Capítulo 40

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Corro pelas diversas ruas de Nova Iorque com o céu estrelado como fundo por cima da minha cabeça. Corro até já não ter ar nos pulmões e os meus músculos começarem a reclamar do excesso de exercício físico. Mas mesmo assim não paro. Não paro até ter a certeza de que ninguém vem atrás de mim para me levar para um sítio que eu não quero estar. Idris, conhecida como cidade de vidro e o "berço" de todos os Caçadores de Sombras que existem. Porque é que eles me querem mandar para lá? Qual é a diferença de estar lá ou aqui? Os demónios já conseguiram passar as proteções de Idris uma vez, o que é que os impede de fazer isso outra vez? Pensamentos, memórias, tudo passa pela minha cabeça enquanto contínuo esta corrida sem fim. Porquê agora? O que é que eles querem de mim? Estas perguntas já passaram pela minha cabeça tantas vezes que eu já perdi a conta. A minha cabeça está cheia de inúmeras perguntas para as quais não tenho resposta. Mas o meu objetivo é precisamente esse. Encontrar as respostas para todas essas perguntas, e eu não vou desistir até este objetivo não estar concluído. É uma promessa que eu faço, não só a mim própria mas a todas as pessoas que morreram por minha culpa. Isto tem de acabar, nem que eu tenha de sacrificar a minha própria vida.

Quando acho que já estou longe o suficiente da minha casa e dos Caçadores de Sombras que lá se encontravam, abrando a minha corrida até finalmente parar sem fôlego. Agacho-me nos joelhos e respiro profundamente diversas vezes, a adrenalina da corrida ainda a percorrer as minhas veias. Olho à minha volta e sorrio quando vejo ao longe os contornos daquele edifício imponente onde passei inúmeras tardes sozinha, apenas com os meus pensamentos e emoções. Olho para os lados disfarçadamente para ter a certeza que ninguém repara em mim e faço uma caminhada em passo rápido até à mansão abandonada, o capuz preto do meu casaco a esconder os meus cabelos ruivos. Dou um pontapé na porta principal para esta abrir e entro no espaço empoeirado tendo o cuidado de fechar bem a porta para ninguém conseguir entrar. Tiro o capuz e olho à minha volta de forma a tentar ver alguma coisa já que o espaço encontra-se escuro, apenas com algumas luzes fracas provenientes da lua que conseguem passar através das janelas gastas com o tempo. Com o auxílio da luz da lua, caminho calmamente para o que me parece ser a sala. Os móveis estavam totalmente cobertos por lençóis brancos e as lâmpadas antigas estavam decoradas por inúmeras teias de aranha. O espaço era preenchido pela luz fraca da lua, já que esta divisão possuía uma janela enorme. Caminho até à janela e puxo os cortinados de modo a tapar parcialmente a janela para deixar entrar alguma luz. Tiro o lençol branco de cima de um sofá e coloco-o num sítio à parte, sentando-me de seguida na superfície almofadada daquele que vai ser a minha cama por hoje. Tiro a minha mochila das costas, agradecendo a todos os anjos que olham por mim por não ter sido estúpida ao ponto de sair de casa sem a minha mochila de sobrevivência. Abro-a e vasculho todos os objetos que esta continha: o códex dos caçadores de sombras, uma lanterna, a minha estela, as escamas de demónio que encontrem no beco, um pacote de bolachas e uma garrafa de água que já vai a meio. Suspiro de forma irritada ao ver que afinal não fui inteligente o suficiente para trazer algum dinheiro comigo. Pego no pacote e como algumas bolachas, bebendo de seguida apenas um pouco de água. Parece que esta vai ser a minha alimentação durante alguns dias. Distraio-me a observar os contornos da lua enquanto como, envolta nos meus pensamentos.

O que é que vou fazer agora? Está fora de questão ir para minha casa, já que possivelmente o meu destino seria ir para Idris de forma contrariada. Não posso falar com o Simon, com o Jace ou com os irmãos Lightwood já que eles estão do lado da minha mãe e do Luke. Não posso ir ter com o Magnus pois o Alec vive lá e poderia denunciar a minha localização. Parece que estou completamente sozinha. O mais importante neste momento é arranjar um plano para descobrir o homem que está atrás de mim. Revejo todas as pistas que encontrei até agora sobre este "raptor": é um homem devido ao tamanho das suas pegadas que ele esqueceu de eliminar naquela noite da festa em casa do João, tem a ajuda de um demónio para estrangular as suas vítimas que normalmente são pessoas com quem eu tenho contacto, pelas cartas que deixa depois do assassinato dá a intenção de que ele precisa de mim para alguma coisa. Precisa de mim de uma forma tão desesperada que recorre a ameaças às pessoas que eu mais gosto. Agora só falta saber porque é que ele precisa de mim. Ele mandou diversos demónios atrás de mim, incluindo o demónio Abbadon, considerado o maior demónio superior que existe. Para ele mandar um demónio superior atrás de mim, é porque ele está a tramar alguma coisa e para concluir o seu plano precisa urgentemente da minha "ajuda". Agora resta saber para quê. Porque é que eu sou assim tão especial? As memórias da primeira visita dos demónios vêm à minha mente à velocidade da luz. Quais foram as palavras que eles disseram? Guerra, Instrumentos Mortais, Jonathan e o meu nome. Foram as suas últimas palavras antes de desaparecerem. Eles estão a preparar uma guerra e para isso precisam outra vez dos Instrumentos Mortais. Mas isso é impossível. Desde a guerra que o Valentine planeou, a segurança dos Instrumentos Mortais foi reforçada juntamente com a parte de Idris onde se encontra o lago onde o Anjo Raziel surgiu pela primeira vez. É impossível eles os conseguirem roubar sem a ajuda do Valentine. Só se...

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⏰ Última atualização: Jun 23, 2017 ⏰

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