eight

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Johnny pegou o meu cabelo e amarrou com um elástico, que não faço a menor ideia de onde havia arrumado. Em seguida massageou os meus ombros com delicadeza e precisão, fiquei imediatamente anestesiada com o seu toque sutil.

- você confia em mim Naraya? - falou perto do meu ouvido, me fazendo arrepiar mais uma vez...

- sim... - falei num fio de voz. - ele tirou algo do bolso e envolveu os meus olhos me vendando.

- So quero te mostrar uma coisa mais que interessante. Fica tranquila. - falou com uma voz mais séria. Respirei fundo e ouvi ele mechendo nos talheres, prato, colocou o guardanapo nas minhas pernas, imagino que ele tenha se ajoelhado em minha frente pelo barulho do garfo no prato vir de baixo.

- Naraya, isso é um aprendizado pra sua vida... abre a boca. - ordenou e eu o fiz. - não se assuste com o gosto, ha quem não goste.

Era com certeza um gosto ruim... rúcula.
- ahh... não gosto disso.
- eu sei. Quase ninguém gosta. Se você quiser cuspir te dou um guardanapo.
Eu engoli. Jamais cuspiria na frente daquele homem. - prometo que vai melhorar... abre a boca. - pediu e eu cedi. Senti o gosto agora, de alface.
- é... melhorou sim.
- ta vendo... abre.
- tomate.
- olha... Você é Boa de paladar hein... lá vai mais uma.
- ameixa! Humm. - me deliciei.
- agora o último... abre. - dessa vez ele derramou algo na minha boca. Era Mel. Nunca gostei de mel.
- err... Mel.
-muito bem. - ele disse. - presente bastante atenção na última coisa Naraya. - falou e em questão de segundos senti sua língua lamber os meus lábios. Fiquei embriagada pelo seu gosto... meus lábios se romperam.. mas ele imediatamente se afastou me deixando na vontade de mais. Minha mente tentou voltar a funcionar. Levantei tirando a venda dos olhos.
- o que... o que foi isso? - Falei envergonhada. Ele estava de pé em minha frente.
- isso foi a vida Naraya, a sua vida.
- o que você ta falando?
- a rúcula... É o seu maior trauma. A alface foi sua vida tentando seguir. O tomate são as diversões que te distrairam, a ameixa os seus sorrisos verdadeiros depois de muitos anos, o mel, um pouco da dor em meio ao conforto e segurança. - Fiquei sem palavras. Estava assustada com sua filosofia.
- mas e... por quê o Sen... Você... por que... - Estava gaguejando.
- porque lambi os seus lábios? Bem, porque há algo mais forte do que tudo, algo que não se compara com nenhum outro sentimento, assim como o gosto de uma língua não compara a nenhum gosto de alimento, mas é viciante. O amor. O amor é viciante Naraya. Ele tira qualquer trauma e qualquer gosto ruim, ou bom. O amor é o que você precisa experimentar agora.
- eu... eu não...
- calma. Isso é só uma brincadeira, me desculpe se não gostou.
- eu... só... - eu ainda estava paralisada com as suas palavras.
- ok. Sente-se aqui. Tome um pouco do vinho. - Tomei um goli e lambi meus lábios. O gosto dele... incrivelmente viciante. eu queria mais, eu precisava de mais.
- me desculpe, é que não achei que o senhor era psicólogo ou algo do tipo. - Falei finalmente e ele rio.
- isso não é um exército a Ser repassado. Na verdade costumo fazer isso comigo mesmo, sem a língua. Infelizmente ainda não pude experimentar esse gosto.
- mas e sua esposa?
- Ela é como se fosse o mel... ela é linda, nos damos bem, mas o gosto da paixão ja foi substituído ha tempos.
-Bem, sinto muito por vocês.
- Naraya... eu preciso que você saiba de uma coisa.
-pode falar.
- você é a única garota que realmente me interessou naquela empresa. - Fiquei corada de imediato. - venha Naraya. Veja... - Ele levantou e me estendeu a mão. Eu cedi, e levantei. - veja essa vista... não é reconfortante que em meio a tanto caos, no caso, a avenida Paulista, haja um lugar seguro e lindo como esse?
- sim. - concordei prestando atenção naquela cidade enorme afastada apenas pelas árvores.
- assim é o amor Naraya. Mesmo que tudo desmorone, mesmo que todos morram ao seu redor, você será sustentado pelo amor.
- e como você sabe disso se nunca experimentou?
- eu experimentei. - virei para o Jardim no mesmo instante, sem saber onde enfiar a cara.
- o meu trabalho sempre foi o meu amor. - não sei porque o meu coração se aliviou nesse momento.
- Você nunca amou ninguém?
- estou prestes a cometer essa loucura Naraya. - falou se aproximando de mim. Fiquei imóvel. De repente sua respiração estava mais próxima do que pretendia. E antes que eu pudesse perceber, suas mãos envolveram o meu rosto.
- Johnny...
- Naraya... - seus olhos fixos nos meus, sua boca entreaberta, eu estava queimando de desejo por ele. Mordi o lábio inferior sem perceber e ele ainda ali, próximo ao meu rosto sorrio de lado. - vou te poupar menina. - falou me deixando um beijo na bochecha. No mesmo instante senti a maior frustração da minha vida.
Eu queria ter coragem para o agarrar e o beijar. Se esse homem soubesse o quanto mexe comigo. Ele virou-se me deixando encostada no vidro da varanda, e depois de dois passos parou e virou de volta.
- foda-se! - disse alto e logo suas mãos me puxaram pela cintura,sua boca envolveu a minha, sua língua pediu passagem, cedi. Cedi ao melhor beijo da minha vida. Aquela língua dançando na minha boca... era tão quente. Tentei acompanhar, mas assim que a minha língua entrou na sua boca, Johnny a prendeu chupando; me arrepiei. Uma de suas mãos subiu até a minja nuca enquanto a outra apertava o meu quadril. Eu coloquei minhas mãos em seu rosto. Não sabia o que fazer ou como fazer, apenas fiz. Deixei-me sentir o seu gosto, deixei-me ousar em sua boca. Minha língua passava pelos seus lábios, os meus dentes mordiscavam seus lábios... Minha vida estava girando em torno daqueles lábios macios. Ele então, começou a beijar o meu pescoço, a sensação era intensa, eu queria agarra-lo mais forte. Seus beijos molhados se transformaram em lambidas, comecei a gemer quando sua mão apalpou o meu seio.
- Tá certo! Boa noite. - uma voz se fez ouvir da escada. Johnny se retirou e eu tentei me controlar, ajeitei a minha blusa e sentei.
- oi... espero não está atrapalhando, só vim saber se já querem A sobremesa.
- não senhora. Obrigada. Mas já estou indo.
- o que? - Johnny perguntou confuso.
- já está na minha hora senhor, eu tenho um compromisso.
- Bem... então ta.
- ah que pena. - a senhora falou.
- Natália, obrigada. Como sempre o seu restaurante me proporcionou muita inspiração. - Ele disse beijando a mão dela.
-eu que agradeço meu querido. É volte logo. De preferência com essa senhorita linda.
- obrigada pela gentileza. - falei levantando. Peguei a minha bolsa, Johnny me acompanhou. Fomos até o estacionamento sem dizer uma so palavra. Ele abriu a porta para mim, entrei e coloquei o cinto. Estava tão envergonhada. Como pude fazer isso? Ele é casado. Com a minha chefe.
Ele dirigiu em silêncio. Apenas o som de Vivaldi tocava na estação de radio. Poucos minutos depois chegamos na minha casa.
- Naraya me desculpe se... Bem... Eu não me arrependo, mas se você não gostou me desculpe.
- tudo bem, não precisa se desculpar. Obrigada pela noite.
- eu agradeço pela sua companhia. Mas não esqueça que você me deve uma reunião de negócios. - falou sorridente. É eu me espantei, acabei por esquecer que aquilo era pra ser una reuniao.
- achei que era so um pretexto.
- Eu não preciso de pretextos. Aliás, você tem certeza que quer ir pra casa? Podemos estender a noite.
- fico lisonjeada com o convite, mas tenho um compromisso importante.
- tudo bem... não vou insistir.
- obrigada. Boa noite senhor.
- Boa noite criança. - Ele disse meio irritado porque o chamei de senhor. Eu ri e saí do carro. Entrei em casa sem saber onde estava o chão. Eu so queria fechar os olhos reviver aquele momento mais umas 15 vezes nos meus pensamentos.

Uffa finalmente comprei um celular que se preze. Agora voltarei a escrever. Me desculpem a demora.
É Nah minha linda... quero a minhaaaa!

DECISIONSOnde histórias criam vida. Descubra agora