Capítulo 30

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O recreio estava completamente vazio quando eu e o Jace saímos do pavilhão com as espadas em punho, á procura de algum vestígio de perigo. A alguns minutos atrás recebemos uma chamada da Isabelle a dizer que ainda estavam á procura do demónio Drevack, enquanto que o Alec e o Magnus conseguiram colocar todos os alunos num só pavilhão para poderem usar um feitiço para apagar a memória. Sito um peso no coração ao saber que indiretamente vou apagar a memória da Vanessa e da Filipa outra vez, mas é por uma boa causa. Não conseguia ficar bem comigo própria se lhes acontecesse alguma coisa. Percorremos o campo de futebol, as mesas de descanso, o jardim e nada.

- Ele tem de estar algures por aqui.- sussurro.

- Se ele estiver, então nós vamos saber.

Ele tira o seu sensor e começa á procura de atividade demoníaca. No momento em que estamos a passar por um pavilhão vejo ao canto o que me parece uma sombra. Faço um sinal a Jace para seguir-me. Ele olha para mim confuso mas segue-me. Damos a volta ao pavilhão e vejo uma espécie de tentáculos a rastejar para dentro do edifício. Olha para Jace que parece ter reparado na mesma coisa que eu. Já tinha visto aqueles tentáculos antes e a sombra também. A última vez que vi este demónio foi quando fomos até a casa da Dorothea e o Alec ficou gravemente ferido. O demónio Abaddon. Só nestas semanas já é a terceira vez que o vejo, e isso não é nada bom. Porque é que um demónio com tanto poder como ele, havia de estar á minha procura? Para se vingar? Por ter ferido o orgulho dele ao mandá-lo de volta para o Submundo? Duvido muito. O Jace á uns meses atrás disse-me que os demónios gastam muita energia demónica ao viajar até ao mundo humano. Então, porque é que o Abaddon o demónio mais poderoso do Submundo(depois de Lilith claro), havia de gastar o seu poder para procurar uma simples humana? Isso não faz sentido nenhum. Tem de haver algum motivo maior por detrás disso. Jace coloca-se á minha frente e abro uma frecha da porta.

- Fica atrás de mim, ok?- ele sussurra olhando-me nos olhos e eu apenas assinto.

Entramos na divisão e seguimos caminho por um dos corredores, onde o sensor começava a dar sinal de vida. Consigo ver os tentáculos uma última vez antes de ele entrar num divisão. Era a sala de audiências, constituída apenas por algumas cadeiras e um palco. Jace para assim que chegamos á porta. Fita-a durante uns segundos e depois olha para mim.

- Se alguma coisa der errado, quero que saias daqui imediatamente.- ele sussurra.

Olho para ele incrédula.

- Nem penses!! Eu não vou sair daqui sem ti.- começo mas ele interrompe-me.

- Por favor Clary, eu sei cuidar de mim.- ele diz e passado algum tempo eu concordo.- Vai tudo correr bem, eu prometo.

Entramos dentro da sala encontrando-a vazia. Caminhamos até ao meio olhando para todos os lados com as espadas em posição. Começo a ouvir um rastejar e de seguida uma voz cortante e fria.

- Bem, bem olhem quem nós temos aqui.

Vejo os seus tentáculos a rastejar para trás do palco. Eu e Jace colocamo-nos na posição de ataque virados de costas um para o outro.

- Clarissa Morgensten e Jace Herondale.- diz pausadamente com o seu tom de voz cortante que me faz arrepiar.

- Eu sabia que tinha um talento para a popularidade, mas não sabia que era assim tão popular. Parece que os meus dotes estão a melhorar.- Jace diz com o seu tom sarcástico.

Neste momento só me apetece dar-lhe um pontapé nas canelas por optar sempre pelo seu lado irónico. Faço uma nota mental para fazer isso depois, se conseguir sair daqui viva.

Ouço uma gargalhada vinda do demónio.

- Sempre tão encantador Caçador de Sombras. Mas infelizmente para si eu não quero nada consigo.- ele aparece á nossa frente numa nuvem cinzenta fazendo com que nós recoacemos um passo.- Eu só quero conversar com a menina Clarissa.

Lá estava ele á minha frente, ainda mais nojento e intimidador do que da última vez que o vi.

- Tudo isto quando apenas quer conversar? Pensava que o senhor Abaddon tinha mais classe, mas agora é que entendi, os demónios não têm classe nenhuma.

Desta vez ele olha para Jace com um olhar que era capaz de matá-lo. Quer dizer ele é um demónio...então...pode matá-lo a qualquer momento. Ok eu ando a passar muito tempo com o Simon.

- O que é que queres de mim? Duvido que um demónio poderoso como tu venha até cá para falar com uma pessoa insignificante como eu.- tenho de aproveitar agora. Esta é a única hipótese que tenho de descobrir se é ele que anda atrás de mim.

- Tem razão, mas eu não quero nada de si. Fui mandado por uma pessoa para a vir buscar.- ele diz fazendo-me ficar surpreendido.

- Ela não vai a lugar nenhum contigo, se querer marcar um passeio vais ter de te pôr na fila.

- Eu podia matar-vos agora de uma só vez, mas a pessoa disse-me para não vos magoar... por agora.- diz com um sorrio malévolo...se aquilo é um sorriso.- Agora pode escolher Clarissa, vem a bem ou vem a mal?

Olho para Jace e pelos seus olhos ele diz para eu me ir embora. De seguida olha para o demónio.

- Ela não é a sua propriedade, é o que dá viver muito tempo no submundo. Parece que vou ter de ser eu que lhe vou dar as boas maneiras.- diz e rapidamente atira-se para cima de ele espetando-lhe a espada na barriga.

O demónio cambaleia para trás e ataca Jace com as suas garras.

- Corre Clary!!- ele diz mas eu ignoro.

Levanto a minha espada e através da minha agilidade de Caçadora de Sombras salto perfurando a espada no seu crânio. Sangue de demónio começa a sair do ferimento, mas o demónio limita-se apenas a rir.

- Vocês vão-se arrepender disto.

Jace começa a perfurar a espada várias vezes pelo seu corpo todo, mas o demónio continua parado como se não estivesse a sentir nada. Salto para o chão e preparo a espada para lhe acertar no coração, mas sou lançada para trás pelo demónio batendo com a cabeça com força na parede. A minha visão começa a ficar turva. Levo a minha mão á minha cabeça e quando levo a minha mão outra vez aos meus olhos ela está cheia de sangue.

- Clary!!- ouço Jace gritar.

Olho para ele que esfaqueia os tentáculos do demónio mas cada vez que ele cortava um ele voltava a crescer. Ele tenta vir ter comigo mas é impedido pelo demónio que o agarra com uma mão e começa a apertá-lo cada vez mais. Gritos de dor saem da boca de Jace, que tenta tirar um punhal do seu cinto das armas. Olho para a minha espada coberta de sangue de demónio. Para derrotares um demónio tens de lhe acertar em cheio no coração, é a fonte de energia deles. Se o trespassares já tens a luta ganha. Ouço a voz de Jace a sussurrar na minha cabeça. Lembro-me de que ele disse isto quando me ensinava a lutar contra demónios á alguns meses atrás. Pego na espada e tento confiar na minha pontaria. Eu e o Simon antes de virar Caçadora de Sombras íamos todos os Sábados á noite a um café jogar dardos. Eu ganhava-lhe sempre com uma pontuação muito avançada. Levo o meu braço atrás e mando a espada que acerta diretamente no local do coração. O demónio começa a contorcer-se soltando o Jace que tira o punhal do cinto e trespassa-o várias vezes no coração.

- Não podes escapar disto Clarissa!! Mais cedo ou mais tarde ele vai encontrar-te.

É a última coisa que ouço antes de apagar.


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