Pode parecer loucura.
Mas o número um pisca na minha mente, em seguida o número sete, e por último e não menos importante o número um retorna. 171. O número do mentiroso.
Faz uma (1) semana (7) que a Rita não fala comigo. A não ser uma única (1) palavra, "Oi". No caso, ela também tem evitado dizê-la. Nem mesmo pelo Whats, que agora ela nem mais visualiza.
Não sei mais quais medidas tomar. Já planejei dezenas de conversas dentro da minha cabeça. Em todas, era eu quem pedia desculpas. Mas pelo que? Ela já deveria ter voltado a falar comigo. Afinal, nos conhecemos há anos e simplesmente nada disso importa? Eu sei. Praticamente ralaram minha pele com o óbvio: algo aconteceu na última semana, precisamente, no ultimo churrasco. Mas como AINDA não sei sobre isso?
Quanto à Leila, ela está perdida como uma barata tonta. Ela conversa comigo normalmente com exceção do assunto em questão. E toda vez que me aproximo das duas, Leila me entrega um sorriso e à Rita um cutucão. Em resposta, Rita me atravessa com os olhos e sai andando.
Preciso descobrir o que está acontecendo. É uma situação insuportável.Entres as outras coisas da escola, tudo parece normal. Alguns testes difíceis e conversas hilárias. Como sempre. Nos corredores, novos olhares curiosos e maldosos. Leila brinca que sou "a bola da vez". E me acalma falando que uma hora isso acaba. Já pude perceber que o desastre do sábado ainda não foi superado. Mas faço o possível para ignorá-lo.
Os meninos da sala me encaram com frequência e fazem piadas de mal gosto. Leon, por incrível que pareça, não fez nenhum comentário. Contudo, tenho a sensação de que ele está prolongando a abordagem. Ele me encara e vem em minha direção, abre a boca e sai. Sem dizer nada.
Sei que não posso criar esperanças com ele... Mas uma parte de mim se confunde.
Ele ainda está namorando.
Já JP faz questão de triplicar as palavras quando se dirige a mim.
_Dal - ele chama com ironia e termina com uma linda sugestão - o que vamos beber hoje? Estive pensando em saquê. Você conhece saquê? Ah, não vai ser nenhum problema né? Já que você bebe de tudo.
Antes eu respondia com o famoso: "Cala a boca." Bem seca. Agora, deixo que os outros respondam por mim. Leila (com os palavrões), e alguém que sinta piedade, ou, que só esteja de saco cheio do JP.
As outras meninas da sala me tratam como sempre, a não ser a Bárbara, que adorou a oportunidade de se livrar do primeiro lugar no Ranking de meninas oferecidas, e fica falando mal de mim para as outras. Incluindo momentos que nunca vivi ou espero viver.
Também descobri que o pessoal da outra sala me apelidou intimamente de bêbada. O que me fez chorar por algumas noites. Finalmente entendi a principal lição daquele dia. Beber assim, NUNCA MAIS!Voltando à Rita. Aconteceu uma coisa instigante. Que a princípio tinha me deixado realmente animada.
O bofe 8 foi falar com ela. E mesmo que ela não tivesse a intenção de me contar sobre aquilo, eu quis saber mais.
_Rita! - Ele chamou de longe.
Consegui ver o rosto da minha afastada amiga no momento em que se virou. Mas ela não estava sorrindo.
E disse baixo.
_Fala.
_Precisamos conversar sobre... - ele pausou brevemente - Aquilo que aconteceu.
Dessa vez Rita estava de costas. Prestei mais atenção, mas não consegui ouvir.
_Eu não vou continuar quieto. Eu g... - ele olhou ao redor, e, antes de voltar a falar, encontrou meu olhar. Disfarcei, mas deixei meus ouvidos olhando. Ele bufou. - Olha, Rita. Não podemos mais mentir. - Ele marchou para dentro da sala, a deixando na porta.
_Gregório! - Rita saiu atrás dele.
Entendo que ela não queira falar comigo. Mas não o porquê de Leila não me contar nada sobre o novo casal da escola.Por isso, depois, perguntei para ela desde quando estavam juntos.
_Leila, eu estava no corredor, na hora do intervalo e... Rita estava conversando com o bofe 8...
_Aham? - ela me olhou apreensiva e estalou a língua como um sinal de nervosismo. Ao invés de falar alguma coisa sobre, ela permaneceu petrificada.
Eu nunca a vira daquele jeito. Então, explodi.
_POR QUE NÃO ME FALOU NADA SOBRE ISSO????
_Dal, desculpa! A Rita implorou para eu não falar nada. Eu tentei ignorá-la e te contar mesmo assim. Mas não consegui.
_Caramba Leila!
_Olha, eu sei que é injusto ela ter parado de falar com você por causa disso. - Olhei com mais atenção, pois de repente parecia que não estávamos na mesma conversa. - Não foi sua culpa, você estava completamente louca.
_Do que você está falando?
Ela balbuciou algo e olhou para algum lugar menos intenso do que o olhar mortal que eu havia lançado.
_Nossa Dal, puta que pariu.
_Leila, o que está acontecendo?
_Olha, eu tinha entendido que você sabia o motivo de ela não falar mais com você.
_Não Leila eu NÃO sei! Eu estou te perguntando o motivo há dias mas VOCÊ me disse que NÃO sabia!
_Ei, calma aí Dal! - ela se levantou do sofá. Irritada com alguém que não era eu. Era ela mesma.
_Eu... Eu.
_Desembucha Leila!!!!
_Eu descobri ontem ok???
_Tá. E o que descobriu?
_Ah você sabe... Você beijou o Gustavo! - ela disse engolindo um sorriso.
_Eu sei. - disse envergonhada. - E?
_E ela gosta dele uai.
_Nossa, Leila. Inventa uma história melhor.
_Não, Dal, escuta. É sério.
_Leila, ela tá apaixonada pelo Gregório!!! Você sabe disso! E eles estão ficando. Além do mais, fazia muito tempo que não víamos o Gustavo.
_Claro que não! Quer dizer; eu acho que não. Ela não me falou nada. - Leila não parecia triste por não ter sido comunicada. Ela só estava mais irritada consigo mesma. E nem mesmo parecia confusa.
_Acho que eles não querem que ninguém saiba. Mas eu sei. Então, me conta outra história porque a primeira não colou.
_Ai, Dal. Foi o que ela me falou. Com certeza, vou tirar satisfações com ela segunda.
_Certo. - Eu fingi estar convencida. - Acredito em você.
Leila sorriu com aquilo, mas, ao olhar para o lado, sem perceber mordeu os lábios de mais irritação.O que está acontecendo?
Olhando para a cena congelada, eu soube algo que era verdadeiro.
Rita poderia estar sendo infantil. Mas ela não estava mentindo. Ela estava fugindo. E por mais boas que sejam as intenções das minhas amigas. Intenções que desconheço. Eu não estou escondendo nada, e sim procurando.
Rita não vai falar comigo até que eu a enfrente com toda a verdade que ainda não sei. E, de repente, ela não era a 171.
Leila é.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Número 8
Teen FictionEssa é uma história de amor que pode se parecer com a sua. Guida Dallas é uma menina comum. Tem uma família que ama, amigas que ama e uma vida da qual não se pode reclamar. Dal sabe que os números estão presentes em sua vida, seu número da sorte em...