Amor e Seus Crimes

Parte Cinco: Arms Wide Open

 Frederico

   Terra firme, finalmente, sinto meus ossos desgrudarem da pele em cada movimento, e só de pensar que ficarei sentado por algumas horas me causa calafrios.

  A xícara com café havia acabado de ser posta sobre a mesa, quando Pou aproximou nos alertando sobre a nossa partida. O porto visto de cima me lembrava peças de legos, posta em pontos certeiros. Uma obra de arte. E conforme a paisagem mudava, notava-se que toda essa terra é uma grande obra de Van Gogh.

 Drakensberg é de longe a vista mais linda de todas, repleto de natureza e nada desmatado, e incrível como algo assim possa existir nos dias atuais. Por isso, cheguei à conclusão que se existir realmente o Jardim do Éden, ele está aqui, na Africa, mais precisamente na Cordilheira de Drakensberg.

  Quando pousamos um exército brotou misteriosamente cercando o avião. Pou, arregalou os olhos, passando um certo medo à nossa equipe, não demorando pude notar o desespero na face de Zaki.

 — Drakens... — Zaki grunhiu — Tentarei dialogar com eles!

 — Em vão.

 — Talvez, só o tempo dirá. — Na mira de aproximadamente cem soldados, o Africano saiu da aeronave. O suor escorria de seu rosto como em uma cachoeira de emoções, o seu medo havia passado para mim, não sabia o que esperar e nem como reagir, por mais que fosse experiente em conflitos, aquilo era novo para mim. Retornando com uma mensagem negativa, Pou ligou a cabine de comando, pronto para a partida, foi quando avistei um velho amigo de terno preto se aproximando.

 — Espere! — gritei — Eu conheço aquele homem de preto.

 — De onde?

 — Estudamos o ensino médio juntos.

 — Só por isso, acha que o conhece?

 — Pou, ele que me colocou em AZTLÁN.

 — Bem, meu jovem, "esse" que te colocou em AZTLÁN é um traidor, e não diga nunca mais que o conhece, caso queira viver. Seu novo nome é Drake, o líder dos Drakens.

 — Não é possível... Como se tornou líder?

 — De pouco a pouco, ele fez a cabeça de seis mil homens para se rebelar contra a central, agora plantam, produzem as pastas bases por aqui mesmo, e espalha para o resto do mundo, sem contar que o preço deles está mais acessível que o nosso. Não entendemos até hoje como conseguem vender a preço de banana.

 — E eu não consigo entender como estão vivos.

 — A Cordilheira é repleta de curvas perigosas, armadilhas e animais selvagens é um verdadeiro "Jogos Vorazes".

 — A "Capital" acaba sendo eles.

 — Exatamente, Loki. Aqui somos Katniss e Peeta ao invés da "Central de Panem".

 Barulhos de botões e da turbina começando a trabalhar invadiram o interior da aeronave junto com o cheiro de combustível, isso tudo revirava meu estomago como jiló. "Não pode ser verdade", pensei. PC é o cara mais lerdo que conheço, quer dizer ele perde para o Zaki, mas mesmo assim, ele não teria capacidade para tal coisa, isso tudo soara muito estranho ao meu ver. Em um surto, saí do avião. "Bastardo, volte aqui!", uma voz ecoou. Pontos vermelhos de led me cobriram o corpo, meus olhos arderam, colocando a mão sobre o rosto pude notar o brilho em cima das arvores, no chão, em todos os lugares. Não me importei com armas sendo destravadas e focadas em meu corpo, meus passos seguiram firme em direção ao Drake — o líder.

 — Nem mais um passo, Conde.

 — Não vejo nem um Conde por aqui, você vê?

 — Seja o que for, nem mais um passo.