Born On My Way - MadaNaru ABO

Capítulo 13

Não tenho nada a dizer

O dia estava mais uma vez nublado em Londres. Já se fazia alguns dias que havia voltado carregando consigo um resfriado muito forte. E mesmo debilitado pela doença e o cio que passou relativamente sozinho, resolveu ir trabalhar mesmo assim. Seu corpo doía como um inferno e nunca teve o nariz tão congestionado como agora.
As horas passavam lentamente e enquanto se via repleto de papeis do trabalho, sua mente vagava em memórias da semana anterior, nunca havia passado seu ciclo sozinho depois do seu antigo casamento. E pelo fato de estar quase quatro anos sem seu ciclo, tudo foi muito doloroso. Lembrava claramente da sensação da pele queimando como brasa, e a forma que suas lágrimas pioraram o processo. Recordava principalmente de suas alucinações.
Na noite em específico onde ouviu a cama rangendo, pelos grossos eram sentidos arranhando a pele sensível. O toque só não sendo mais refrescante que o aroma conhecido de hortelã e terra molhada. Foi a primeira vez desde o início do ciclo começou que ele não sentiu que iria morrer queimado a qualquer momento, a última lembrança que tem é de ouvir um rosnado brutal antes de se render ao cansaço, só acordando dias depois.

— Está na hora de ir, Naru!

O omega se assusta com repentino toque nos seus ombros, o fazendo pular, mas ao se virar, Noah o observa com um sorriso brincalhão.

— Assim você me mata do coração, eu não consegui sentir seu cheiro por causa da congestão.

Naruto bufou, organizando os papeis para ir embora, enquanto o beta aguardava o amigo pacientemente. Não demorou para que ambos estivessem no ponto de ônibus, cada um pegaria uma rota diferente, então logo se separaram, o ômega seguindo seu mesmo caminho de todos os dias.

Algum tempo depois ele chegou em casa, seu corpo doía pelo resfriado. O apartamento estava silencioso, provavelmente Shikamaru ainda estava no trabalho, ele foi encarregado de buscar Yan já que o omega estava muito debilitado para pegar dois ônibus nesse dia. Uzumaki foi até a cozinha e procurou seus remédios, percebendo que estava tomando o último da cartela. Bufou pegando suas chaves decidindo ir comprar mais antes que eles chegassem, já que amanhã não teria tempo antes do trabalho.

Ele saiu do prédio rapidamente, apertando as mãos em seu casaco enquanto estremecia de frio, não sabendo se era pelo resfriado ou pelo frio da noite. Caminhava pela rua, despreocupado, como fazia todos os dias. Seus passos seguiam o ritmo familiar do cotidiano, e sua atenção estava presa em detalhes mundanos: o barulho dos carros passando ao longe mesmo que já era noite, o vento leve e gelado que agitava as folhas nas árvores.. A mão direita segurava firme pequena bolsa de couro surrada, enquanto a outra brincava, quase automaticamente, com as chaves no bolso.

O que ele não percebia era que, a poucos metros de distância, um par de olhos o seguia atentamente. A figura caminhava na mesma calçada, mantendo a mesma velocidade, mesclando-se habilmente com o fluxo de algumas pessoas que se aventuravam no início de noite londrino. Para qualquer observador casual, aquela pessoa era apenas mais uma, movendo-se sem pressa, como todos os outros. Mas havia algo de diferente: os passos eram silenciosos, calculados. Cada movimento parecia feito para evitar chamar a atenção.

Ele continuava seu caminho, alheio ao que acontecia ao redor. Ao virar uma esquina, parou rapidamente para conferir o celular novo que havia comprado, percebendo uma mensagem de Shikamaru que continha a foto de um Yan sorridente, a diferença do garoto choroso que deixou em casa antes de ir trabalhar, enquanto sorria de leve para a imagem de seu filho, mas a mente confusa e o estresse por sua coriza frequente, franziu a sobrancelha em concentração tentando se lembrar o caminho para a farmácia. Mas não sentiu o peso da presença que se aproximava lentamente, que se escondia nas sombras dos prédios e nos movimentos comuns da cidade.
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