IV

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- Jamie? - questionou ela entusiasmada e sorridente.

- Sim Charllote, o Jamie. - confirmei.

Tinhamos chegado a casa pouco depois do início da nossa conversa. Enquanto retirava a minha irmã da cadeirinha, esta não parava de fazer perguntas sobre o jantar parecendo um verdadeiro interrogatório judicial. Por momentos fez-me sentir como uma verdadeira criminosa. A ideia de não ir passou-me pela cabeça mas sabia que não me adiantava de nada, Clara ia persistir no assunto.

- Dona Clara, a Mary vai jantar com o Jamie! - o questionário de Charllote terminou assim que viu a Clara perto do carro. Correu directamente para ela e abraçou-a.

Para Charllote, Clara era uma mistura de mãe, com babysitter, com amiga. Ela adorava-a e eu também, admito.

- Sabia sim, e nós vamos ficar juntas a noite toda. Vamos divertir-nos imenso, prometo. - prometeu Clara beijando os seus dedos indicadores que se encontravam em forma de cruz trocando a posição dos mesmos a cada beijo.

Enquanto caminhava para dentro de minha casa, o meu telemóvel, que estava na minha mão, vibrou como sinal que uma mensagem tinha chegado aquele dispositivo. Logo a li.

James Parker
"Querida Mary Anna,
Não se preocupe, eu não vou desmarcar o encontro que tanto desejou ter comigo. Só há apenas um probleminha com esta nossa saída. Como eu disse anteriormente, eu iria buscá-la a casa. E eu, como Homem (Homem com H maiúsculo) de palavra que sou, não gosto de romper com as promessas que faço. Pois bem,  como eu não tenho uma equipa que conseguia o seu endereço em menos de dois segundos e ainda não virei bruxo (saliento a palavra 'ainda'), Madame Mary Anna (nome esquisito digo já) não se importa de me indicar o caminho para que  às 20h00 em ponto possa estar em sua casa com um buqué de flores e exclamar 'estás linda!'?

Melhores cumprimentos,
x James Parker"

Tentei não me rir, e por incrível que pareça consegui. Mas o sorriso não escapou dos meus lábios agora macios pelo batom que estava a usar contra o cieiro.  Respondi em seguida sem muitos rodeios e levando toda aquela mensagem para o lado brincalhão.

"Caro James Parker (e começo por dizer que o seu nome não é melhor que o meu. Não tem cara de quem arruma carros[*]),
Vamos, antes de lhe dizer qualquer coisa que seja, colocar os pontos nos i's. Primeiramente o 'encontro', que não é encontro, é apenas um jantar, não foi desejado por mim. Se bem me lembro, eu neguei o seu convite, que aliás foi mais uma ordem, devido a ter uma criança de 5 anos para cuidar. No entanto, a minha querida vizinha voluntariou-se para tomar conta de Charllote. Pode agradecer-lhe depois. Em seguida, não acho que Homem seja a palavra correta para o caracterizar. Contudo, ainda não o conheço demasiado bem para dizer se é, como diz, 'de palavra'. Depois, o facto de que 'ainda' não é bruxo é um tanto... reconfortante. Para concluir, o buqué de flores e a exclamação 'estás linda!' podem muito bem ficar em casa pois não me compra com essa. Para mim o Senhor James é um mulherengo :)

Até mais tarde,
x Mary Anna (com muito orgulho)

P.S.:  o endereço é 5854 West Century Boulevard, Los Angeles[**]"

Cliquei na zona do ecrã que permitia que aquele longo texto fosse transmitido a James. Guardei o telemóvel no bolso de trás dos meus calções pretos de malha e quando dou por mim estava já dentro de casa.

Charllote não se incomodou mais com o jantar. Estava neste momento a brincar no seu quarto. Eu tinha ido para o meu, juntamente com Clara para decidir o que iria vestir.

- Fiquei muito incomodada quando falei a verdade a Charllote... - desabafei enquanto procurava no meu armário algo decente de se usar num jantar enquanto Clara estava sentada na minha cama, no lado paralelo ao armário.

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