The Skar

Capítulo 8 - Trabalho em Equipe

Os dias se passavam cada vez mais rápidos devido a rotina intensa de treinos no grande pátio. O clima de tensão aumentava cada vez mais. Mais soldados eram enviados para rondar os arredores da vila isolada. 

- Eles estão chegando. Em questão de meses o demônio estará batendo à nossa porta... - fala Hatsui à Kadin, ambos os mestres de guerra estavam estáticos em meio as árvores da floresta atrás do pátio observando o horizonte.

- Estamos longe de compor uma resistência forte o suficiente para lidar com tanto poder. - interfere kadin com sua feição preocupada. - sua insistência naquele garoto te cegou. É melhor todo esse circo valer a pena.

- Vai valer, uma hora ele vai aprender Kadin. É preciso ter fé.

- Fé aqui é um luxo que não somos permitidos compartilhar, se depender da confiança nesse garoto, já comece a se despedir da sua vida - Kadin pisa em um inseto no chão.

- Só não deixe sua fúria consumir seus pensamentos. A propósito, tenho algo em mente...

Os homens trajados com seus trajes de batalha sorriem entre si e descem a trilha até o pátio de treinamento.

Lee lutava contra um dos garotos. O oponente de Mao era alto e magro, os músculos bem definidos do garoto alto se mexiam num ritmo frequente e ágil. Suor escorria pelos poros que compunham o couro cabeludo, este reluzindo mediante a luz alta do Sol.  Um golpe rápido direcionado à costela  direita do lutador desprovido de cabelo dispara do braço direito de Lee. O vácuo deixado pelo movimento rápido de desvio deixado pelo lutador desprovido de cabelo envolve o braço em movimento do jovem orgulhoso. A cotovelada chega como uma rocha, o oponente e impacta diretamente contra o braço esquerdo de Lee. O jovem corpulento trava a mão do garoto careca em meio a sua queda e com um solavanco, derruba o oponente. Os dois se soltam e voltam a sua posição de luta inicial. Em silêncio os dois jovens continuaram a luta, somente o som dos pés descalços arrastando no chão poeirento podia ser ouvido pelos dois lutadores. Era como se estivessem em outro plano, suas mentes concentradas proporcionavam o impulso necessário para os golpes que executavam. Várias previsões de ataques e estratégias se formavam na mente rígida dos jovens soldados. 

Sangue escorre no canto da boca de Lee.

A harmonia se desfaz em meio a ira do garoto, seus punhos tornam a se contrair e em seus olhos, turvos pela areia vermelha que compunha o chão onde pisavam, somente se via aquela sede por sangue, conhecida já de outros embates. Correndo contra o lutador calvo, Lee se lança e uma investida com suas duas pernas. O movimento não foi rápido, mas carregado de fúria. O lutador magro desvia do chute e em seguida entrelaça seu braço com as pernas do garoto, lançando-o contra o chão mais uma vez.

- Não consegue lutar sem perder a cabeça não é novato? Vai ter que ser melhor do que isso para lutar conosco na resistência! - fala o jovem alto em um tom sarcástico.

Lee sorri.

- Acha que alguns tombos irão me fazer desistir por completo? Não possui um terço da minha força, graveto. Mal conseguirá ficar em pé no campo de batalha - fala o garoto se levantando do chão.

- Suas palavras são como folhas ao vento para mim, isso só mostra o quão seco e disforme é por dentro.

- Poupe seu discurso - ao final da frase, Lee dispara em direção do garoto. Um sentimento obscuro tomava conta da mente perturbada de Mao. Algo que já havia acontecido antes, mas ao mesmo tempo algo novo. Era como se ele sentisse cada um de seus músculos, um a um respondendo precisamente a tudo que ele pensasse, como se uma energia inexplicável surgisse do fundo de sua alma e se manifestasse por todo o seu corpo.

O garoto alto não teve tempo de pensar em se defender quando Lee o atacou. Um rastro do que parecia ser uma energia negra foi deixado pelo garoto enquanto se movimentava de encontro com seu oponente. Um som abafado se faz alto em meio aos soldados em treinamento. Logo em seguida, somente o vulto do corpanzil esguio do garoto calvo se move livremente pelo ar como uma bala de canhão, até atingir a parede junto com outros três garotos em um só estrondo.

Mao, tomado pelo sangue quente pulsante em suas veias, ruma em direção do garoto inconsciente. Exatamente no momento em que se faria o impacto do próximo soco de Lee na face desacordada do jovem recostado no muro do pátio, Hatsui impede o agressor com um soco flamejante contra a mão contraída do Mao, gerando uma explosão de energia momentânea no local, com o raio um pouco maior do que um braço. Uma onda de impacto empurra todos na direção oposta do ocorrido. 

Silêncio.

A visão dos dois guerreiros chocando os punhos era pintada em meio à olhares desconfiados e muita apreensão, os musculos de Lee, ainda tensos, não pensaram duas vezes em tentar contra-atacar com outro golpe em direção à Hatsui.