Parte Um: I Love My Memories

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  Sobre o Fred: ele é a página mais linda do livro da minha vida. Mas amar não é apenas deixar um sentimento te domar por todos os lados da sua vida. "Amar não é abandonar", essa frase está tomando conta do resto de juízo que tenho em mim e isso está me matando por dentro. Em passos longos estou cortando ao meio o Gru Airport, com a passagem para os Suíça cravadas entre meus dedos. E a cada passo que dou em direção ao portão, as lembranças vão me arrebatando aos poucos.

━➸━➸

  O sino toca e todos os alunos saem ofegantes do colégio com a esperança de conseguirem pegar o primeiro ônibus que encostar no ponto. Enquanto isso, espero o sinal para os carros se fechar e de longe percebo um aceno discreto da Jess. Uma grande amiga de infância que faço questão de manter por perto. Lembro-me do dia que seu pai foi baleado em um confronto " bandido x policial ", a exatamente quatro anos atrás, nós tínhamos apenas 14 anos e tivemos que lidar com uma tragédia revoltante. O Sr. Rodriguez sempre foi um homem trabalhador e honesto, me fazia rir mesmo sem querer, era dono de uma simpatia incrível e talvez seja por isso que tenho tanto orgulho de tê-lo conhecido.

  Uma ombrada me impulsionou para faixa de pedestre lotada de adolescentes uniformizados, que correm e andam como se tivesse um prêmio do outro lado da pista. Com apenas três passos sinto alguém entrelaçar seus braços na minha cintura para que eu não vá de encontro ao chão, meu rosto acomodando-se na camisa me deu a oportunidade de sentir o acelerar de seu coração, sem equilíbrio algum tento me segurar pelo seu bíceps e ele logo abre um sorriso perfeito.

- Se machucou?

- Não, estou bem - me soltando de seus braços -. Muito obrigada.

- Não foi nada - disse ele cerrando seus olhos com a intenção de protege-los dos raios solares.

- Na verdade foi sim.

- Se você diz - estendendo sua mão -. Meu nome é Frederico, mas se preferir pode me chamar de "herói" - diz abrindo um sorriso sarcástico.

- Claro. Frederico é até bom, mais herói, supera - ao som de uma gargalhada alcanço sua enorme mão, que faz a minha se parecer com a de uma criança de sete anos. O olhar do meu "herói" era penetrante, senti que ele poderia ler qualquer intenção que estava aflorando em meu coração e isso me fez corar levemente as bochechas -. Meu nome é Sophia.

  Uma buzina tomou conta de meus tímpanos. "Vamos galera", gritava o motorista "Estou com pressa" ele insistia, sem pensar duas vezes me apressei para sair da faixa e liberar a passagem dos carros. Quando meus pés encontraram um lugar seguro me virei à direção do Frederico, com uma passada de olhar o achei e lá estava ele, do outro lado da pista. Me olhando. Isso fez com que meu coração acelerasse. Como nunca antes.

━➸━➸

  O relógio nunca esteve tão vivo como naquela tarde. O lápis em minha mão dançava em um ritmo frenético, enquanto meu pensamento se organizava em uma tentativa errante de me fazer voltar exatamente no momento em que um novo universo se abriu para mim. Uma pontinha de remorso cumprimentava meu subconsciente me fazendo lembrar da prova de Física que seria aplicada no dia seguinte... no primeiro horário. A coragem naquele momento estava sendo exorcizada pela utopia que me invadia; meu veredito teve que ser imediato: eu vou estudar.

  O ponteiro indicava seis horas e quarenta minutos quando me despedi dos meus pais e parti em direção ao colégio. A manhã sempre foi a parte do dia mais linda para mim, o canto dos pássaros, o espreguiçar dos cachorros, o orvalho de um novo dia, isso tudo é revigorante e inspirador. Sem contar que o nascer do sol é a perfeição pura.

  Me aproximando da faixa de pedestre tive a impressão de ver o Frederico lendo um livro encostado em uma R1 da Yamaha. Ao observa-lo fechar o livro, suspirar e olhar para cima, pude vê-lo melhor e meu coração desacelerou de 80 para 40 km/h. Não era ele. Não era o Frederico. Uma decepção profunda tomou conta de mim, sinceramente eu queria poder ter a chance de encontra-lo novamente. Em questão de segundos me envolvi profundamente nessa questão, chegando a nem notar o quão rápido foi a minha aproximação do portão principal.

- Sophia! - uma voz sonolenta passou pelo meu ombro.

- Oi? - virando-me, deparei com um homem de aproximadamente 1,73 de altura, sua face estava tomada pelo óculos aviador de lentes escuras. Com um sorriso extremamente branco, ele continuou - Lembra de mim, Frederico?

" Oh, meu Deus " pensei.

- Sim, claro.

- Ontem você esqueceu seu livro... No meio da rua.

Estendendo-o, me aproximei com passos curtos: muito obrigada.

- Não foi nada! - deu de ombros.

- Na verdade foi sim - encaixei uma mecha atrás da orelha solenemente.

- Mesmo? - disse abaixando um pouco o óculos e se esforçando para olhar sob eles com a sobrancelha direita se arqueando levemente.

- Com certeza, você salvou minha vida duas vezes. Esse livro é a minha paixão, eu o sinto quando leio, como se eu estivesse na história entende? É tão profundo - trazendo para perto de mim, abracei delicadamente meu romance favorito, ignorando ferozmente aquela cena de sedução hollywoodiana - . Já o leu?

  Concertando a posição do óculos, as linhas de expressões em sua testa deu origem a um semblante acanhado. Enquanto isso, no canto esquerdo da boca estava se formando um sorriso estreito, sua mandíbula quadrada aumentava sua sensualidade infinitamente. Frederico é como uma obra grega: misterioso e extraordinário. - Na verdade sim, virei a noite lendo.

  Com aquela revelação minhas cordas vocais travaram - Wow!

- Desculpa, não tive como pedir permissão.

- Não, não.. estou chateada. Estou impressionada para falar a verdade. O que você achou?

- Boa, é realmente muito real.

  O sino tocou, me fazendo olhar de relance por detrás do portão - Preciso ir. Até mais Frederico! - ao colocar meus pés no primeiro degrau senti sua mão encosta na minha.

- O que fará na sexta à noite? - Olhando em seus olhos, eu sorri.

Amor e Seus CrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora