Capítulo 39

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Não sei durante quanto tempo é que permaneci sentada naquele chão de madeira, agora coberto por sangue, mas quando vejo o Sol a começar a aparecer, tenho a certeza que foi durante muito tempo. Através do meu relógio vejo que já são 4 horas da manhã, mas permaneço sentada a olhar para aqueles corpos. O que é que eu ei de fazer agora? Eu não posso continuar a viver assim desta maneira. Quanto mais tempo eu andar em liberdade, mais corpos vão aparecer, desta vez daquelas pessoas que eu amo e importo-me realmente. Eu não posso deixar que isso aconteça, mas também não posso entregar-me assim sem mais nem menos sem dar luta. Isto não pode estar a acontecer. Depois de tudo o que eu passei, depois de toda a dor que eu senti e sofri, porque é que tenho de levar ainda com isto? Eu não sou de ferro, eu tenho sentimentos e, neste momento, esta pessoa conseguiu tocar no meu ponto fraco.

O meu telemóvel vibra no meu bolso e eu tiro-o lentamente, ainda com algumas lágrimas a brotarem dos meus olhos. Vejo o nome de Luke no ecrã e rapidamente ignoro a chamada, colocando de seguida o telemóvel em silêncio. Prefiro ouvir um sermão ainda maior mais tarde. O envelope continua ainda nas minhas mãos e eu continuo a passar as fotografias uma por uma, analisando-as meticulosamente. Quem é que seria capaz de fazer uma coisa dessas? Já tentem vasculhar no mais profundo da minha mente, mas não consigo encontrar uma explicação para isto ou até uma pessoa que me odeie profundamente. Nada disto faz sentido, mas eu não posso desistir disto tão facilmente, e não vou desistir. Eu sei que vou ouvir um sermão dos grandes quando chegar a casa, mas isso não vai fazer com que eu pare de procurar. Levanto-me e tento-me equilibrar, já que neste momento as minhas pernas parecem gelatina. Volto a tirar o telemóvel do bolso, ignorando as vária chamadas não atendidas que aparecem no ecrã, e decido ligar para Magnus. Neste momento, ele é a única pessoa que me vai ajudar e não me vai criticar pelo que eu estou a fazer.

(...)

Espero por Magnus junto ao portão da escola, com o capuz na minha cabeça e as minhas mãos nos bolsos, envolta em pensamentos. Passado alguns minutos á espera, ele finalmente vem ter comigo a sacudir as mãos uma na outra.

- Está feito, está tudo limpo e os cadáveres foram diretamente enviados para a Cidade dos Ossos com um bilhete a contar o sucedido.- ele diz com um sorriso.

- Obrigada Magnus, nem sei como é que te ei de agradecer.- tento mostrar-lhe um sorriso, mas falho completamente.

- Não é preciso agradeceres, amigos do Alec são meus amigos também, especialmente tu.- ele olha fixamente para mim- Eu compreendo o que estás a fazer, se tivesse no teu lugar se calhar também faria o mesmo. Mas tem cuidado Clary ok? E já sabes, sempre que precisares de ajuda podes chamar-me. Eu prometo que não vou contar a ninguém tudo o que é que andas a fazer.

Ao ouvir estas palavras, abraço o seu tronco com alguma força mas de forma carinhosa. Ele fica estático durante alguns segundos, mas retribui o abraço lentamente. O silêncio reina e ao fim de alguns minutos eu separo-me dele.

- Obrigada por tudo, mas agora tenho de ir. A minha mãe já deve estar completamente passada comigo.- digo e ele ri- Adeus Magnus.

- Adeus Clary e boa sorte.

Afasto-me dele e começo a caminhar pelas ruas que vão-me guiar até a minha casa. Durante o caminho vou planeando na minha cabeça, as palavras que vou dizer a minha mãe e ao Luke para defender a minha posição. Mas, visto que eu tenho quebrado todas as promessas que fiz desde o início á minha mãe, acho que as minhas palavras não vão valer grande coisa. Chego á minha rua e entro no edifício, subindo as escadas até ao apartamento onde eu vivo. Chego á porta e consigo ouvir perfeitamente a discussão que se passa dentro de casa. Isto vai ser bonito vai. Respiro fundo antes de entrar. Quando eles sentem a minha presença na divisão, calam-se imediatamente e olham para mim.

- Antes de vocês começarem a dizer alguma coisa, devo dizer que eu tenho todo o direito de fazer o que fiz. O que é que vocês achavam? Que eu ia ficar cá em casa fechada com os braços cruzados enquanto mais pessoas morrem por minha causa? Isso está absolutamente fora de questão. Eu sou a única que consegue fazer com que isto acabe, e eu não vou deixar que vocês se metam no meu caminho.

Todos olham para mim surpreendidos, até Jace e Alec, enquanto que a minha mãe olha para mim desiludida e com cara de poucos amigos.

- Tu desobedeceste-me Clary. Ainda não percebeste? Eu só estou a fazer isto para o teu próprio bem, porque quero proteger-te. Isto não é um filme de ação em que os bons ganham sempre e vivem todos felizes para sempre. ISTO É A VIDA REAL CLARY!!- ela grita e eu dou um passo para trás.

Eu nunca na minha vida vi a minha mãe assim. Ela é sempre tão calma e gentil que até me custa saber que ela está assim por minha causa. Mas eu tomei a minha escolha, e não vou voltar atrás.

- Eu sei mãe. Raios, pensas que eu não sei? Mas eu tenho de fazer o que acho melhor e neste momento eu quero encontrar pistas sobre estas pessoas. E tu nem ninguém me vão impedir de levar com isto para a frente.

A minha mãe fica ainda mais furiosa.

- JÁ CHEGA!! Tu vais acabar com isto e é agora. Para de te comportar como uma adolescente mimada!! A Clave já tomou uma decisão em relação a este assunto e se tu não a cumprires devidamente, juro pela Anjo que te tranco nas masmorras da Cidade dos Ossos.

Fico surpreendida com a sua decisão. Quem é esta mulher? Onde é que está a minha mãe? Aquela mãe que era sempre gentil comigo, que me apoiava e ajudava em todas as minhas escolhas por mais estúpidas que fossem. Onde é que ela está? Luke pousa uma mão no ombro de Jocelyn, de forma a acalmá-la.

- Que decisão?- questiono olhando para todas as pessoas que se encontram nesta divisão.

Luke respira fundo antes de responder.

- A Clave ainda não descobriu nada sobre quem é esta pessoa que te anda a ameaçar mas, devido às mortes que ele anda a causar por causa de ti, a Clave achou que era melhor tu ires para Idris e ficares lá durante algum tempo.

Fico boquiaberta com esta revelação.

- O quê? Nem pensar, eu não vou a lado nenhum!! Este problema é meu não é vosso, e eu não vou sair daqui enquanto ele não estiver resolvido.

- Tu vais para Idris, vais. Eu não vou permitir que me desobedeças desta maneira outra vez.- a minha mãe fala completamente vermelha e eu olho para ela.

- Eu não sou nenhuma criança!! Eu faço o que bem quiser, tu não mandas em mim!! E se vocês não estão de acordo com a minha decisão muito bem, eu compreendo, mas como já disse, vocês não vão conseguir impedir-me.- são estas as minhas últimas palavras antes de sair a correr de casa.

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Olá, espero que esteja tudo bem com vocês. Tiveram um bom Natal?

Antes de mais queria pedir desculpa pelo tempo que demorei para publicar este capítulo. Infelizmente a escola não tem contribuído para o meu tempo para escrever. Obrigado a toda a gente que continua a ler e apoiar esta história, e desculpem mesmo do fundo do coração por ter demorado tanto tempo. Espero que tenham gostado do capítulo, no próximo tenho uma novidade para vocês ;)por isso até ao próximo capítulo.


All the love, hannah


WarriorOnde histórias criam vida. Descubra agora