A dor e saudade, reprimidas, podem magoar muito mais do que se fossem expressas em palavras, ações ou apenas pensamentos. Um exemplo disso era a situação em que Louis se encontrava.
Já tinham passado dois meses desde que Louis soltara a última lágrima por Harry, desde aí ele recusara-se a chorar mais alguma vez. Ele negara-se, também, a sentir algum tipo de saudade. O rapaz tentou esquecer todas as palavras impressas na carta de Harry, mas sem sucesso, pois o mesmo dissera para não as esquecer e aquilo funcionava como uma barreira para as memórias. Era tão mais fácil se pudessem apenas esquecer.
Louis, inclusive, já tinha começado a fazer a catequese para os pequenos do primeiro ano. Talvez aquele momento que acontecia todas as segundas-feiras à tarde fosse o único em que ele se esquecia de toda a sua revolta razão. A inocência e pureza das crianças fazia com que se transporta-se para outra dimensão em que apenas a bondade existia. Talvez um sítio de igual valor ao Céu.
Mas por vezes todas aquela pureza trazia consigo a típica crueldade que as crianças costumam ter.
Uma doce menina de cabelos loiros tinha entrado na turma e, estranhamente, ninguém queria ficar ao pé dela. Ela havia se sentado na ponta da grande mesa, longe de toda a gente, e recebia múltiplos olhares maldosos.
Louis não estava a gostar nada daquilo e, por essa razão, pausou a desajeitada oração do Pai Nosso que as criancinhas já começavam a entoar.
- Meninos, vamos parar um bocadinho. - todas as atenções foram viradas para o rapaz de olhos azuis que fitava todas as mini pessoas em adoração. - Arabella, vem para aqui, por favor.
A pequena rapariga saltou da cadeira e caminhou, confusa, na direção de Louis. Sussurros e leves risadas eram ouvidos na sala. Quando Arabella chegou ao encontro do catequista ele afagou o ombro da pequena e olhou para o resto da turma, clareando a garganta.
- Eu gostaria de saber porque é que ninguém quer ficar ao pé da Arabella. Acredito que ela não vos tenha feito nada. - apenas a voz de Louis se fazia ouvir pela pequena sala. Todos estavam em silêncio até que um rapaz mais rufia decidiu falar.
- O meu papá diz que é feio ter dois papás, e ela tem. Ele disse que não devia falar com ela porque Deus não gosta que dois homens estejam juntos, é feio e nojento. - o mais novo proferiu, olhando com desdém na direção da rapariga ao lado de Louis.
- Vocês todos pensam o mesmo? - a voz de Louis mostrou-se mais severa, enquanto ele olhava sem qualquer emoção para todos os presentes na sala.
- Sim. - as crianças disseram num coro descoordenado.
Louis, então, lembrou-se do casal homossexual que havia se mudado para a vila à cerca de quatro meses. Fui impossível não se lembrar, também, das vezes em que comentou sobre o assunto com Harry, e do facto de que, de certa forma, Harry também fosse homossexual.
- Não. - a voz de uma menina contrariou a afirmação de todos os outros.
- Então, Yasmin, qual é a tua opinião? - Louis perguntou à rapariga de olhos verdes e cabelos castanhos ondulados.
- O meu tio disse que toda a gente pode amar e que não podemos ser gozados por isso. O Jesus diz que temos de ser todos amigos uns dos outros, e não olhar para as diferenças. O meu tio sabe muito sobre essas coisas da igreja.
- Exatamente, a Yasmin tem toda a razão. Não devemos discriminar as pessoas apenas por serem diferentes. Isto não serve apenas para o facto de dois homens ficarem juntos, mas para tudo. Sejam ricos ou pobres, brancos ou pretos, bonitos ou feios, devemos sempre trata-los da mesma maneira. Mesmo as pessoas que roubam e matam têm uma segunda oportunidade para aprender e não lhes podemos apontar o dedo. - Louis explicou, serenamente, virando-se, depois, para a rapariga de cabelos loiros que se encontrava ao seu lado. - agora podes te sentar ao pé de algum dos teus colegas.
A menina passeou o seu olhar pela sala, sem saber para onde ir. Certamente, ninguém a quereria ao seu lado. Ninguém exceto Yasmin que arredou a sua cadeira, dando espaço para Arabella se sentar, e sorriu, abertamente, para a sua colega.
Louis olhou para a cena em frente aos seus olhos e sorriu, carinhosamente. Deu continuação à aula enquanto o seu pensamento voava para um certo rapaz de cachos e luminosos olhos verdes.
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Oi baes :3
Pode parecer que estou só a encher chouriças mas este capítulo tem um propósito. A pequena Yasmin tem uma certa importância. Agora vocês podem fazer as vossas próprias suposições.
Votem e comentem se quiserem. Gosto sempre de saber as vossas opiniões :3
ALL THE LOVE
- Miles
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Sweet Sin » Larry Stylinson
FanfictionHarry Styles e Louis Tomlinson são dois jovens que têm em comum o amor por Deus acima de tudo. Por essa mesma razão decidem entrar num seminário com o intuito de se tornarem padres. As suas ambições seriam fáceis de alcançar se não fosse o incontrol...