Capítulo 9

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Evellyn POV

"Estás bem?" Louis pergunta, continuando a sua refeição.

"Irei ficar." encolho os ombros, olhando para baixo. "Cheio de trabalho?" pela primeira vez, decido continuar uma conversa.

"Tenho que acabar o relatório e ainda me falta o ano de 2013." suspira, bebendo o sumo. "Tive a noite toda à procura dos dados dos anos perdidos."

"Se tu quiseres ajuda..." ofereço timidamente, encolhendo os ombros.

"Tu percebes alguma coisa de gestão e finanças?" pergunta colocando o braço por cima da mesa, empurrando o prato para a frente.

"Não." abano a cabeça. "Mas podias precisar de algo." encolho os ombros, envergonhada.

Sinto os seus olhos a queimar a minha pele e fico corada. O meu estômago revira e decido acabar a minha refeição por aqui, bebendo apenas um pouco de água.

"És boa a ditar?" pergunta sorridente, depois de alguns segundos.

"Ajudava a minha irmã a fazer os ditados que era preciso para os trabalhos de casa." encolho os ombros novamente.

"Ótimo." Louis sorri e levantasse, pedindo para o seguir.

Reticente, levanto-me arrumando a cadeira.

Alice aparece na sala de refeições para levantar a mesa e eu pergunto se não quer ajuda e esta nega, dizendo que eu podia ir à vontade. Assinto e sigo Louis.

Subimos as escadas, o Louis mais rapidamente que eu, e o este entra numa das divisões que nunca tinha visitado. Paro no corredor, reticente.

"É o meu quarto. diz, voltando a olhar para o corredor, na minha direção. "Não gosto de trabalhar no escritório do meu pai." informa. "Podes entrar, não tenhas medo." sorri delicadamente e eu assinto.

Paro novamente à entrada do quarto e este encontrasse bastante arrumado, para o que eu achava que era o quarto de um rapaz. O seu quarto divide-se entre o preto e o azul e eu realmente gostei do ambiente. Tinha uma estante, com alguns livros, uma aparelhagem por cima de um móvel e a cama era de casal, bastante maior que a minha.

"Bom, aqui estão os registos do ano de 2013." entrega-me um molho de papéis. "O que eu preciso é que me vás dizendo estes números." aponta para a primeira coluna e eu assinto, parecendo fácil.

Louis sentasse na secretária, com o computador portátil à sua frente e, antes que me pedisse para começar, faz alguma coisa no computador. Eu não entendia muito sobre tecnologia e, por isso, esperei pacientemente. 

"Podes comecar." estala os dedos e eu encolho-me com o barulho. "Desculpa." Ri, ao aperceber-se do meu desconforto.

"12 789 657, Janeiro." digo, vendo o mês à frente.

"Sim, assim é mais fácil." ele agradece a minha ideia de dizer o mês. 

Lanço-lhe um sorriso honesto e sem medos, pela primeira vez que estou cá, nesta casa desconhecida.

"12 907 997, Fevereiro." coloco o meu dedo na folha, para não me batalhar e dizer os números errados.

Ia ser uma hora complicada.

***

"15 876 130, Dezembro de 2018." digo suspirando. "Tirando o valor do saldo perdido, 10 850 827."

"Feito." Louis diz, sorrindo. "Não sabia que eras tão boa a matemática." diz virando-se.

"Pois." respondo apenas, não adiantando mais sobre a minha vida privada e quanta facilidade eu tenho com números.

"Isto sem a tua ajuda teria demorado o dobro do tempo. Obrigada." a sua impressora começa a fazer alguns sons e deduzo que ele esteja a imprimir o relatório.

"De nada." sorrio entregando-lhe as folhas. "Só tens meia hora, para a reunião, não é melhor despachares-te?"

"Sim. Obrigada, novamente." levantasse, caminhando até ao que presumo ser a sua casa de banho.

Eu levanto-me da sua cama, confortável, e saio do seu quarto. Quando vou em direção ao meu quarto, com intenção para continuar a ler o livro, ouço o meu nome ser chamado.

Viro-me e sinto o meu sangue prender-se na minha cabeça, especialmente no espaço designado para as minhas bochechas. Louis encontra-se a espreitar pela porta do seu quarto e consigo ver perfeitamente as suas clavículas e meio tronco. Ele está em tronco nu à minha frente e eu não sei como reagir pois, apesar de tudo, ele é o filho do Philip. O homem com quem me vou casar. 

"Podes dizer a Goeorge para colocar o carro a jeito?" a voz de Louis ajuda-me a voltar á realidade.

"Sim." digo.

Rapidamente viro as minhas costas para o rapaz que se encontra a espreitar pela porta e suspiro, tentando aliviar o meu nervosismo. Caminho em direção ao andar de baixo. O único homem que eu vi em tronco nu foi o meu pai e era algo normal, nós somos família. Louis não. Pelo menos por enquanto. Eu irei ser a sua madrasta. E isto soa tão mal como no início. 

Quando penso no seu pedido, apercebo-me de que não sei quem é George, mas Alice deve saber e ajuda-me. Vou direção à cozinha, onde Alice está a descascar alguns legumes e tento ignorar o que acabou de acontecer.

"Alice, quem é o senhor George?" pergunto quando entro na divisão.

"É o motorista da família, porquê?" pergunta atenta na sua tarefa, no entanto, a olhar para mim.

"O Louis pediu para eu lhe pedir para colocar o carro a jeito." franzo a testa pela confusão da minha frase, que no fim, fez sentido.

"Eu peço, podes ficar descansada." Alice sorri, limpando as mãos ao avental.

"Não precisa de ajuda?" pergunto.

"Não, minha querida."

O seu sorriso é reconfortante e eu sorrio de volta.

Subo as escadas, indo para o meu quarto. Fecho a porta atrás de mim e depois de pegar no peluche que a minha irma me deu, cheirando-o uma nostalgia tocou-me. Como sempre, o cheiro da minha pequena bebé está entranhado no peluche e eu encosto-o contra o peito. Tenho que arranjar maneira de contactar com eles. Como? Não sei.

Para me distrair eu podia simplesmente continuar a ler o livro, mas não me está a apetecer ficar presa no quarto. Ainda dou em doida. Uma vez que tenho que me conformar que irei passar os meus dias fechada nesta casa, tenho que me habituar ao ambiente que me envolve.

Volto a sair do quarto, descendo as escadas. A casa está mergulhada num silêncio profundo, o que me causa alguma estranheza, e caminho em direção à cozinha, onde Alice não se encontra.

Pego numa peça de fruta pois tantos números deram-me fome e caminho até ao espaço exterior.

Nunca tinha vindo aqui antes, apenas vi este local da janela do meu quarto e posso afirmar que é bem melhor presenciar esta beleza. Caminho pelo jardim e sento-me à borda da piscina, com cuidado para não cair.

Mexo na relva bem cuidada e sorrio para o chão. Não de felicidade, ironia. De um momento para o outro fiquei com tudo, em termos de material, e com nada em termos pessoais e sentimentais. Como isto é possível? Aliás, Philip não me faz mais nenhum pedido. Não que eu queira, claro, mas é estranho o facto de ele quase me ter obrigado a casar com ele, por razões ainda por mim desconhecidas, e depois só me fala nas refeições e pouco mais.

Preciso de parar de pensar tanto. Como a minha mãe sempre me disse: 

"Vive a vida ao limite, um dia de cada vez".

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Forced // L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora