Caminhos

Pedaços

Belle acordou assustada,
coração batendo rapido,
visão confusa e audição perdida.
Passa a mão nos cabelos bagunçados, pensava que ainda tinha esperanças, que ainda tinha uma chance de Lucas voltar.

Seu coração acalmou, visão se renovou e sua audição ficou perfeita para ouvir o silêncio.
Olhou no relógio 5:00H Miguel estava ao seu lado, se sentiu aliviada por não ter acordado o irmão.
Levantou, foi até o banheiro e se olhou no espelho.
Olhos fundos, rosto triste...
Se sentou no chão e começou a chorar. Queria estar com Lucas naquele exato momento era pros dois morrerem juntos. Lagrimas e mais lágrimas...
Queria ele ali, saberia acalma- lá, queria sentir ele, mas não dava, tudo estava perdido, o seu coração doía, estava sendo rasgado, sendo destruído.
Soluços e mais soluços!
Se levantou e foi novamente pra cama, tinha que dormir e não sonhar, dormir e não sonhar...

Miguel acorda e olha pra sua irmã dormindo, ainda bem que estava descansando, porque a mamãe disse que a maninha nem queria comer, imagina isso ? Nem chocolate ? Se levanta e vê uma fotografia de Lucas encima da cômoda. Ela estava muito triste e como seria o enterro ? Acho que ela nem vai. Sai correndo do quarto e bate a porta um pouco forte, EITA, tomara Belle não acorde!

Belle acorda pela batida forte da porta do seu quarto. Será que foi o vento ? Olhou para o lado. Não era o vento era Miguel e sua mania de bater tudo.
Belle se levanta da cama, que dia era hoje ?
Tinha alguma coisa de importante pra fazer mais não se lembrava. Pegou o celular, Aí! tinha que ligar pro...
Se lembrou do que tinha que fazer, enterro do Lucas e não tinha que ligar pra ninguém, Drogaaa queria ligar pra ele como de costume todas as manhãs.
Pegou o celular e o jogou longe com toda a sua fúria.

- Foi por sua culpa que ele se foi. Gritou descontando a sua raiva nos berros e foi até o celular.

- Idiota, idiota, idiota. Disse socando o celular no chão. - Não deveria ser assim! 

Se joga na cama ofegante e chorando loucamente.

- Eu te amo, Eu ainda te amo, ta difícil de superar, me ajuda. Disse Belle sussurrando.

Miguel invadi o quarto e abraça a irmã rapidamente.

- Bellinha por favor não fica assim, eu te ajudo a superar e Eu te amo,mas não chora, por favor.

- É difícil. Disse passando a mão nos cabelos de Miguel

- Eu não intendo muito isso. Falou Miguel ainda abraçando a Belle.

- Espero que nunca intenda.

Ouvem uma batida na porta do quarto, só poderia ser a mãe de Belle.

- Isabely como está ?. Perguntou Vitória indo acalmar a filha.

- Eu não estou bem, e não quero ir pro enterro, não vou aguentar.

- A decisão é sua, faça o que se sentir melhor e Miguel vamos pra escola. Disse vitória tirando Miguel dos braços de Belle.

- haaa não mãe, eu odeio a escola. Fala Miguel fazendo o seu show de manhã.

- Vai Miguel. Disse Belle secando as lágrimas

- Ouvi a sua irmã. Falou Vitória

- Não quero ouvir ninguém. Miguel tampa os ouvidos

- leva ele mãe. Disse Belle se levantando e pegando o celular do chão, lembrava do show que ela tinha feito pra ganhar e agora estava destruído, sabia que pegaria de novo, mas a tela, VISH!

- Isabely eu ouvi os gritos, e acho que deveria ir pro enterro com a família do Lucas pra se despedir, eu mesmo iria se não fosse pelo trabalho e o Miguel, sabe o cemitério não é um lugar bom pra ele.

- Eu to surtando, não faz nem uma semana que ele se foi, sinto falta... Disse segurando o choro, queria que ninguém a visse sofrer.

- Tudo bem filha, não se preocupe, eu só quero que você fique bem

Vitória sai do quarto arrastando Miguel pelo braço para ir a escola.
Belle olha o celular e o liga, como uma coisa tão pequena pode acabar com tudo, eu não culpo a mãe do Lucas, Rosana, ela nunca atendia o celular dirigindo.
Oque tinha acontecido pra neste dia pra ter uma brecha, queria perguntar, queria saber mais sobre o que aconteceu e como a família dele estava, claro que arrasados, mas queria ver com os seus próprios olhos.
Que droga, não iria se senti bem indo só que pra saber das coisas... Okay!
Iria ao enterro, iria enfrentar este luto, iria saber da boca da Rosana o que tinha acontecido.
Nossa! Pensando assim até parecia que estava bem, só que não estava.
Foi para o banheiro e tomou um banho quente e lento, quando saiu o ambiente parecia uma sauna e seu corpo estava vermelho em alguns pontos. Lavou os cabelos e tinha até se depilado pra usar um vestido preto com algumas flores vermelhas no enterro que seria daqui a uma hora. Se vestiu e se olhou no espelho, estava razoável, olhou de novo, mas para o seu rosto, estava horrível e não estava afim de usar maquiagem só usava quando ia para alguma festa importante e não iria a uma festa. Deixou a rosto natural e fez um rabo de cavalo que durou alguns minutos pra ficar apresentável só que do que adiantava ? Ficar apresentável, do que adiantava!
Sentou - se na cama, o vazio no peito não saia, a cada minuto estava triste, e não parava de chorar nem se quer a noite, seria assim pra sempre? E Lucas queria que eu seguisse a minha vida feliz se isso acontecesse, impossível.
Colocou as sapatilhas e desceu as escadas para ir embora de casa, ainda tinha um bom tempo pra andar e pensar nas coisas, o enterro aí demorar pra começar.
Não acreditava que estava agindo deste modo, do modo ao contrário que ela estava, dentro dela estava uma bagunça uma luta constante, por fora agora tentando manter o controle que nem imaginava que tinha.
Se Mel visse isso estaria brigando comigo, Mel melhor amiga estava fazendo a sua viajem dos sonhos e voltaria amanhã, já fazia 1 mês que Belle não havia e quando isso acontecesse e Mel olhasse pra ela, saberia que algo estava errado.
Mel era uma menina animada, com o seu sorriso chovia meninos na mão dela e com as suas dicas loucas de como pintar as unhas corretamente fazia qualquer um rir sem parar, mas como seria a sua reação com a notícia que seu colega estava... Você sabe...
Olhou pro céu, estava cinza e feio e começou a andar bem rápido. Odiava tempos assim, também não gostava do inverno, usar blusa de frio sempre a fez sentir presa, mas Apesar do vento gelado ele não a incomodava, sempre foi muito calorenta e usar vestido neste tempo não era problema. 
Ouviu ao longe alguém tocando piano. A música era do Sam smith - lay me down. Realmente gostava desta música, olhou as casas da vizinhança e se aproximou da casa da onde vinha a música. Nunca tinha visto ninguém que morava ali a tempos, a casa amarela era grande e com o jardim bem arrumado, bem diferente do dela que parecia um lugar feio e sem vida. Sem vida... Lucas falava que ela precisava arrumar aquilo e que no final valeria a pena, ele sempre teve muita vontade de fazer as coisas, ele sempre dava tudo de si.
Secou as lágrimas que já brotavam dos seus olhos, continuou andando.
Tinha que ser forte, tinha que ser.
Olha para os lados na calçada e vê que está sozinha, se senta no chão e começa a chorar com as mãos no rosto ao som do piano ao longe.
Que saudade sentia, que dor, isso tudo parecia um pesadelo que não acabava.