Sete

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[Nome] observou Brahms em pé na banheira, a água escorrendo pelo corpo agora visivelmente mais limpo, embora ainda marcado por falhas onde a sujeira foi arrancada com dificuldade. O cabelo molhado caía pesado sobre os ombros, pingando no chão do banheiro, e a máscara de porcelana continuava firme no rosto, escondendo qualquer expressão que pudesse ter.

Suspirando, o escritor pegou uma toalha e atirou contra o peito dele.

— Se enxuga direito. E não espalha mais sujeira pela casa.

O ser peludo segurou a toalha sem muita reação, os dedos largos apertando o tecido, mas sem se mover. Ele parecia... hesitante. [Nome] revirou os olhos.

— Você sabe como se secar, né?

O homem mascarado inclinou a cabeça levemente para o lado, como se estivesse considerando a pergunta.

O dono de fios [claros/escuros] massageou a própria têmpora, sentindo uma dor pulsante começar a se formar.

— Pelo amor de Deus...

Pegou a toalha das mãos dele e, sem paciência, começou a esfregar o pano contra os braços e ombros largos, secando-o como faria com um cachorro grande e teimoso. A textura da pele sob seus dedos estava estranhamente quente, e ele podia sentir os músculos rígidos sob a toalha.

— Você é enorme, mas age feito um bebê — resmungou, terminando de secar os braços antes de atirar a toalha de volta para ele. — Agora termina sozinho.

Brahms segurou o pano contra o peito por um momento, antes de finalmente começar a se secar do jeito mais desajeitado possível. [Nome] bufou, mas deixou pra lá.

Virando-se, ele abriu o armário e remexeu entre algumas roupas velhas que trazia consigo, bem maiores que si. Não era como se tivesse planejado dividir casa com um estranho mascarado, então pegou o que tinha. Uma calça de moletom surrada e uma blusa larga de manga comprida. Nada combinava, mas pelo menos estava limpo.

Jogou as roupas na direção de Brahms.

— Veste isso.

O homem pegou as peças e olhou para elas por alguns instantes antes de murmurar:

— E a máscara?

[Nome] cruzou os braços.

— O que tem a máscara?

— Está molhada...

— E...?

— Eu não tiro a máscara...

Você respirou fundo, sentindo a paciência se esgotar.

— Problema seu. Se quiser dormir encharcado, vai em frente.

Ele virou-se para sair do banheiro, mas antes que pudesse dar um passo, sentiu algo segurar sua manga. A mão de Brahms, ainda um pouco úmida, apertava o tecido de sua roupa.

[Nome] olhou para ele, desconfiado.

— O que foi agora?

Brahms hesitou, os dedos se apertando um pouco mais.

— Você... vai ficar?

A pergunta pegou o escritor desprevenido por um segundo.

Ele piscou.

— Ficar onde?

— Aqui... comigo.

O silêncio que se seguiu foi longo o suficiente para que [Nome] sentisse o cansaço dobrar sobre seus ombros.

Ele fechou os olhos, respirou fundo e então soltou um suspiro pesado.

— Eu não vou pra lugar nenhum. Agora solta minha roupa e veste logo isso.

Brahms demorou alguns segundos, mas soltou o tecido devagar, como se ainda não estivesse totalmente convencido.

[Nome] esfregou o rosto com as mãos e saiu do banheiro sem olhar para trás.

Ele só queria paz. Agora tinha um gigante de porcelana e carente grudado nele.

No corredor, você esfregou o rosto com as mãos, sentindo o peso do cansaço puxá-lo para baixo como correntes invisíveis. Ele só queria descansar, mas o pensamento de Brahms ainda no banheiro, possivelmente se debatendo para vestir uma calça de moletom como se fosse um desafio de vida ou morte, o impediu de se desligar completamente.

— Não é problema meu — murmurou para si mesmo, caminhando em direção ao quarto.

O chão rangia sob seus pés, e a casa, velha e silenciosa, parecia amplificar cada som, tornando impossível ignorar o fato de que agora havia outra presença ali. Uma presença grande, estranha e desconfortavelmente dependente.

Ao entrar no quarto, jogou-se na cama sem cerimônia. Seu corpo afundou no colchão, e por um breve momento, o mundo pareceu menos caótico. Mas a paz durou pouco.

Os passos pesados ecoaram pelo corredor. Lentos. Cautelosos. Quase infantis.

[Nome] apertou os olhos fechados.

Não.

Ele não pode estar vindo pra cá.

Outro rangido. Mais perto.

— Eu juro por Deus... — sussurrou para si mesmo, enterrando o rosto no travesseiro.

E então, o som parou.

O silêncio se prolongou, denso e incômodo. Ele sabia que o outro estava ali, parado na porta, observando.

[Nome] virou-se devagar, apenas o suficiente para lançar um olhar cansado na direção do homem mascarado.

Brahms estava lá.

Em pé, na entrada do quarto, vestido com as roupas largas, a máscara de porcelana ainda no rosto, ligeiramente inclinada como se esperasse algo.

— O que foi agora? — perguntou, a voz abafada pelo travesseiro.

Brahms apertou os dedos ao redor da barra da blusa, hesitante.

— Você disse que não ia pra lugar nenhum...

[Nome] piscou, tentando processar aquilo.

— Eu não fui. Eu tô aqui, no meu quarto, tentando dormir.

O outro continuou parado, os ombros levemente curvados, como um cachorro grande que não sabia se era bem-vindo no sofá.

Foi aí que [Nome] entendeu.

Ele não queria ficar sozinho.

Soltando um longo suspiro, rolou na cama até um lado do colchão ficar vazio e murmurou:

— Desde que você não encoste em mim, faz o que quiser.

Brahms hesitou apenas por um momento antes de se mover, os passos pesados e cuidadosos até ele se acomodar na beirada da cama, rígido como uma estátua.

[Nome] fechou os olhos.

Ele não queria pensar muito sobre aquilo.

Amanhã. Amanhã ele decidiria o que fazer com essa situação absurda.

Agora, só queria dormir..

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⏰ Última atualização: Feb 13 ⏰

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