não se esqueçam da música na mídia: Tom Odell - Grow Old With Me.
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Harry havia acordado com o som do piano há um bom tempo, mas voltou a dormir por achar que estava sonhando. Só quando percebeu que Louis não o abraçava na cama, soube que estava bem acordado.
Ele cambaleou pelo corredor, guiado pela música, até o quartinho escuro e escondido atrás da pequena varanda Flórida da casa. Viu que a lua estava enorme no céu, sem nenhuma nuvem para a cobrir. Era uma bela noite.
- Lou?
Louis para de tocar o piano e se vira na direção da porta. Seus olhos encontram Harry com moletom e uma camiseta velha, passando a mão em seu rosto para afastar o sono.
- Oi, Haz.
- Por que está acordado agora? Aconteceu alguma coisa?
- Na verdade, não. Só perdi o sono.
Louis escorrega para um lado no banco do piano e pede para que Harry se sente. O maior praticamente se joga no estofado e apoia sua cabeça no ombro do namorado, seus olhos ficam fechados enquanto Louis toca notas qualquer no instrumento.
- Você dormiu um pouquinho?
- Uhum, cochilei por uma hora, eu acho.
- Quantas horas são agora?
- São quase duas da manhã.
- Temos que almoçar com a minha família hoje.
- Sim, meu bem. Mas é só mais tarde.
- Uhum.
Louis continua com a música agradável de fundo, que chega a ser aconchegante como um abraço. São notas suaves, mas não tristes, apenas calmas.
A lua entrava pela parede de vidro atrás do instrumento, e enquanto seu namorado anda no limite da sonolência, ele olha para o céu, se sentindo nostálgico. Até que escuta uma risadinha baixa, o atraindo para olhar o rosto de Harry.
- O que foi?
- Nada. Eu só lembro que quando compramos essa casa, tivemos uma grande briga para decidir se aqui seria a cozinha ou a sala de música.
- Ah, é verdade. Ficamos uma semana sem nos falar, até que finalmente decidimos ser maduros e entrar em um acordo.
- Apostar no cara ou coroa.
- Yep. Até hoje não acredito que ganhei, sempre tive azar nesses jogos.
- Você sempre ganha quando joga comigo.
- Mas só porque você me dá sorte.
Harry abre um dos olhos e sorri para Louis, lhe dando um selinho. Os dedos do menor começam a tropeçar nas notas do piano, assim como seu coração tropeça em seu peito. Ele leva um tempo para suavizar seus batimentos, respirando fundo várias vezes. Não podia correr o risco de errar.
- Harry?
- Hm?
- Você está me escutando?
- Uhum.
- Promete não dormir por enquanto?
- Prometo tentar.
- Certo. Tem algo que eu quero te mostrar.
- Tudo bem.
Harry se manteve na mesma posição, com a cabeça no ombro de Louis e os olhos fechados. O menor junta fôlego e solta diversas vezes.
Seus dedos tocam as notas suavemente, e ele as repete até que se acostume para não errar. Com sua voz baixa, para que não alarmasse Harry, começa a cantar.
- Eu posso sentir você respirar, o seu cabelo em minha pele, a medida que nos deitamos com a noite. Eu puxarei o lençol quando seus pés estiverem frio, porque você volta a dormir toda vez. Envelheça comigo e vamos partilhar o que vemos. O melhor que poderia ser, somente eu e você.
Com seus dedos já automáticos nas notas, Louis consegue desviar o olhar do piano para o rosto de seu namorado enquanto toca. Harry está sereno, puxando o ar pelos lábios entreabertos e respirando pesadamente. Talvez ele tenha dormido. Louis sorri para a cena e deposita um beijo leve na testa do maior antes de voltar a cantar.
- E nossas mãos podem envelhecer, e nossos corpos vão mudar, mas ainda seremos os mesmos que agora somos. Ainda cantaremos nossa canção, quando nossos cabelos não estiverem mais tão castanhos e nossas crianças cantarem que estávamos certos. Você será o único que me faz sofrer e me faz gozar, me faz sentir que sou real e estou vivo. Então envelheça comigo e vamos partilhar o que vemos. O melhor que poderia ser, só eu e você.
Louis toca as últimas notas da música, concentrado. Quando termina, olha para Harry de novo, que se mantém na mesma posição de antes. Ele estende o braço e puxa uma caixinha preta de veludo que está encima do piano, abrindo-a e revelando uma aliança de ouro, que reflete o brilho da lua.
De repente, Louis sente Harry levantar de seu ombro, e quando vira sua cabeça para o olhar, sente os lábios carnudos e macios contra o seu. Ele fecha seus olhos e corresponde o beijo, preguiçoso e lento, mas cheio de carinho.
Apenas eles, como sempre. Quando Harry abraçava, beijava ou apenas tocasse o seu namorado, sentia que tudo ao seu redor ganhava uma cor a mais, tudo ficava intenso. O borbulhar que sentiu em sua barriga quando Louis pediu para o beijar da primeira vez, nunca o abandonou, sempre esteve lá, em todos os momentos.
Já Louis, nunca se livrou da explosão quente e acolhedora que sentiu em seu coração quando Harry estava parado na porta de seu quarto de hotel, dizendo ser seu vizinho da frente.
Harry apoia sua testa na de Louis e segura seu rosto pela bochecha. O menor acaricia a mão de seu namorado e o vê abrir os olhos, fundos devido ao sono. Os dois sorriem, por saberem o que o beijo passado significou.
- Sim.
- Sim o que?
- Vamos envelhecer juntos.
- Harry, não foi bem isso que eu quis dizer. Eu quero me casar com você.
- Eu entendi, vi a caixinha. Não sou tão lerdo assim, ok?
- É sim.
- Sou não.
- Espera, você disse sim?
- ...Sim.
- Mesmo?
- Por que diria não?
- É o que eu perguntaria.
- Mas eu aceitei, então você já pode me beijar e parar de confundir minha mente.
Louis faz uma careta, antes puxar o rosto de Harry e o dar vários selinhos estalados, com tanta força que o derruba do estofado do piano.
Harry resmunga de dor, falando que suas costas provavelmente estralou oito vértebras e que seu médico mandou ele relaxar por alguns dias por conta do tombo que levou caindo da escada do trabalho de Louis.
- Você vai ter que aguentar isso, reclamão. E sabe por que?
- Por quê? Mas é melhor que seja uma ótima justificat-...
- ... Porque agora eu sou seu marido.
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fim.
