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Débito estacionário

Prosseguimos administrando fraterno auxílio ao lar de Mari-

na, incluindo a assistência ao companheiro que o nosocômio ainda

acolhia, encontrando excelentes oportunidades de estudo e obser-

vação. Conclusões e apontamentos felicitavam-nos a cada passo.

Tarefas e excursões cobriam-se de êxito desejável, quando,

certa noite, no parlatório, foi Silas procurado por um companheiro

aflito, que avisou, atencioso:

- Assistente, nossa irmã Poliana parece vergar, em definitivo,

ao peso da imensa prova.

- Revoltada? - indagou nosso amigo com inflexão de paciên-

cia e bondade.

- Não - aclarou o interpelado. - Nossa irmã está enferma e o

equilíbrio orgânico declina de hora a hora... Apesar disso vem

lutando heroicamente para conservar-se ao pé do filho infeliz.

Silas refletiu por momentos rápidos e falou resoluto:

- É imperioso agir sem demora.

E, qual acontecera em circunstâncias anteriores, utilizamos a

volitação para lograr mais tempo.

A breves minutos, achávamo-nos em paisagem rural pobre e

triste. Num casebre, totalmente exposto à ventania noturna, infor-

tunada mulher jazia enrolada em farrapos, numa esteira de palha

ao rés do solo e, a poucos metros, mísero anão paralítico exibia o

semblante alvar. Reconhecia-se-lhe, de pronto, a idiotia completa,

sob a vigilância da enferma desditosa, que o fitava entre a aflição

e o desencanto.

Abarcando-os com o olhar, nosso condutor informou solícito:

- Temos aqui nossa irmã Poliana e Sabino, o filho desventu-

rado que o Poder Celeste lhe confiou. Espiritualmente, são ambos

tutelados da Mansão, em pedregoso caminho de reajuste.

Entretanto, o generoso amigo parecia mais interessado na as-

sistência prática que na obra informativa. Inclinando-se, atento,

para a desventurada mulher, auscultou-lhe o tórax, explicando

algo inquieto:

- Caso urgente.

E, convidados ao concurso imediato, associamo-nos à minu-

ciosa pesquisa, observando que o coração da enferma apresentava

alarmante arritmia, figurando-se-nos agitado prisioneiro a emara-

nhar-se nas artérias estreitadas em estranhas calcificações.

Examinando aquele atormentado quadro circulatório, o Assis-

AÇÃO E REAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora