Evellyn POV
Ainda continuo paralisada com a má notícia que acabei de receber por parte do meu pai. Emma olha para nós com um ar interrogativo na cara mas não diz nada. O meu pai fixa o olhar no chão e abana a cabeça como se tivesse desiludido consigo mesmo, com os últimos acontecimentos. A minha mãe é a única que parece mais serena com a notícia, ela sempre foi a pessoa que mantém calma em tudo, provavelmente para não piorar a situação. No entanto, surpresa emana na sua expressão facial.
"Como?" é a única questão que a minha mãe faz.
Ouve-se silêncio, seguido de um suspiro do mais velho.
"Alegam que eu roubei dinheiro." o meu pai abana a cabeça. "Por mais dificuldades que passe eu nunca conseguiria fazer isso." a sua voz sai num fio, sussurante.
"Nós sabemos, pai." tento tranquilizá-lo.
"E agora? Eu perdi tudo." ele abana a cabeça, tendo cuidado para não alagar Emma do seu colo.
"Não nos perdeste a nós." a mais velha move a sua cadeira até o seu marido e esfrega-lhe o braço. "Iremos conseguir arranjar uma solução." a sua confiança continua a surpreender-me diariamente.
Eu permaneço calada e abano a cabeça discretamente. De tudo, isto é o que a nossa família menos precisava mas sempre me disseram que se Deus nos colocou dificuldades pelo caminho, é sinal que conseguimos ultrapassá-las. Eu levanto-me sem dizer uma única palavra e vou até ao quarto dos meus pais, onde todos partilhamos a roupa num só armário.
Visto rapidamente uma camisola de malha branca e umas calças velhas que sempre tinha guardadas e, depois de me calçar, penteio os meus cabelos com os dedos. Eu já sei o que irei fazer a seguir. Algo que eu nunca pensei fazer. Nem eu, nem a minha família mas sou maior e mesmo que os meus pais recusem, vou até ao fim. Passo a cara por água e no reflexo do espelho consigo ver que os meus olhos estão brilhantes e as bochechas inchadas.
Suspiro.
"Onde vais?" a minha mãe pergunta levantando uma sobrancelha, quando pego nos meus documentos.
"Vou ter com a Miriam." minto. Miriam é a minha única amiga. A única que sabe toda a minha vida e por todas as dificuldades que passo. A única que também sabendo tudo, não me deixou sozinha.
"Não demores, filha." o meu pai diz cautelosamente.
Eu assinto e despeço-me de todos, depositando um beijo na testa de Emma que me pede, novamente, para trazer bolachas de chocolate. Eu suspiro e a minha mãe diz-me para o fazer. Eu assinto e beijo-lhe a bochecha, fazendo o mesmo com o meu pai.
"Volto antes do jantar." é tudo o que digo antes de fechar a porta da entrada.
Caminho pelas ruas de Londres e fico feliz pelo inverno já estar a passar. Não gosto de usar muita roupa e no Inverno é tudo o que nos aquece uma vez que não temos lareira nem aquecedor. Por isso, são necessários vários lençóis para ajudarem a aquecer os nossos corpos e eu não gosto disso. Apesar de os verões não serem severos em Inglaterra, sempre é melhor do que dormir e passar o dia com graus negativos.
Caminho durante, pelo menos, meia hora. Eu vivo longe da cidade, onde se localizam as maiores sedes de empresas, supermercados e locais de lazer. No local onde moro existem apenas casas e parques, um local perto da degradação. Sei também que é um dos locais mais perigosos de londres, onde gangues e criminosos permanecem para realizar as suas tarefas.
Caminho mais alguns minutos e paro assim que me encontro à frente de "Empire Rank" e penso novamente se isto é mesmo necessário ou se simplesmente não há outra saída para a minha família. Depois de muito pensar apercebo-me que só eu consigo salvar a minha mãe e a minha família. Ou é isto ou é, possivelmente, morrer à fome.
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Forced // L.T
RandomCom a família a atravessar uma grave situação financeira, Evellyn dispõe-se a aceitar uma proposta de casamento do já maduro empresário Philip Rank. Forçada a algo, Evellyn vê a sua liberdade a chegar ao fim. Com o passar dos dias, uma grande...