Fenômeno

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Aquela manhã de terça-feira amanheceu mais feliz pra mim. Mesmo que Bella não tivesse conhecimento de quem eu realmente sou, eu pude ser apenas um adolescente de 17 anos com ela. Falei pra ela coisas que nem mesmo Alice, minha irmã e melhor amiga, sabia de mim.

Mas, ainda havia aquela sombra. A sombra do que eu sou e de tudo que eu posso fazer com ela.

Depois de me arrumar fui pra mansão.

Bella estava linda. A pele muito pálida brilhando ao sol, os olhos dourados como os meus e um sorriso enorme e feliz, mais feliz que qualquer um que já vi, em seus lábios tentadoramente avermelhados.

Ela pulava em meus braços e nos beijávamos com amor. Todo amor do mundo.

Ela era uma vampira.

-Isso não vai rolar! -Falei rosnando.

-O que está acontecendo? -Carlisle perguntou ao ver minha reação.

-Tive uma visão. Bella será uma de nós.

-Não vai mesmo! Nenhum de nós teve escolha, mas, ela tem! Não vou fazer isso com ela!

-Irmão, eu vi. Não tem como correr disso!

-Como não? Eu só não a transformo e pronto!

-O problema é que na visão em que você se nega ela passa a te odiar. Apenas dois dias depois Bella aparece de olhos vermelhos, um ódio puro e manto negro! Aro a quer!

Meu corpo inteiro tremeu.

De alguma forma Aro sabia. Ele sabia que Bella estava comigo e a cobiçava.

-Depois eu penso nisso. Não vou permitir que ela perca a vida dela. Nem mesmo por mim!

Alice fechou a cara. Ela sabia que não tinha mais o falar comigo. Mas, conhecendo ela como eu conheço, ela não vai parar por aí.
Assim que chegamos Bella já estava ali com sua picape. Antes que eu pudesse pensar demais as coisas aconteceram. A van de Tyler vinha em toda velocidade na direção de Bella.

Não. Eu não posso perdê-la!

Ignorando meus irmãos que pediam para eu não fazer isso, corri em minha velocidade vampírica até ela e me coloquei entre seu corpo e a van. A marca da minha mão ficou na lataria. Mas, eu fiz como se a picape tivesse nos protegendo.

-Bella? -A chamei. -Fale comigo, princesa. Acho que bateu a cabeça

- Estou bem... -Ela falou e fez uma careta. -Minha cabeça... Ai!

Reprimi uma risada. Teimosa!

-Calma. O Socorro está chegando.
-Apenas me ajude a levantar.

-Fiquei quietinha.

A ambulância chegou. Fingi ter uma dor no ombro. Minha família me olhava chocada. Mas, nem mesmo guardar o segredo seria mais importante que Bella.

Carlisle me olhou como se entendesse. Bem, ao menos ele é Alice eu sabia que me entenderiam.

Enquanto Bella foi na ambulância eu fui com Carlisle. Deixei as chaves do volvo com Alice. Ela voltaria com os outros pra casa.

No hospital, meu pai fingiu me atender. Foi bem quando Charlie chegou desesperado em busca da filha.

-Rapaz, obrigado pelo que fez! Se machucou?

-Ele deslocou o ombro apenas, Charlie. -Carlisle falou. -Por sorte a caminhonete de Bella amorteceu tudo e não aconteceu nada mais grave com eles dois.

-Como ela está?

-Pode ir vê-la. Eu já vou fazer mais um exame e ver se posso liberá-la.

Charlie foi ver a filha e eu tive que colocar uma tipoia ridícula.

Fui até a enfermaria. Bella estava falando com o pai.

-Edward! Cara, me desculpe! O gelo no chão...

-Sem sangue, sem crime. Estamos todos bem, Tyler. Não tem porque se desculpar. -Falei e ele assentiu mais tranquilo.

Bella me olhava confusa. Algo se passava na mente dela e era horrível que eu não pudesse ler seus pensamentos.

-E como você está? -Perguntei.

-Fora o mico de sair numa ambulância e um pouco de dor de cabeça, estou perfeitamente bem. Se machucou o ombro, porque não veio na ambulância?

-Tudo depende de quem você conhece, baby. -Falei rindo e ela revirou os olhos.

Meu pai apareceu e eu notei que Bella ficou meio... Deslumbrada?!

Ok, eu sei que não deveria sentir ciúmes. Era algo natural da nossa espécie deslumbrar as pessoas. Mas, não pude deixar de não gostar disso.

Ela está perfeitamente bem. Pode ficar mais tranquilo. -Carlisle me falou e eu assenti minimamente.

-Bem, vou te receitar uns analgésicos. Seu corpo vai protestar pelo ocorrido, mas, não tem fraturas nem nada mais que um galo na cabeça. Dois dias em casa e estará novinha em folha! -Ele falou entregando as receitas a Bella.

A ajudei a levantar.

-Podemos conversar? -Ela perguntou. -Por favor?

-Tudo bem. Vem comigo.

Fomos para um corredor vazio e mais afastado.

-O que foi? -Perguntei tentando soar despreocupado.

-Como chegou tão depressa até mim? -Ela perguntou de forma direta.

Minta!

-Bella? A pancada foi forte, não é? Eu estava do seu lado. Tinha acabado de chegar quando aconteceu.

-Não. Edward, eu posso ser tudo, menos louca. Estou bem lúcida! Eu vi! Você parou a van... Com a mão! Você estava perto dos seus irmãos e não ao meu lado!

-Você está confusa pela batida. Descanse e vai lembrar.

-Eu sei o que eu vi. Prometo não falar nada, só quero saber a verdade!

-Você não pode simplesmente agradecer?! -Falei nervoso.

-Se é assim, obrigada.

Ficamos nos encarando por um minuto inteiro.

-Você não vai esquecer disso, não é?

-Pode apostar que não, Edward! -Ela falou decidida.

-Ok. Espero então que aguente decepções! -Falei e virei a deixando ali.

Merda! Se ela fosse mais fundo nisso, além de entrar num caminho extremamente perigoso, ainda vai entrar num mundo que eu desejo que ela não pertença.

As visões de Alice, sobre Bella, eram claras. Feliz de olhos dourados, cruel de olhos vermelhos.

Eu não sabia o que pensar, não sei o que estou sentindo sobre isso. Bella pode ter toda uma vida. Mesmo que me doa!

Ela pode casar, ser mãe, ver sua família crescer, ter netos... Ser plenamente feliz. Eu jamais poderia dar isso a ela, por mais que este fosse meu desejo.

Estou parado em meus 17 anos desde 1918. Sempre o mesmo, nada mudando... Mas, Bella está na flor de sua vida. Pode ir a festas, ter namorados... Ela é um ser que muda a cada dia. Não posso tirar isso dela, mas, também não posso, não consigo, me afastar!

Minha mente estava a mil. Parei o volvo perto da clareira e segui para o meu refúgio. Apenas Alice tinha conhecimento daquele local. Mais ninguém.

Sentei na grama verde e suspirei. Olhei para o céu quase escuro e chorei. Um choro que nem mesmo lágrimas me era permitido. Só havia uma saída. Eu tinha que deixar Bella. Ignorar o que eu sinto, afastá-la enquanto é tempo. Sempre cuidaria dela, mas, jamais iria impor essa vida a ela... Ou "não-vida" em todo caso.

É isso. Eu vou me afastar dela.

Vai ser melhor assim.

A New Story... By: Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora