Sophia
Sete dias se passaram e nada de Fred. Começo a pensar nos comentários ácidos da Jéssica e por incrível que pareça eles fazem sentido agora, mas tanto faz ser ignorada isso não é o fim do mundo, para alguns é só o começo e esse será o meu.
A campainha toca, sem pensar duas vezes saio correndo para fora de casa em direção ao carro da J., eufórica nem me espera fechar a porta, logo pisa no acelerador, provavelmente com medo dos meus pais virem correndo nos interrogar, já que nunca saí à noite.
A rave onde estamos indo é no meio do mato literalmente, por ser escondida espero ter somente pessoas desconhecidas, não pretendo estar no top ranking dos assuntos.
Estacionamos em frente a uma pedra gigante, o lugar estava lotado de carros e misteriosamente não encontramos uma alma viva andando no "estacionamento".
Setas indicavam uma placa de madeira com o desenho de um sorriso que dava acesso à trilha com iluminação pisca-pisca. Após vinte minutos andando, entramos no coração da floresta. As batidas do funk se chocou contra o meu corpo me ensinando o ritmo. Jéssica dançava jogando o cabelo para todo os lados e colava no chão sem perder a postura. O jeito da sua dança não era nada obsceno, afinal, ninguém parecia saber dançar funk, alguns arriscavam uns passos outros apenas sentia a música.
- Pra vocês - disse com um leve sotaque japonês. Era um garoto dono do cabelo mais negro do mundo, como carvão. Jogando a cabeça para o lado esquerdo afim de arrumar a franja, ele sorriu, mostrando covinhas. Mais que menino fofo. Parece que ele fugiu de um dorama.
- Obrigada - peguei o copo de plastico de 500ml que continha um liquido degrade branco com rosa.
- Que sotaque fofo. Você é de onde? - perguntou Jess, provando a bebida.
- Coreia.
- Incrível. Como chegou em GYN?
- Fui classificado por SET.
- O deus SETE?
Frangindo a testa, ele fixou o olhar em cima de nós duas: Ele mesmo.
- Seu nome? - perguntei amigável tentado quebrar o clima tenso que Jess deixou no ar.
- Dragon.
- Sophia, é o meu nome. Jéssica o dela.
- Querem doce? - Dragon aproximou o potinho de balinhas que os jovens usam para controlar o halito.
- Claro - abri a mão deixando cair uma, o doce tinha o desenho de um pajé em sua face. Nunca vi balinha com desenho, provavelmente ele trouxe da Coreia. Ao meu lado, Jess copiava minhas ações. Dragon se retirou logo após nos servir, desejando uma boa festa.
Aos poucos uma euforia nasceu dentro de mim, prazer, poder, leveza... Pela primeira vez em dezessete anos senti dona de mim mesma. Dançamos por horas, conheci praticamente todos da festa, são muito comunicativos. Extrovertidos, assim como eu estou hoje. Todos na mesma vibe.
O DJ soube escolher boas músicas, desde funk à rock. A festa não parou um minuto e ninguém se cansava, os únicos que estavam no chão era casal de namorados se agarrando. E isso, tinha por todos os lados. Não conseguia fugir do olhar. Perdi a conta de quantas vezes sofri agarro relâmpago.
Senti uma leve tontura, talvez seja pela boca seca, logo em seguida meu coração começou a palpitar, suando frio, tentei procurar a Jess. Mas, minha visão embaçou assim como minha mente. Não saia som da minha boca, por mais que me esforçasse. O desespero me tomou. No terceiro passo a gravidade me chamou para o chão, me deixando com a última frase " Mais pra frente longe do perigo, vi logo um amigo lá no chão travado... ". E tudo se apagou.
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Amor e Seus Crimes
Genç KurguAmor e seus crimes conta a história de duas pessoas: Sophia uma garota exemplar, rodeada de amigos e um futuro brilhante e Frederico um garoto intelectual cheio de mistérios. No entanto, Sophi e Fred se apaixonam, mas o que ela não esperava era des...