Longos anos se passaram e o filho de Jyu cresceu forte e saudável. Trabalhava com tapeçarias junto de sua mãe, porém ao completar dezoito anos, ladrões saquearam sua vila, matando a todos que ali habitavam, incluindo sua mãe, a qual foi cruelmente violentada e estuprada antes de morrer. Desse modo, Jinkaku, cego pela ira, assumiu o sangue guerreiro que corria em suas veias e lutou ao lado dos soldados do recém-coroado Imperador Hamamoru - O fiel. Imediatamente, Jinkaku foi integrado à missão de capturar os ladrões junto ao exército do imperador. Ao final da missão, o filho de Jyu, devido a um desabamento nas montanhas Hikawa, é lançado montanha a baixo junto com um terço dos homens de Hamamoru e por fim julgado como morto. Após meses, o imperador recebe a ilustre visita de Jinkaku ao lado do exército caído do imperador no palácio real, concedendo-lhe o título de comandante das tropas. O filho de Jyu no campo de batalha era uma besta, imparável, incansável, mas em seu caráter somente havia bondade, lealdade e senso de justiça. Jinkaku sobrevivera, porém ostentava um corte que cobria todo seu rosto longitudinalmente. Os feitos de Jinkaku se espalharam por todos os reinos.
A profecia havia sido cumprida. A linhagem de Jyu havia sido fundada.
Ao decorrer das décadas, vários outros nasceram dentro da linhagem de Jyu. Homens e Mulheres tão poderosos quanto seus pais. Grandes figuras históricas portadoras do sangue guerreiro do deus se destacaram por seus feitos e habilidades no campo de batalha. Após alguns milênios, uma grande guerra civil acontece, dividindo as terras que compunham o antigo reinado de Hamamoru em duas partes: A região do arquipélago de Shokusai comandada por Matsudara - O cético; a região continental de Hiamoi, esta comandada por um descendente da linhagem divina, Myasaki - O piedoso.
Trinta anos de reinado se passam e um novo problema surge nas terras do rei bondoso. Após algumas revoltas regadas por sangue na região do arquipélago à sudeste do continente, um novo rei surge sedento por poder. Kisame - O tirano, coordenou suas tropas por todas as ilhas de Shokusai. Saindo com sucesso dos domínios de Shokusai, o rei bastardo rumava em direção às terras continentais, as terras de Myasaki.
***
O clima na sala de guerra de Myasaki é pesado. Após receber a notícia de que suas tropas foram abatidas pelo exército de Kisame na região das dunas ao extremo sudeste da cidade central, o rei bondoso pensava em uma maneira de derrotar o astuto inimigo, o qual avançava rapidamente o território continental.
- Hoje estamos sem um quinto de nosso território graças a irresponsabilidade de nossas tropas! Nossos guerreiros estão se tornando obsoletos perante a grandiosidade de Kisame! - Comenta Garin, o conselheiro real.
- Ora, cale-se Garin! Quanta estupidez! Nossos soldados são severamente treinados para combater o mais temível dos inimigos. Tenho certeza de que Kisame está utilizando alguma magia para dar sequência a esses ataques. De fato estamos em uma situação nada favorável, mas agora o que temos a fazer é ganhar tempo. - Fala Myasaki esmurrando os mapas sobre a grande mesa de guerra.
- O que vossa majestade quer dizer com tal afirmação?
- Vamos montar uma grande emboscada com nossos melhores guerreiros e arqueiros. Para que isso aconteça, devemos ganhar tempo. Dê a ordem para Nonoro. Envie Borundyr! - A voz de Myasaki reverbera as paredes altas que compunham a sala de guerra.
- Meu senhor, você tem certeza disso? É nossa mais poderosa besta. - Argumenta Garin em um tom preocupado.
- Somente faça o que eu digo Garin, você ainda é meu conselheiro e deve me obedecer. - Fala Myasaki lançando um olhar furioso para seu conselheiro.
Borundÿr, um ser advindo da região norte do globo. Era uma fera gigante e coberta por pelos de uma espessura inigualável, os quais criavam uma espécie de armadura natural na criatura. Possuía oito grandes patas semelhantes às dos cavalos reais, porém suas dimensões eram absurdamente exageradas. Na cabeça da besta, sete chifres imensos de puro marfim, os quais escondiam sua boca rasgada e cheia de presas afiadas. Os olhos eram vendados por escudos metálicos, sendo estes amarrados por grandes correntes que controlavam a visibilidade do animal. A insígnia do reino de Khan Dÿr se fazia presente nas superfícies circulares que compunham cada um dos escudos. Nas costas do monstro gigante havia uma construção onde se posicionavam arqueiros e canhões. Borundÿr fora um presente do reino do norte à Myasaki logo após um acordo econômico que salvou o povo do norte da extinção.
A fera foi mandada em poucas horas para a localização do rei tirano. O rei bondoso se dirigia para sua sala.
Mais três dias se passam e o número de mortos nos conflitos e invasões só aumenta. Myasaki e Garin, seu conselheiro, estão conversando na sacada do palácio, quando uma figura pequena e frágil adentra o ambiente. Era o filho de Giammato e Tanya, ambos da lendária ordem do trovão. Esses dois eram muito próximos do rei.
Ao entrar na sacada o garoto loiro e de olhos azuis chega aos pés de Myasaki e balbucia uma fala, que acaba por não sair de sua boca.
- O que faz aqui garoto? – pergunta Myasaki. – Sabe que aqui não é lugar para crianças como você!
O garoto, sorridente, respira fundo e pergunta:
- Quando serei forte como você Senhor Myasaki?
- Ora menino, isto tomará um grande tempo de sua existência. Mas para ficar mais forte é preciso treino.
- Tenho treinado muito Senhor Myasaki! Já olhou minha pontuação na sala de treinamentos?
A figura alta e de olhos vermelho-roxeados possuía uma grande cicatriz em sua testa, cabelos longos e negros como a escuridão, e passava a mão sobre o cabelo do menino.
- É preciso muito mais do que só boas notas em seu treinamento para ser forte garoto.
- Ah! O senhor está falando de comida senhor Myasaki? Porque eu já como bastante! Mamãe fala até pra eu parar um pouco senão ficaria igual ao mestre Garin!
Garin era pequeno e atlético, porém por causa de sua idade avançada, ganhara um volume significativo em seu abdômen.
- Ah garoto! Como ousa?! – diz Garin preparando um grande tapa com sua mão.
- Não bata nele Garin. Ele pode ser desbocado algumas vezes, mas ainda vejo muito potencial nesse garoto. Um dia ele será tão forte quanto nós, e quando esse dia chegar ele lembrará de quem os ensinou a ser assim. Não é garoto?
- Claro que sim! Lembrarei com certeza de Mishi e Kora! Devo todo o meu conhecimento às duas!
- E quem são essas ?! – perguntam os dois indignados com a resposta do pequeno garoto.
- São minhas Espadas! Além da mamãe e do papai que me ensinaram a fazer isso, olha só!
O garoto posiciona o braço em direção às árvores. Os dois adultos riem diante a ingenuidade da criança. Uma aura branca e raios saem de dentro do braço do garoto e se concentram em sua mão.
Um enorme feixe de raios sai da mão do garoto.
Um grande estrondo se faz por todo o local.
Um imenso buraco se formara no meio das árvores de uma floresta próxima à eles.
Myasaki e Garin, imóveis e atônitos com o que acabaram de ver, permanecem olhando o garoto, que ri de tudo sem parar. Após o que acontecera, o garoto foi levado junto aos seus pais.
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The Skar
FantasíaUma linhagem de guerreiros descendentes de um deus pode vir a dar cabo da humanidade completamente. Um deus, um humano, um demônio. Até quando a humanidade poderá viver sob o Sol que ilumina Tsun Dji, o planeta Terra? O governo de um rei tirano de...