Obrigada. - tranquilizei-a muito mais calma.

-Vou ter que contar à policia sobre isto. É só mais um ponto a favor para o seu lado e para os seus amigos. - afirmou ela.

Uma parte de mim queria dizer que não mas a parte de mim mais racional concordou com todas as letras. Como ela diz é só mais um ponto a favor para nós. Também sei que ela tem influência no pai do Shawn. À uns tempos atrás, falava-se que eles estavam a ter algum tipo de relacionamento e diz-se que ainda têm ocasionalmente. Obrigada vizinhas por estas novidades.

-Obrigada pela ajuda stora. Nem imagina a influência que vai ter no nosso caso. - agradeci sorrindo-lhe como nunca lhe sorri antes, nem mesmo quando ela me elogia nas aulas, o que é raro também.

-Não tem que agradecer menina, vou fazer de tudo para ajudá-la a si e aos seus amigos. - respondeu com um sorriso de volta.

Sempre odiei que ela tratasse os alunos por você mas não quero chateá-la com isso. Não depois do que ela fez.

-Ashley? Stora? Que se passa? - perguntou Lydia quando chegou com Gilinsky.

-O que se passa é que os meninos chegaram atrasados. Já para dentro! Os três. - respondeu voltando ao modo rigido de professora que já estamos habituados.

[...]

Depois de lhes contar o que se passou houve reacções diferentes da parte de Nash, Gilinsky e Lydia.

Nash pareceu revoltado pelo que Shawn me fez.

-A sorte dele é que não quero deitar nada a perder porque senão ele já estava desfeito por te ter magoado. - disse Nash revoltado e indignado.

Gilinsky e Lydia estavam incrivelmente surpreendidos pela positiva com a professora Eva.

-Nunca pensei na faceta humana dela. - afirmou Gilinsky surpreendido.

-Nunca ninguém pensou, mas ainda bem que ela nos vai ajudar. Espero que se resolva tudo agora.

-Vai tudo se resolver. Vamos ter calma e esperar apenas. - respondi tranquila confiando nas pessoas que nos querem ajudar.

[...]

-Não era preciso teres-me trazido a casa. - disse para Nash quando chegamos a minha casa.

-Era sim, o Shawn ainda anda por aí e aquele maluco é capaz de fazer qualquer coisa. - respondeu Nash fazendo-me lembrar o estilo protector do meu pai.

-Podia fazer. Era da maneira que se queimava mais depressa. - respondi atirando-me para a cama.

-Tu não deves estar a funcionar com o cérebro todo. Não interessa se demora muito tempo ou pouco, ele vai se queimar por tudo o que nos fez. E claro que não vou deixar que ele te faça mais alguma coisa. Se te acontecesse mais qualquer coisa, não importa o quão pequena for, eu vou-me passar completamente. Por isso, pensa com a cabeça e protege-te. - discursou de forma politica Nash. Teve piada até, mas não me ri porque no fundo sei que tem razão.

-Tens razão. Só quero que volte tudo ao normal. - disse dando-lhe um abraço.

-E vai voltar. Eventualmente. E se não voltar vamos fazer com que esta anormalidade seja a nossa normalidade. Por muito difícil que seja. - respondeu Nash.

-Não importa se for difícil ou fácil. Nós os quatro, eu, tu, Gilinsky e Lydia, chegamos até aqui porque nunca nos deixamos de apoiar, nada vai mudar isso agora.

-Agora já és a Ashley que eu conheço a falar. - disse Nash com um sorriso de orgulho, penso eu.

Ainda penso que a culpa é minha mas por muito que os meus pensamentos atrapalhem não posso deixar de viver a minha vida. Tudo tem pernas para andar a nosso favor, não precisamos de correrias.

Eu e o Nash fomos uma surpresa. A Lydia e o Gilinsky também o foram. A stora de história foi uma das muitas surpresas. O Shawn também vai ter a surpresa dele, seja ela boa ou má. Surpresas são isso mesmo, surpresas.

Flashlight || MAGCON || TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora