CAPÍTULO VII

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9. A viagem

Os dias foram passando e Guilherme mantinha aquela rotina, sempre pensando em seus pais. Ele sempre tinha muito apego pelos pais, depois que se formou, pensou em se mudar para a cidade grande e fazer sua faculdade de agronomia a qual sempre sonhou, mas, algo o ainda mantinha ali naquele lugar. Ser filho único o tornava responsável por quem tanto o ajudou.

Foi naquela tarde que Guilherme resolveu ir à cidade apenas passear e quem sabe ver aquela a quem tanto admirava. Ele tinha uma moto a qual tinha comprado a pouco tempo com as boas vendas que obteve naquele ano, subiu em sua moto e saiu rumo à cidade.

Já era seis horas da tarde e com o horário de verão, o sol ainda raiava, foi quando passou em frente à mercearia do Sr. Francisco e percebeu que Manuella não se encontrava ali. Então resolveu ir até a praça onde seus amigos sempre ficavam conversando e vendo o movimento das pessoas que por ali circulavam.

Daí surgiu um comentário que logo deixou Guilherme intrigado quando soube que havia alguns homens que estavam roubando a região. O comentário veio de um de seus colegas que era filho de um dos policiais da cidade. Mesmo apreensivo Guilherme resolveu permanecer com os amigos ali mas não voltaria tarde pois ficara com medo de que algo pudesse acontecer com os seus pais.

Ficaram até lá pelas nove horas da noite quando uma viatura da polícia passou disparada em direção à mercearia. Guilherme logo pegou sua moto e partiu na mesma direção, logo veio à mente a imagem de seus pais e o perigo que rondava a região. Quando já estava passando em frente à mercearia percebeu que Sr. Francisco e Manuella estavam desesperados, mas não com eles, e sim com o movimento. Foi seguindo as viaturas que permaneciam em ir na direção do sítio e a cada curva ele se desesperava mais. Quando percebeu que era realmente no sítio caiu em prantos e chorou. Correu em direção à casa, que estava em chamas. Sua agonia era tão grande que chegou antes que os policiais o pudesse conter. Procurou seus pais ao redor da casa e quando olhou pela janela do quarto percebeu que algo se mexia e sem pensar, deu um pulo agarrando sua mãe que ainda estava viva. Com sua mãe nos braços foi saindo entre as chamas, suas lágrimas evaporavam mesmo antes de atingir o chão pelo calor do fogo que só aumentava. A ambulância já havia chegado e ele deixou sua mãe aos cuidados dos enfermeiros e logo foi procurar seu pai. A casa já estava envolvida pelas chamas, mas a esperança de ver seu pai ainda era grande. Olhou em todos os lugares que ele poderia estar mas não o encontrou, menos no interior da casa, já que as chamas se alastrava pelos cômodos. Guilherme se encontrava ali desesperado, com uma agonia que doía em seu peito, e com o que ainda restava de força foi até o policial que permanecia checando ao redor da casa em busca de seu pai. Chegou até ele e com lágrimas disse:

_Senhor, por favor, achou meu pai¿

_Me perdoe meu jovem, mas ainda não o encontrei._ Respondeu o policial.

Guilherme correu em direção onde estava a ambulância, mas já haviam partido para o hospital, pegou a sua moto e foi ás pressas para lá. Chegando ao local, foi logo até a recepção e foi perguntando de sua mãe. A recepcionista o informou que era para esperar alguns minutos que o médico viria conversar com ele. Foram os momentos mais longos da sua vida esperar aqueles minutinhos, que a cada segundo era uma pontada de aflição em seu peito. Quando o médico se aproximou ele já partiu ao encontro e foi logo perguntando:

_Doutor, por favor, como está a minha mãe¿

_Calma! Ela precisa de repouso. O estado de saúde dela é delicado já que se trata de queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau. Ela está no CTI aos cuidados médicos. Por enquanto é isso senhor, com licença.

Guilherme caiu aos prantos. Onde estava seu pai e o que faria se perdesse sua mãe ou seu pai¿! Pegou sua moto e partiu em direção ao sítio determinado achar seu pai.

Quando chegou ao local, foi até o policial e perguntou com esperança de que receberia uma boa notícia:

_Por favor, senhor, achou meu pai¿!

_ Sim, achamos. Ele estava em cima do fogão quando as chamas o atingiu. Filho,ele não sobreviveu ao incêndio. Você teve muita sorte de salvar sua mãe que, pelo que vimos estava na sala. Mas a perícia vai apurar o caso pra termos uma certeza da situação.

Guilherme caiu aos prantos, inconformado com tudo o que havia acontecendo. Por que naquela manhã estava tudo bem e de uma hora para a outra perde tudo! E o pior, é que se culpava o tempo todo dizendo que se não tivesse saído seus pais estariam bem naquele momento.

Ficou ali por um tempo pensando no que fazer em meio às cinzas e resolveu ir até o hospital ver como sua mãe estava. Chegou até o hospital e por ali passou a noite.

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