Evellyn POV
"Mana, já não há bolachas!" a minha irmã mais nova exclama, correndo na minha direção.
Emma tem apenas oito anos de idade e, sendo a criança que é, não entende o facto de a nossa família passar certas dificuldades. Nunca cresceu com tudo o que quis mas ao ver as outras crianças a pedirem e, imediatamente, a receberem pergunta o porquê de não lhe acontecer o mesmo.
Eu já deixei de comer para dar à minha irmã, especialmente quando se aproxima os dias antes do mês acabar, pois o único ordenado que está a sustentar a casa é o do meu pai. A minha mãe aos cinquenta anos é reformada por impossibilidade motora, devido a um acidente no seu antigo trabalho e, por isso, ela está numa cadeira de rodas. E, mesmo depois de ter sido declarada como incapacitada, a empresa não a indeminizou.
"A mana vai comprar no fim da semana." tento convencê-la. Eu não sei se teremos dinheiro suficiente para comprar mais do que os bens essenciais. Evito levar a minha irmã às compras por isso mesmo. Começa a pedir demasiadas coisas. Não que não lhes queira dar, simplesmente a nossa família não tens fundos suficientes.
"Porque é que a Amber tem a dispensa cheia e eu nem tenho dispensa?" ela resmunga levantando os braços. Os seus grandes olhos castanhos começam a ficar vermelhos e lacrimejantes.
"Amor, a mamã vai comprar-te bolachas agora." a minha mãe faz com que Emma se sente no seu colo, com muito esforço de braços.
"Sim!" a pequena criança sorri feliz, enquanto passa as mãos no seu cabelo.
Eu olho para a minha mãe cuidadosamente e ela dá-me um olhar meigo, explimindo que irá ficar tudo bem. Lanço um suspiro para o ar.
Esta casa foi-nos oferecida pelo dono deste lote de apartamentos, assim que soube das nossas dificuldades. No entanto, só assim foi pois é um grande amigo do meu pai. Por vezes, os vizinhos dão-nos legumes ou caixas com comida que sobra e eu sinto-me mal por nunca conseguir retribuir, apenas com um sorriso sincero de agradecimento.
O ordenado que o meu pai recebe é de 800$ por mês, algo que não dá para conseguir sustentar uma família de quatro elementos, sendo que temos uma criança em crescimento, pagar as contas desta casa e os medicamentos da minha mãe. Por vezes eu tento arranjar um part-time a limpar escadas, no entanto, ao fim de três semanas dispensam os meus serviços. Tive que desistir da escola por não conseguirem pagar os meus estudos e os da minha irmã ao mesmo tempo e, devido a isso, falta-me completar o décimo segundo ano. Hoje em dia não consigo emprego em lado nenhum sem o secundário terminado, pelo menos.
"Podem ser com chocolate?" Emma pergunta à nossa mãe, sorridente.
"Tudo o que tu quiseres, meu amor." a mais velha passa as mãos pelo cabelo preto da minha irmã e eu olho para os seus gestos de ternura pensando em como seria a nossa vida se tivéssemos mais algum dinheiro, numa casa maior.
A minha atenção desvia-se quando ouço a campainha tocar e a mais pequena olha para a porta da entrada, de corpo ereto.
"Podes ir abrir a porta, Evelynn?" a minha mãe pergunta, assim que as nossas vozes se mantém em silêncio por breves segundos.
Eu aceno afirmativamente com a cabeça e levanto-me da cadeira onde estava sentada, caminhando até à porta da entrada. Destranco a mesma e abro-a, revelando a pessoa que está por de trás da mesma.
O meu sorriso cessa quando encontro o homem que ando a evitar à semanas. Philip Rank, um homem com um dos maiores impérios de Londres. O mesmo homem que a minha família mais evita e, mesmo assim, continuamos sem conseguir viver em paz na nossa pequena casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forced // L.T
RandomCom a família a atravessar uma grave situação financeira, Evellyn dispõe-se a aceitar uma proposta de casamento do já maduro empresário Philip Rank. Forçada a algo, Evellyn vê a sua liberdade a chegar ao fim. Com o passar dos dias, uma grande...