- Giselle! Vamos, por favor, por favor, por favor! - Ela disse novamente, repetindo seu pedido, e pulando na minha frente.Sim, essa era a Mariana pedindo (melhor dizendo, implorando) para descer pelo menos até o meio da escada para escutar a conversa da minha mãe.
- Não Mariana, nós não vamos descer. Você não escutou o que minha mãe disse? Ela nos pediu para que ficássemos aqui. - Respondi me levantando da cama e indo ao banheiro pentear o cabelo, já que eu não tinha nada melhor para fazer no momento. Quer dizer, até tinha, mas eu não iria até o meio da escada com a Mariana, isso não seria legal para a minha mãe. Bisbilhotar minha própria mãe não estava nos meus planos hoje.
- Ah, qual é Giselle! Ela nem sua mãe é! Não de verdade. - A Mari exclamou, parecendo jogar sua última carta em mim. Talvez essa fosse a última tentativa dela. E eu esperava que fosse a última tentativa dela, eu já não aguentava ela pedindo para descer.
Parei o que estava fazendo assim que ela terminou de falar. A Mari sabe muito bem que eu não gosto que ela fale que a Lauren não é minha mãe verdadeira, e ela realmente não é minha mãe, mas foi ela quem me criou. E me criou muito bem, obrigada.
- Olha Mariana... - Eu disse me virando para ela e tentando manter a calma, tentando me controlar, para não correr e dar uns bons tapas nela. Ou até dar uma voadora nela, isso não seria uma ideia tão ruim. - Eu sei que ela não é minha mãe verdadeira, mas... Mas me responda apenas uma coisa: Quem foi que me criou? Quem foi que cuidou de mim a minha vida inteira?
- Eu sei que foi ela, mas... - Ela começou a falar, mas eu a interrompi na hora. Eu realmente não dei tempo para ela terminar de falar. Era minha vez de falar e ela apenas ouvir, assim como muitas vezes ela fez isso comigo.
- Foi a Lauren que cuidou de mim esse tempo todo! Ela que cuidou de mim quando minha mãe me abandonou e decidiu viajar para a França! Ela que cuidou de mim depois que minha mãe morreu naquele acidente no avião! Ela! Só ela! E você não é ninguém, ninguém mesmo, para julgar ela! Você pode até ser a minha amiga, minha melhor amiga, mas você não tem o direito de julgar ela dessa maneira! Então, para de falar que ela não é minha mãe ok, porque mãe não é aquela de sangue, é aquela que cria a gente! - Eu desabafei tudo, gritando com a Mariana e pronto, eu desabei. Comecei a chorar e percebi que a Mari também chorava.
Mas ela me surpreendeu.
Ela veio me abraçar, me apertando forte em seus braços, e falou parecendo estar cheia de culpa:
- Desculpa Gi, eu sei que ela não é sua mãe verdadeira, mas que foi ela quem te criou. Desculpa mesmo, eu não queria que você ficasse assim.
Nossa! A Mariana pedindo desculpas? Isso é uma pequena novidade. Se bem que... Ela sempre pede desculpas quando sabe que está mesmo errada, e dessa vez ela realmente estava errada.
- Tudo bem amiga, dessa vez não tem problema, mas por favor, por favor mesmo, nunca mais fala alguma coisa assim. - Pedi para ela, me soltando delicadamente do seu abraço e a encarando fixamente .
Ela olhou para baixo, desviando o olhar, e disse em um tom igualmente baixo:
- Você sabe que eu sou assim, cheia de defeitos e brincadeiras de mal gosto, acho que todo mundo tem uma parte assim, mas eu vou tentar nunca mais falar coisas assim, vou tentar não te magoar mais. Eu juro.
- Okay Mari, eu te perdoo. Mas agora vamos parar de ficar assim, porque isso está ficando meloso demais, parecendo até uma novela. - Falei para descontrair um pouco e nós rimos. Nossa, eu amo muito rir! Quem não ama? E uma curiosidade sobre a risada: Rir faz bem para a saúde!
Ainda ríamos um pouco quando escuto um barulho não tão alto vindo de lá de baixo.
- Você ouviu isso Mari? - Perguntei parando de rir e ficando com uma expressão meio séria. Limpei as lágrimas e me concentrei em minha audição.
- O quê? Não, eu não ouvi nada. - Ela disse confusa e me encarando como se eu estivesse escutando coisas inexistentes.
Ouvi o barulho de novo, só que dessa vez mais forte e mais alto, e tenho certeza de que a Mariana escutou dessa vez.
- Agora eu também ouvi. O que será que foi? - Disse ela também ficando com uma expressão séria.
- Não sei. - Respondi, um pouco confusa. O que poderia causar um barulho assim?
- Vamos lá ver o que é. - Falou ela já dando pulinhos de ansiedade. Eu sabia que desde cedo ela queria descer para ver o que estava acontecendo.
- Não Mari, nós não podemos ir ver, minha mãe nos pediu isso. - Eu respondi e me sentei na cama, pensando. O que é certo de se fazer? Obedecer a minha mãe, e não descer lá de maneira alguma, ou ir ver o que está causando esse alto barulho, matando enfim essa nossa curiosidade?
Escutamos o barulho mais uma vez e dessa vez foi seguido de um grito que eu conhecia muito bem. Era o grito da Lauren. Minha tia. Minha mãe. Minha única família viva.
- Vamos lá ver. - Dissemos eu e Mari em uníssono. Eu me levantei da cama e a Marina veio atrás de mim. Quando eu cheguei perto da porta, eu hesitei, esperando para ver se eu escutava algum barulho a mais.
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De Repente... Princesa? [Hiatus]
خيال (فانتازيا)O que você faria se te procurassem e lhe dissessem que você é a princesa de um reino francês, um reino de que você nunca ouviu falar? Giselle Dinger nunca imaginou que durante uma de suas muitas aulas chatas na escola, homens vestidos de preto v...