Capítulo 4 - Assuntos Pendentes

33 3 0
                                    

Uma manhã fria e nublada dava o primeiro sinal de que o inverno chegara. As árvores, sem folhas e disformes, compunham a paisagem campestre da clareira. Jozah cortava lenha em um toco apodrecido há alguns metros da pequena cabana enquanto Mika fazia o almoço. O prato de hoje era coelho com cogumelos.

- Mao! Venha cá filho! Quero que veja uma coisa! – diz Jozah com uma voz imponente.

O menino de onze anos corria até o pai com um sorriso estampado em sua face pequena e ingênua.

- Veja isto filho! Essa lenha toda é responsável por todos nós ainda estarmos aqui. Quando o inverno chega temos que cortar bastante dessa madeira pra nos manter aquecidos! Um dia você será responsável por você mesmo, portanto quero que aprenda a se virar já desde muito novo.

Jozah, sorridente, entrega o machado simples na mão do garoto. Para a surpresa do caçador, o menino levanta o machado sem dificuldade nenhuma com uma das mãos e com a outra, posiciona a madeira encima do toco apodrecido, preparando um golpe com o machado, que acerta em cheio o meio do pedaço de madeira. Assustado, Jozah deixa o garoto terminar com o resto da lenha e vai falar com Mika.

- Esse menino as vezes me assusta sabia? Veja só como ele é forte! Nunca deixei que segurasse nenhum tipo de arma mais pesada do que um graveto e olhe só! Corta a lenha como se soubesse fazê-lo antes mesmo de seu nascimento!

- Ele é forte mesmo... Mas o que faremos daqui para frente Jozah? Sabe muito bem que ainda existem equipes de busca para me encontrar no meio da mata! Mais de onze anos se passaram desde que vim parar aqui. Agora que já exploraram quase toda a floresta não demorarão para chegar até esta clareira. – diz Mika ao temperar o coelho com as ervas que cultivara ao lado da cabana.

- Não se preocupe tanto Mika, preparei diversas armadilhas nos arredores dessa clareira. Se tentarem chegar muito perto, se darão muito mal. – fala Jozah, que envolvia Mika com seus braços. Ambos sorriam delicadamente na pequena cozinha improvisada.

O som de uma corneta assombra os pássaros da floresta, que voam sem rumo para todas as direções.

O menino havia acabado de cortar o último pedaço de madeira quando ouve-se um estrondo em meio as grandes árvores. A curiosidade do menino fez com que ele caminhasse floresta adentro.

- Mao Lee! Volte para cá agora! – grita Jozah quase o perdendo de vista em meio aos galhos retorcidos da floresta.

- Mas pai, você ouviu aquele barulho? Pode ser mais uma presa que caíra em suas armadilhas!

- Não interessa o que seja! Quantas vezes já falei para você não se afastar da clareira?

- Como você quer que eu aprenda a me virar sozinho se você não deixa eu fazer nada?

A feição de Josah muda e agora em sua face encontra-se um semblante emburrado e zangado com a petulância do jovem garoto.

- Volte já para cá. Isto é uma ordem! – grita Jozah ao menino.

À passos pesados e barulhentos, o menino se dirige à Jozah. Em seguida leva um grande tapa em sua face vindo de Jozah.

- Não se atreva a alterar a voz comigo de novo garoto! Eu sou seu pai! Por isso me deve respeito!

O jovem agora estava no chão. Uma de suas mãos estava sobre sua face enquanto a outra o apoiava no chão.

- Agora vá para dentro e não se atreva a me desobedecer novamente!

O menino se levanta com seus olhos úmidos e se dirige para dentro da cabana enquanto Jozah se dirigia para a floresta com seu machado empunhado em mãos. A cada passo dado, uma descarga nervosa corria por todo o corpo de Jozah. Após andar mais alguns metros florestas adentro, mais um barulho se estende por todo o lugar. Logo após ouvir o barulho, o caçador teima em caminhar para o coração da floresta. Ao dar mais alguns passos, ele se depara com a seguinte cena:

The SkarWhere stories live. Discover now