Capítulo 12

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Evellyn POV

"Já bastou teres morto a nossa mãe." Esta última frase ficou-me na cabeça. Fiquei a saber que Grace e Louis são órfãos de mãe. Provavelmente foi complicado para Philip lidar com a morte da sua esposa, mas pelo que vi, e me apercebo, ele é um homem frio, sem qualquer tipo de remorsos pelas suas ações. Ou então simplesmente esconde tudo o que sente, como se de um escudo se tratasse.

"Bom, Evellyn, está bom para ti o casamento ser no final do verão?" Philip pergunta, quando ouvimos os passos de Louis pelas escadas.

"Não tenho outra opção." encolho os ombros, retirando o guardanapo que coloquei no meu colo, antes de iniciar a refeição.

"Na realidade, não tens." sorri, bebendo todo o conteúdo que tem no copo.

"E tem algumas notícias da minha família?" pergunto, na tentativa de me mostrar, igualmente, indiferente a toda esta situação.

"Sim." diz, antes de continuar num tom neutro e desinteressado. "A tua mãe já iniciou os tratamentos, o teu pai anda à procura de emprego, a tua irmã foi para o hospital de urgência. Para terminar, algumas pessoas informaram que a tua irmã não estava a ter as condições mínimas de vida e, ao que parece, a assistência social foi visitar a tua família à uns dias."

"O quê?" pergunto surpreendida. Engulo a seco. "Como assim? Vão colocar a minha irmã num orfanato quando ela tem os dois pais ao pé dela? A tratarem-na bem?"

"Na verdade, Evellyn, a tua irmã está sujeita a testes, assim como os teus pais. Se algo correr mal, tiram-na." abano a cabeça, sem acreditar em tudo o que o homem me diz. "Fui ontem fazer uma pequena visita à tua mãe, enquanto o teu pai estava fora de casa. Pelo que ela me disse, estão desiludidos contigo. Digo, ainda pensei no facto de tu os ires visitar, mas a tua mãe disse-me mesmo que tu não eras a sua filha." o que mais me está a irritar nesta conversa é o tom desinteressado que Philip usa. O seu olhar puramente frio e arrogante.

Arrasto a cadeira para trás e sem proferir qualquer outra palavra, corro para o andar de cima, para o meu quarto. Estão desiludidos contigo. A tua mãe disse-me mesmo que tu não eras a sua filha. Isto se quer é possível?

Choro de desespero por saber que agora estou completamente sozinha. Sem família alguma. Provavelmente só a minha irmã ainda pensa em mim. É demasiado nova para perceber o que aconteceu. Eu soube que nunca fui uma filha perfeita. Desisti da escola. Não pude dar um futuro à minha família. Aceitei esta espécie de contrato. Mas saber, pela boca do homem que ainda tem contacto com a minha família, que estes já não querem saber de mim, é algo realmente assustador e deprimente.

Os soluços são vários e não consigo controlar. Eu estou desesperada, completamente sozinha aqui. Alice é uma senhora maravilhosa, mas não passa disso, uma conhecida que me ajuda em tudo. Louis também sempre se mostrou pronto a ajudar-me, mas depois dos episódios desta tarde duvido que queira continuar a falar comigo. Harry, só falei com ele duas vezes. Esta três pessoas foram as únicas que se mostraram simpáticas comigo e nem posso considerá-las de amigas.

Ouço pequenas batidas na porta do meu quarto e não digo nada. Continuo de pernas encolhidas contra o meu peito e de cara escondida por entre os meus braços. Quero estar sozinha, como irei estar a partir de hoje.

"Evellyn?" ouço o meu nome ser chamado, enquanto a porta é aberta. Soluço novamente. "Evellyn, o que é que aconteceu?" reconheço esta voz sendo a de Louis e sinto a sua presença ao meu lado.

"Vai-te embora." murmuro, escondendo ainda mais a minha cabeça, quando Louis tenta tocar-me. "Por favor." soluço. "Vai-te embora."

"Tu não estás bem, eu não te vou deixar sozinha." diz num tom baixo. 

Forced // L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora