Gelo

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Ao chegar em casa, notei que todos sabiam da minha decisão. Mas, ninguém comentou absolutamente nada.

Dois dias se passaram correndo. Bella estava de volta a escola. Assim que cheguei ela acenou pra mim. Me controlando ao máximo, virei o rosto e entrei na escola. Pela mente de Ângela eu vi o quanto isso a machucou. Melhor assim. Se ela se afastar agora é o certo.

No almoço ela sentou sozinha. Ouvi a desculpa que deu de que estava precisando terminar uma atividade.

Na aula de biologia, essa eu tinha deixado passar.

-Edward? -Ela me chamou e eu a olhei do modo mais frio que pude. -O trabalho...

-Faremos aqui na biblioteca. Pronto. -Falei e voltei a ignorar ela.

O professor não veio, então, fomos para nossas próximas aulas. A encontrei na biblioteca. Ela me entregou a folha do trabalho.

-Eu... Falei com o senhor Molina. Vou fazer o trabalho sozinha. Como já começamos, você fica com essa parte pronta e eu com a outra. Pode procurar outro parceiro. Eu troquei de horário.

-Bella...

-Não... -Seus olhos estavam marejados e isso foi o mesmo que me matar por dentro. -Eu não entendo seu desprezo. Mas, não posso te obrigar a gostar de mim. Eu... Até!

Ela saiu correndo. Mas, seu caderno ficou sobre a mesa. Tentei, eu tentei demais me controlar, mas, não consegui.

Abri e notei que não era bem um caderno qualquer. Era uma espécie de diário.

Hoje eu o conheci. Pode parecer loucura, mas, eu venho sonhando com ele desde que... Acho que desde sempre. Meus sonhos não fizeram jus. Edward é ainda mais lindo pessoalmente do que em sonhos. Ele é estranho. Sorriu pra mim no refeitório, mas, na sala de aula parecia que eu tinha pisado no gato dele!

Eu fiquei com medo.

Mas, quem não teria medo de um vampiro?

O meu vampiro!

Arfei. Bella sabia! Ela sempre soube quem eu era e mesmo assim quis ficar perto de mim. Ela queria apenas uma confissão minha.

Peguei minhas coisas e procurei mudar meus horários para os mesmos que Bella. Não foi problema nenhum já que os sistema... Misteriosamente... Deu uma pane.

Cheguei a casa de Bella. A viatura de Charlie não estava ali. Toquei a campainha e ela abriu a porta. Meu corpo inteiro tremeu. Bella estava enrolada numa toalha. Ao me ver seu coração acelerou.

-Podemos conversar? -Perguntei tentando não olhar demais seu corpo perfeito.

Ela assentiu e deu passagem para que eu entrasse. Fomos para sala.
-Vou me trocar. -Ela falou corando.

-Dane-se! -Falei e a puxei pra mim atacando seus lábios.

Bella arfou e segurou meus cabelos entre seus dedos. Nossas línguas travavam uma batalha.

Apertei sua cintura a colando mais em mim. Notei que ela estava sem ar e fui parando com selinhos. Ela me olhou confusa e ao mesmo tempo com um enorme sorriso nos lábios.

-Edward...

-Como descobriu o que eu sou? -Perguntei e ela mordeu o lábio.

-Eu... Digamos que os Quileutes sabem bem quem vocês são. Estava na casa de um amigo do Charlie. Ele acabou sentando ao redor de uma fogueira e nos contou histórias. -Ela falou. -Ele citou os frios. E como não sou burra, juntei as peças.

-Bella...

-Porque tentou me afastar?

-Você não entende? Meu mundo não é o seu mundo. Eu não posso fazer isso com você.

-Essa é uma decisão minha, Edward Cullen! -Ela falou firme. -Eu sempre sonhei com você. Mas, era surreal demais que vampiros, lobos e tudo aquilo que eu sempre achei que não passava de mentira seja a mais pura verdade.

-Mas, somos bem reais Bella! E eu quero te proteger dessa merda toda!

-Você não tem como me proteger. Meus sonhos, de alguma forma, sempre se realizam. Sejam os bons ou maus. E eu sonhei que eu era como você. Sonhei que nós éramos felizes. Eu jamais soube seu nome em meus sonhos. Mas, sua aparência... -Ela colocou a mão sobre meu coração morto. -Seu coração, sempre foi muito claro pra mim. Você me ama...

-Mais do que eu posso sequer pensar em dizer. -A interrompi.

-E eu amo você. Sabe porque nenhum cara teve meus beijos ou minha atenção? Porque eu nasci para ser sua!

A verdade de suas palavras me atingiu em cheio. Alice tinha razão. Mesmo que eu quisesse correr eu não poderia. Mesmo que eu quisesse demais deixar Bella de fora de tudo que sou, não posso. Porque somos um só.

-Esse beijo foi o meu primeiro. Até mesmo os toques em minha cintura... Apenas você é dono de tudo isso, Edward. Não adianta querer me proteger do que nós somos.

-Bella, eu tenho que constantemente viver com a sombra de tudo que sou, de tudo que eu já fiz! Eu... Só não queria que passasse por isso. Pela dor, a perda...

-É inevitável, amor. Porque dor maior seria não ter você pra sempre. Perda maior seria seu abandono ou desprezo. Hoje eu me senti um lixo.

A abracei a apertando um pouco em meus braços.

-Me perdoa, meu amor. Eu só...

-Estava tentando me proteger. Entendi seu ponto, mas, espero que entenda o meu. Não adianta. Seja lá o que você tentar fazer vai me levar ao mesmo destino. Só que de maneiras diferentes. -Ela falou e eu lembrei automaticamente das visões da Alice. -Eu gostaria que fosse pelo lado bom.

-Eu... Posso pensar? Não que eu não a ame e nem a queira pra sempre comigo. É só... É coisa demais em jogo e eu não quero que me odeie depois.

-Se isso vai te deixar Maia tranquilo... -Ela falou dando de ombros. -Apenas tenha ciência de que mesmo você pensando nada vai mudar.

Bella não facilita as coisas...

Ou eu sou quem complico tudo?

Ela foi até seu quarto trocar de roupa e eu fiquei na sala esperando.

Dez minutos depois ela chegou. Conversamos mais um pouco e quando estava perto de Charlie chegar eu fui pra casa. Ela disse que ia preparar o terreno antes do namorado aparecer.

Eu namorando!

Sempre fui um homem de casos de uma noite. Apenas isso e porque odiava ver meus irmãos, até mesmo meus pais tendo alguma intimidade e eu nada. Ao final eu me sentia um merda!

Agora tendo Bella, e o tanto que eu me controlei para não fazê-la minha naquele sofá, entendo-os perfeitamente.

Quando temos nosso companheiro o apelo do corpo parece ser gritante.

Eu finalmente tenho a minha companheira. Mas, ao mesmo tempo que todo meu ser me diz que a coisa certa é sumir com ela e fazer dela minha por toda eternidade, minha razão me mostra o quanto eu seria egoísta se optasse por isso.

Olhei para os céus. A chuva começou a ficar mais forte, porém, não me movi de modo algum.

Deus o que eu faço?!

Fechei meus olhos e então algumas poucas lembranças de minha vida humana vieram.

Eu cheguei em casa revoltado. Meu pai estava claramente tentando encontrar uma esposa para mim e eu tinha apenas 16 anos. Jovem até demais para sequer pensar nisso.

Mamãe riu da minha expressão.

-Querido, apenas siga seu coração. Se ele diz que não é tempo, enfrente o turrão do seu pai. Você sabe tão bem quanto eu que no momento em que você se manifestar de alguma forma ele levará em consideração o que você disser.

É isso!

Vou seguir meu coração. E tomara que ele esteja certo.

A New Story... By: Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora