12. Beijos, lábios, beijos...

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[...]

NASH

-Já o avisei para não lhe fazer nada e disse-lhe a ela para ter cuidado mas não me parece que irá mudar alguma coisa. - contei a Lydia e Gilinsky.

-Desculpa, eu tentei evitar ter que dizer isto mas a culpa disto tudo também é tua Nash. Se não a tivesses deixado completamente sozinha a sentir-se mal com tudo o que se estava a passar em volta dela talvez ela não estivesse tão enterrada como está agora. - desabou Lydia para cima de mim.

-Agora não adianta culpar ninguém, ela não estava completamente sozinha, tinha o nosso apoio em tudo. Ela está assim por vontade própria. - acalmou Gilinsky os ânimos com uma maturidade nunca antes vista.

-E agora o que vamos fazer para tirá-lo da vida dela? - questionou Lydia.

-Vamos desmascará-lo e eu vou consertar o que estraguei. - disse-lhes pedindo ajuda para tal.

Talvez a Lydia tenha razão. Talvez seja mesmo eu o culpado por esta situação. Se eu não tivesse deixado um vazio tão grande na Ashley talvez não tivesse que procurar apoio na primeira pessoa que mostrasse ou fingisse preocupação. Estraguei tudo uma vez, e agora é incerto se posso consertar.

-Ela já não quer saber de mim. - desabafei

-Quando uma rapariga finge que já não se importa contigo é quando mais precisa de ti. - confessou o segredo Lydia.

É tão difícil não falar com ela. Nós estávamos destinados, supostamente destinados, mas perdemos tudo.

[...]

ASHLEY

-Tu sentes falta dele. - disse Shawn.

-Talvez. - confessei com frieza.

-Não é talvez, sentes mesmo. Se não tivesses certezas perguntavas sobre quem estava a falar, mas não o fizeste porque o Nash é a pessoa que mais dentes falta. - respondeu Shawn.

-Pois, tu entendes és o observador.

-Mas só porque sentes falta de alguém não quer dizer que tenham que pertencer à tua vida. Estás melhor sem ele, Ashley.

-Eu é que sei da minha vida. Até amanhã. - despedi-me dele sem qualquer sentimento.

É verdade sim, eu sinto falta do Nash todos os dias. Preciso de falar com ele. Não que queira voltar a namorar com ele mas preciso de lhe dizer o que sinto. Preciso de 20 segundos de coragem insana. Vou a casa dele, ele vai ter que me ouvir.

Ainda não chegou a casa mas a mãe dele deixou-me entrar no quarto dele. A mãe dele é super simpática e carinhosa, o Nash também é assim.

Tem uma fotografia nossa à beira da cama. Lembro-me de quando a tiramos, foi antes de nos beijarmos pela primeira vez. Saudades. Ele guardou-a com carinho, eu dou importância a estas coisas.

-Então tu é que és a minha visita surpresa de que a minha mãe falou? - perguntou entre risos fazendo-me deixar cair a fotografia.

-Assustaste-me, desculpa. - disse enquanto apanhei a fotografia - Precisava de falar contigo, decidi passar por cá.

-Fizeste bem. Mas o que me queres dizer? - perguntou com aquele sorriso que só ele sabe fazer.

-Foi muito difícil para mim ficar tanto tempo sem falar contigo. Penso em ti tão frequentemente que nem tens ideia. Talvez seja estúpido mas eu não nos quero esquecer. - confessei o que sentia.

-Ashley... - começou Nash - Eu sinto exatamente o mesmo quanto a ti. Tentaremos não nos esquecer. Nem desistir.

-Não se desiste de coisas que amamos. - disse-lhe sorrindo.

E de repente beijou-me. Beijou-me como se os meus lábios fossem ar e ele não conseguia respirar. Foi como se fosse o nosso primeiro beijo. O dia daquela fotografia. Não é isto que quero.

-Desculpa, - afastei-o - não ia ser bom voltarmos a namorar, sabes que não ia resultar. Quero ser tua amiga, apenas e só.

Os seus olhos azuis depressa se encheram de lágrimas. Magoei-o. Não queria, mas tive que cortar o mal pela raiz.

[...]

NASH

Pensava que iríamos resolver o passado, voltar atrás. Não a posso julgar, eu magoei-a muito.

Há sentimentos que nunca serão palavras, o meu sentimento por ela é um deles. Inexplicável.

A Ashley é como a lua, parte dela está sempre escondida mas quando mostra essa parte torna-se o centro de toda a atenção. Transformando as pessoas. A lua, segundo a mitologia, transforma os lobisomens, a Ashley, segundo o que eu sinto, tranforma-me a mim. Ela mostrou essa parte ao vir aqui admitir o que sinte, mas depressa a escondeu quando foi embora. Eu não vou desistir, não se desiste de coisas que amamos.

[...]

ASHLEY

Fugir não foi a melhor opção mas foi a mais lógica no momento. Custou ir até lá e admitir o que sinto mas deitei tudo a perder quando fugi dele. Fugi dele e consequentemente do beijo. Como encará-lo amanhã?

[...]

-Olá Ashley, precisava mesmo de falar contigo. Podemos ir até lá fora um bocado? - perguntou Lola.

Lola é como uma irmã para Shawn, ela sabe tudo sobre ele e provavelmente é sobre ele que quer falar.

-Fala que está quase a tocar para irmos para as aulas. - disse quando chegamos cá fora.

-Eu imagino que deva ser complicado teres um ex-namorado obsessivo e uns amigos que adoram difamar os outros mas o Shawn não é má pessoa de todo, dá-lhe uma oportunidade. - disse Lola confirmando as minhas suspeitas que a conversa era sobre o Shawn.

-Lola, meu anjo, eu não posso fingir sentimentos. Eu não gosto do Shawn da mesma maneira que ele parece gostar de mim. Para mim ele é como um melhor amigo, nunca me falhou em nada e sei que posso contar ele para tudo. - expliquei-lhe

-Beija-o e vês que o sentimento muda automaticamente. Chega de partilharem sorrisos que são beijos à distância, avança. Ou preferes que seja ele a fazê-lo? - perguntou matreira.

Não respondi porque apareceu Shawn. Acho que ouviu a nossa conversa.

-Como estão as minhas duas raparigas preferidas? - perguntou com ânimo.

-Eu estou bem e a Ashley está ainda melhor agora. Vou deixar-vos. - disse Lola indo embora.

Não estou nada melhor agora, aliás estou pior.

-Estás tudo bem Ashley? - perguntou Shawn.

-Sim, claro. Porque perguntas? - respondi.

-Porque me importo contigo mais do que já me importei com alguém.

-Obrigada. - agradeci envergonhada.

-E quero muito fazer isto à muito tempo. - disse Shawn beijando-me logo de seguida.

-Não Shawn, não vai dar. - disse afastando-o com dificuldade.

Beijos, lábios, beijos...

Nunca vos odiei tanto como neste momento.


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