Nossa História - Souya Kawata (Angry)

Ventos da mudança

Longos segundos que parecem uma eternidade se passam enquanto Mikey e eu nos encaramos, o clima pesado e tenso.

Finalmente, Mikey tem uma reação: Ele cruza as pernas, apoia o cotovelo na mesma e apoia o queixo no punho fechado. Ele ri com desdém e me olha de cima a baixo, me analisando, percebendo algo diferente no meu corpo. Minha barriga de um mês de gravidez já está aparecendo e eu coloquei um cropped, deixando minha barriga de fora, exibindo meu bebê no forninho, então não é surpresa nenhuma Mikey perceber tão depressa. Ele range os dentes e pula de cima do monte de sucata, pousando a centímetros de distância de mim e eu dou um passo pra trás.

Derrepente, ele agarra meus braços e me puxa pra ele, aproximando nossos rostos. Eu tremo quando vejo seu olhar feroz e a força que ele está apertando meu braço.

— Mikey, me solta! — ordeno me sentindo vulnerável e com medo. Temo pelo meu bebê.

— Você está grávida, Canária? — ele questiona com a voz grave e ameaçadora

Eu engulo em seco com medo de responder o óbvio. Meus olhos se enchem de lágrimas, me sentindo frágil novamente.

— M-me solta, Manjiro. E-estou falando sério. — imploro tentando me soltar do seu agarro

Mikey ri com deboche.

— Que patética. A Canária que eu conhecia jamais imploraria assim.

Eu cerro meus olhos e agarro seu braço, o torço com força e coloco trás das costas dele, o jogo com a cara no chão e subo em cima das costas dele.

— Gostou disso? É, você que me ensinou isso, lembra? — sorrio com escárnio, me sentindo vitoriosa — Eu estou grávida e não inválida. Agora, me escute bem, Manjiro. Você vai se portar como um ser humano racional e conversar como uma pessoa civilizada, a não ser que queria que eu te amarre. — eu o seguro com uma mão e com a outra eu tiro uma corda grossa da minha bolsa e o mostro, ele grunhi com o rosto prensado no chão.

Ele suspira e relaxa os músculos.

— Tá, tudo bem. Não vou fazer nada, pode me soltar.

Eu o solto e saio de cima dele.

Ufa! Ainda bem que ele se acalmou. Eu sei muito bem que eu não conseguiria mantê-lo assim, ele só não reverteu a situação porque não quis, jamais teria forças pra bater de frente com Mikey.

Mikey limpa as roupas e sobe no monte de ferros novamente e senta relaxadamente, com as pernas abertas.

— Vai em frente. Sou todo ouvidos.

Eu respiro fundo e o encaro.

— Primeiramente, eu... quero te pedir perdão. — digo com sinceridade e eu vejo seus olhos se arregalarem brevemente, mas logo ele disfarça

— Pelo o que? Por me enganar e transar com outro bem de baixo do meu nariz? Ou por mentir e dizer que não era alguém da gangue? Tô confuso, sabe. — meio irônico e meio irritado

Meus olhos tremem de culpa e eu mordo meu lábio, a culpa me torturando ainda mais.

— Eu sei que errei em mentir pra você sobre quem era, mas em nenhum momento te enganei Mikey. Eu não tinha obrigação nenhuma de te dizer que estava saindo com alguém. Quantas vezes você próprio já não fez isso? Ambos saímos com outras pessoas desde que começamos com essa amizade colorida e nunca exigimos explicação pro outro, porque ESTE ERA O COMBINADO.

Mikey ouve tudo tão pacientemente, mas a impressão que tenho é que isso tudo estava entrando por um ouvido e saindo pelo outro, que ele nem está fazendo questão de tentar entender.