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Entendimento

Na noite imediata, em seguida a serviços rotineiros, Silas

procurou-nos para a continuação da tarefa encetada.

De regresso ao lar de Luis, alimentamos conversação comum,

sem qualquer alusão aos temas da véspera, e, como que sintoniza-

dos em nossa onda mental de respeito mútuo, Clarindo e Leonel

receberam-nos com discrição e carinho. Afiguraram-se-nos, am-

bos, sobremaneira trabalhados pelas idéias que o Assistente lhes

ofertara indiretamente ao espírito.

Em casa do situante, o quadro não se alterara. Luís e os ami-

gos cavaqueavam cordialmente, comentando as pragas do campo

e as doenças dos animais, a carestia da vida e os negócios infortu-

nados... Entretanto, os dois irmãos demonstravam-se agora clara-

mente desligados de semelhante painel de sombra.

Cumprimentaram-nos com a gentileza irradiante de quem se

punha à vontade para acolher-nos e fitaram Silas com desusado

interesse.

Adivinhava-se que haviam tomado a confissão do Assistente

para valiosas reflexões. Observando-lhes a metamorfose com

inequívocos sinais de contentamento, o chefe de nossa expedição

nem de leve se reportou ao problema de Luís e convidou-os com

lhaneza de trato a acompanhar-nos.

Mostrando a renovação de que se achavam possuídos, incor-

poraram-se, de pronto, à nossa pequena caravana e, atendendo à

recomendação de Silas, os dois, de mãos entrelaçadas com as

nossas, conseguiram volitar com certa facilidade e segurança.

Findos alguns minutos, chegamos a vasto hospital de movi-

mentada cidade terrestre. Na portaria, um dos vigilantes espiritu

ais dirigiu-se carinhosamente a Silas, em saudação fraterna, e o

nosso dirigente no-lo apresentou, atencioso:

– Este é o nosso companheiro Ludovino, que no momento se

encontra encarregado da necessária vigilância, a benefício de

alguns enfermos de cuja reencarnação cuida a nossa casa.

Abraçamo-nos todos, irmãmente. Logo após, o responsável

por nossa equipe de trabalho tomou a palavra, indagando:

– E a nossa irmã Laudemira? Recolhemos hoje notícias gra-

ves...

– Sim – concordou o interpelado –, tudo faz acreditar que a

pobrezinha sofrerá perigosa intervenção. Envolta nos fluidos

anestesiantes que lhe são desfechados pelos perseguidores, duran-

AÇÃO E REAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora