Capítulo 3

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Vou para casa pois não me apetece estar com mais ninguém, não depois da derrota que tive com o Josh.

-Vem connosco dar uma volta até ao parque.- dissera-me a Filipa.

-Não obrigado, estou muito cansada vou para casa.- dissera-lhe eu pois não quero ir dar uma volta onde sei que vou encontrar os meus colegas, e em especial o Josh. Não quero ser gozada outra vez aliás despenco.

Finalmente chego á rua onde moro e subo as escadas principais em direção á porta. Sim, nós voltamos para a nossa casa. Eu e a minha mãe achamos que não valia a pena continuarmos a viver na casa do Luke agora que já está tudo normal, por isso colocámos móveis novos, pintámos a parede e mudámo-nos para cá.

Abro a porta e encontro-me no hall de entrada. No meu lado direito está a porta que dava para o apartamento da Madame Dorothea. Fito a porta durante um bocado lembrando-me de quando eu e Jace estivemos aqui pela primeira vez a procurar vestígios, pistas sobre o desaparecimento da minha mãe, e também quando descobri que a Taça Mortal se encontrava no seu apartamento, ou melhor nas suas cartas de Taroo. Ainda me lembro como se fosse ontem quando eu, Jace, Alec e Isabelle tivemos de combater o demónio Abbadon, o demónio do abismo e de como ele se tinha apoderado da Madame Dorothea. Foi aí que Alec ficou gravemente ferido, e eu senti-me muito culpada por a culpa disso ser minha. Abano a cabeça para afastar esta memória para longe e começo a subir as escadas. Abro a porta que dá para a minha casa e entro. Atiro a minha mala para o sofá e vou para a cozinha onde se encontra a minha mãe.

-Olá Clary, tudo bem? A escola correu bem?- pergunta-me a minha mãe a olhar para o forno. Deve estar a preparar um bolo.

-Correu tudo bem, mas levei uma tareia na aula de Educação Física. -a minha mãe que até agora estava despreocupada fita-me de olhos arregalados.

-Mas magoaram-te muito? Porque é que não usaste as técnicas de luta que aprendeste? Assim podias defender-te.

-Eu sei, mas eu quero ter uma vida normal e se usasse essas técnicas iam todos perguntar-me onde é que as aprendi. E o que é que eu ia dizer?

A minha mãe suspira.

-Eu sei que queres ter uma vida normal, mas Clary isso já não é possível.

-Eu sei, mas quero ter uma vida normal o quanto é possível.

-Está bem filha. -faz uma pausa- Viste alguns demónios hoje?-pergunta-me com receio.

-Não, porque é que perguntas?

- O Luke disse-me que andam alguns demónios poderosos por aí e eu estava preocupada.

-Ok, vou para o meu quarto desenhar.

Dou um beijo á minha mãe na bochecha e vou para o meu quarto. Pego no bloco de desenho e deito-me na cama, mas antes de começar a desenhar ouço o telemóvel a tocar. Vou até á secretária e pego no telemóvel. É o Simon.

-Olá Simon.

-Olá tudo bem Clary?

-Tudo e contigo? Fiquei preocupada como não foste ao liceu hoje.

-Tive de cuidar da minha irmã que está doente. Sinceramente não sei como é que ela ficou doente, está sempre esparramada no sofá a ver TV.

-Acontece as pessoas ficarem doentes, é a vida. Então e a tua mãe?

-Está no estrangeiro em trabalho.

-Pensei que a tua mãe não ia trabalhar para o estrangeiro.

-Eu também. Como é que correu a escola?

-Correu bem, só levei uma tareia na Educação Física do Josh, não é nada de grave.

-Não é preciso seres sarcástica.

-Desculpa, é que eu só quero mostrar a todos o que agora posso fazer, assim já não era alvo de chacota para toda a gente.

-Não eras tu que querias ter uma vida normal? E além disso tu não podes fazer isso Clary, o Sebastian...

-Jonathan.

-Jonathan ainda pode andar por aí, a Clave ainda não encontrou o corpo dele.

-O Jace matou-o, ele viu-o morrer.

-Mas é muito estranho não encontrarem o corpo dele não achas? Por isso é melhor não te exibires muito.

-Está bem, eu não vou-me exibir.

-Bem mas voltando á tua tareia, o Josh é um idiota. Deixa lá vais ver que daqui a alguns dias já ninguém se lembra disso.

-Pois, quero ver isso. Mudando de assunto, tens visto a Isabelle?

-Porque é que perguntas isso?- pergunta-me Simon que parece um pouco nervoso.- Tu é que devias saber, ultimamente passas muito tempo com ela. Já te esqueceste aqui do teu amigo vampiro?

-Não te faças de vítima. E além disso tu é que não me tens ligado nenhuma, nem me telefonas! Por isso pensei que andavas com ela.

-Porque é que dizes isso?

-Sinto uma paixão entre vocês.

-Estás cheia de piada Fray. Não, não tenho estado com ela e não há nada entre nós, somos só amigos.

-Mmm, tens a certeza do que estás a dizer? É que eu sinto que gostas dela, e eu sou mulher tenho um sexto sentido para estas coisas.

-Olha quem fala. Desde que regressa-mos de Idris não tens falado com o Jace. Onde é que está o teu sexto sentido nesta situação?

Der repente fico sem fala, ele conseguiu acertar no meu ponto frágil.

-Como é que sabes isso?

-O Jace contou-me. Por acaso temos conversado muito ultimamente, até fico surpreendido por não andarmos os dois á batatada.

-O Jace contou-te?- pergunto eu pasmada.

-Sim, ele tem andado muito em baixo desde que tu não lhe diriges a palavra. Já agora posso saber porque?

-Não, não podes se não lhe dou explicações também não tenho de as dar a ti.

-Está bem, acalma-te não é preciso entrares na defensiva. Eu não pergunto mais nada.

-Obrigada Simon. Vais á festa do João no Sábado?

-Não sei. Vai haver muitas pessoas e eu tenho medo de não me conseguir controlar, não quero arriscar morder alguém.

-Por favor Simon! Ficamos lá só um bocado, por favor Simon, eu preciso de ti!

-Ok, eu vou mas só porque disseste a frase "Eu preciso de ti".

-Não sejas tão convencido.

-Pronto não digo mais nada. Vemo-nos amanhã na escola.

-Está bem, adeus Simon.

-Adeus Clary.

Desligo a chamada e fico a pensar no que ele disse."O Jace tem estado muito em baixo desde que tu não lhe diriges a palavra". Será verdade? Estará mesmo o Jace em baixo? Eu é que tenho o direito de estar em baixo, não ele. Não sei se é verdade e nem quero saber. Só quero que ele não me chateie. Será que é pedir muito? O telemóvel começa a tocar outra vez e vejo que é Jace. Suspiro. Pelos vistos é pedir muito.

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