Capítulo 9

223 12 4
                                    

Depois de jantar, vou para o meu quarto, tomo um duche e visto-me. Visto um vestido de cetim dourado e umas sabrinas, pois não gosto nada de usar salto alto. Olho para o relógio, faltam 20 minutos para as dez. Dou um beijo na bochecha na minha mãe e ouço outra vez as recomendações dela para não chegar tarde a casa. Ao sair de casa, o frio invade-me as pernas e os braços á mostra fazendo-me arrepiar toda. Já me arrependi por não ter trazido um casaco. Chamo um táxi e digo-lhe o endereço do Pandemónio. Nem acredito que vou lá voltar. Tenho tantas recordações desse sítio. Ainda está na minha cabeça o dia em que entrei lá pela primeira vez com Simon. A Filipa e a Vanessa não puderam ir porque tinham visitas em casa. Foi a primeira vez que a minha mãe deixou-me sair de casa para ir para uma discoteca, apesar de eu lhe ter mentido em algumas partes, mas ela não precisa de saber. Foi aí que conheci Jace, Alec e Isabelle. Jace, com o seu traje de Caçador de Sombras, com a lâmina seráfica a brilhar na sua mão e os seus cabelos loiros como a luz do Sol, lembro-me que fiquei fascinada com ele. Um autêntico anjo. Foi também aí que eu vi um demónio pela primeira vez, um demónio disfarçado de um adolescente comum onde o seu objetivo era se alimentar das almas dos humanos ou mundis como os Nefelins lhe chamam. A partir de aí a minha vida mudou radicalmente , tendo essa mudança umas partes boas e outras más. O homem guia e chegamos á entrada do Pandemónio em menos de 10 minutos. Pago ao homem, saio do táxi e entro no Pandemónio. Esta noite está cheio de gente tanto seres mágicos como humanos. Vagueio por entre as pessoas á procura de Isabelle.

-Clary!- ouço alguém chamar-me.

Viro-me e deparo-me com Isabelle. Estava vestida com um vestido comprido preto que lhe tapava o corpo todo, menos os braços que estavam á mostra. Tinha feito uma trança lateral e uma maquilhagem básica com os lábios pintados de vermelho, já eu nem maquilhagem tinha posto.

-Isabelle!- digo eu abraçando-a num abraço apertado.

-Meu deus! Já não nos víamos á tanto tempo!!- diz ela depois de nos separarmos.

-Que exagero, tivemos juntas ainda no fim de semana.

-Pois foi.- diz passado um tempo.

Ela olha para mim de alto a baixo. Lá vou eu levar outro sermão. Porque é que ela se preocupa tanto com a roupa?

-Vá lá, hoje vestiste bem- diz com um sorriso fazendo-me respirar de alívio- Vamos, a Maia e a Aline estão á nossa espera.

Ela puxa-me o braço e arrasta-me para uma mesa perto do bar onde logo vejo Maia e Aline. Só de vê-la o meu sorriso murcha, só de vê-la é como se voltasse atrás no tempo e a visse só com Jace.

-Olá Clary.- diz Maia com um sorriso.

-Olá, tudo bem?- cumprimento-as e sento-me.

##############

Até agora já falamos sobre tudo, sempre com gargalhadas pelo meio. Estava tudo a correr bem, até que Maia decide falar sobre um tema que me deixa desconfortável: Jace.

-Então Aline estás a gostar de Nova Iorque?- pergunta Maia.

- Estou a adorar apesar de não ter tempo para visitar vários lugares por causa de Jace.

- O que é que vocês os dois andam a tramar? Ultimamente andam muito tempo juntos.- diz Isabelle bebendo mais um pouco da sua bebida.

- Desculpa mas não posso dizer, é segredo.- diz Aline e olha para mim.

-Bem, eu vou buscar mais uma bebida, já volto.- digo e levanto-me do meu lugar em direção ao bar.

Eu não aguento estar ao pé dela, simplesmente não aguento! Parece que está a fazer de propósito. E a maneira de como ela olha para mim, argh!! Está me a dar uns nervos. Não sei se aguento muito mais, a única coisa que me apetece é dar-lhe um soco e arrancar-lhe os cabelos um a um.

- Como é que estás?- pergunta-me Isabelle que agora se encontra ao meu lado com a sua bebida na mão.

- Estou bem, só vim buscar uma bebida.- digo e peço ao barman uma vodca apesar de não ser muito de beber.

-Eu conheço-te Clary, até demais. Eu sei que mexeu contigo quando a Aline falou de Jace. E para responder a pergunta que existe na tua cabeça, não eu não sei o que é que eles estão a fazer para passarem tanto tempo juntos. Porque se soubesse eu dizia-te.

Ela ás vezes parece mesmo vidente! Mas acho estranho ela não saber. Desde que conheço Jace que sei que ele é uma pessoa muito fechada em relação aos seus sentimentos e pensamentos. Eu própria sei disso porque demorei muito tempo para quebrar as barreiras que ele criou no seu coração. As únicas pessoas em que ele confia são os Lightwood e acho que agora eu. Ele nunca ia esconder nada de Isabelle e Alec.

- E mesmo que soubesses não tinhas de me dizer nada. Eu já não estou com ele e nem quero ter nada a ver com ele. Eu já vos tinha dito que não queria ter nada haver com os Caçadores de Sombras.

-Então porque é que ainda falas comigo, com Alec e Maia?- ela ri-se- Por favor Clary nota-se pela tua cara que tu estás cheia de saudades dele. A única coisa que te impede é o teu orgulho. Tu sabes muito bem que não é por seres uma Caçadora de Sombras que não podes estar com Jace.

- Eu não quero estar com ele e além disso ele não precisa de mim. Ele agora tem a Aline.

-Ele e Aline não têm nada para além de amizade. Eles só gostam de passar algum tempo um com o outro mas como amigos.

Desta vez fui eu que me ri.

-Iz a última vez que eu os encontrei juntos ele estavam praticamente a comer-se á minha frente.

-Mas isso foi antes de ele saber que na verdade não era teu irmão.

-E mesmo depois de ele saber continuou a estar com ela como se nada tivesse acontecido.- digo e chega o barman que pousa a bebida na minha frente.

-Tu não sabes qual é o motivo para ele estar com ela.

- Não sei e nem quero saber.

Bebo a bebida de uma só vez fazendo a minha garganta queimar quando o liquido passa por ela.

-Eu vou embora, não aguento mais aturar a Aline. Vemo-nos por aí, tchau Izzy.

Pago ao barman e saio da discoteca, entrando logo de seguida num táxi que estava lá estacionado. Digo o endereço e logo o carro começa a andar. Porque é que ainda não tenho 18 anos? Dava-me tanto jeito tirar a carta de condução. Passado alguns minutos chego á minha morada. Pago ao taxista e saio do táxi começando a andar até ao respetivo apartamento. Estava quase a chegar quando vejo uma sombra perto de um candeeiro da rua. Forço mais a minha visão mas a única coisa que consigo ver são os contornos dessa mesma pessoa. Até que ela levanta a cabeça dando uma visão para os seus olhos encarnados como o fogo. Um demónio. Corro para dentro de casa e fecho a porta. Subo as escadas e quando entro na sala de estar fecho a porta trancando-a, e vou até á janela. Olho para o lugar onde vi antes o demónio mas ele já não estava lá. Só espero que ele não me tenha visto senão estou feita ao bife.

WarriorOnde histórias criam vida. Descubra agora