V

153 25 3
                                        

James desligou o motor do carro e saiu do mesmo. Avançou para o meu lado do carro e abriu-me a porta.

- Cavalheiro: qualidade. - apontou ele a seu favor, com aquele famoso sorriso malicioso enquanto estendia o seu longo braço para que me apoiasse nele.

Despertou um sorriso nos meus lábios. - Isso é para a minha lista ou para os anotamentos na tua mente? - questionei já fora do carro.

Não obtive resposta verbal por parte dele, apenas sorriu. De uma forma muito delicada, pega na minha mão e direciona o meu passo. Ficamos cada vez mais distanciados do carro e da última zona iluminada. Não sabia para onde ele me levava mas começava a ficar receosa. Apesar da minha visão não ser totalmente nítida, conseguia sentir espinhos daquilo que provavelmente eram silvas, rasparem nas minhas penas nuas. Odeio natureza! Pensei.

- James...? - perguntei inserta do caminho onde este me levava. - onde estamos?

- Confias em mim? - ele questionou calmamente sem nunca abrandar o passo.

- Sim. - Não! O que é que eu estava a pensar? Ele poderia ser um criminoso qualquer e eu estava a confiar-lhe a minha vida! - apenas perguntei por curiosidade.

Ele não tratou de me esclarecer onde me levava. Continuou o caminho em silêncio durante aquilo que parecia uma eternidade até que comecei a ver luminosidade a trespassar entre os ramos dos pinheiros que nos rodeavam. Assim que visualizei o local onde aquela luz presente se encontrava, pude contemplar com uma pequena cabana de madeira. Esta tinha um caminho que levava até à porta principal. No lado esquerdo da porta, tinha um banco branco, que já era mais avermelhado devido à ferrugem. Esse pequeno banco estava revestido pela prolongação do telhado. Junto da casa tinha uma fogueira que naquele momento se encontrava apagada. Era magnífico aquele cantinho. Poderia me imaginar sentada naquele banco a ler um livro enquanto ouvia as folhas das árvores que rodeavam a cabana, dançar em sintonia com o vento calmo. Imaginava uma noite de verão, à volta da fogueira com Charllote e Clara, a contar histórias enquanto aquecíamos marshmallows com o calor das chamas. Aquele sítio era perfeito.

- Onde estamos? - questionei direcionando depois o meu rosto para o dele que me olhava atentamente tentando avaliar a minha reacção.

- Digamos que este sítio é especial para mim... - ele explicou com calma e clareza na voz. - tenho muito boas memórias aqui e pensei em fazer mais... contigo. - não pude evitar que o pigmento avermelhado retornasse às minhas maçãs do rosto.

- Sinto-me lisonjeada. - murmurei mordendo o lábio de seguida.

- Não mordas o lábio. - ordenou e pude ver que o fiz desconfortável.

- Não volta a acontecer. - disse mordendo o lábio uma outra vez numa forma de provocação.

- Isso vai-te sair caro. - ameaçou olhando-me intensamente. Tratou de desfazer a minha mordida com o seu polegar da mão direita, que havia levado aos meus lábios.

Encarou os meus lábios durante alguns segundos, continuando depois o caminho em direção ao interior da cabana. E o interior era tão simples mas ao mesmo tempo tão fascinante quanto o exterior. Logo em frente poderia ver um sofá de dois lugares castanho de tecido. Em frente ao mesmo, continha uma mesa retangular num tom beije escuro com alguns adornos decorativos em cima. O chão estava revestido por um tapete cheio de pequenos mosaicos multicolor. No lado esquerdo, a cabana dispunha uma pequena cozinha, com apenas um frigorífico, um fogão, um lavatório e uma pequena mesa com duas cadeiras a acompanhá-la, tudo em tons claros. Já no lado direito, puder ver umas escadas que davam para uma espécie de varanda interior. Esta suportava um colchão revestido de lençóis, mantas e almofadas. Por baixo das escadas, encontrava-se a única divisão da casa. Não pude ver o que esta continha visto que a porta se encontrava fechada. Provavelmente era a casa de banho.

Suites&Ties[EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora