CAPITULO 10 - Tris

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Continuo sentada em minha cama, mais confusa que nunca, tenho certeza de que estava em uma simulação, mas como? Eu não aceitei ir até o laboratório do Dr. Collins, não comi nada que ele mandou trazer e mesmo assim me puseram em uma simulação? Não é possível! Preciso sair desse lugar, aqui só há loucos, loucos por essa tal genética danificada, tal coisa não existe, isso não existe!

Ainda estou trancada nesse quarto, não posso acreditar que esse desgraçado me deixou trancada aqui desde ontem. Ódio me consome por inteiro, não sei o que sou capaz de fazer se vê-lo em minha frente.

Ouço um barulho na porta do quarto, aposto que é o desgraçado do Dr. Collins.

–– Olá, menina, bom dia. –– Lia entra em meu quarto, empurrando um carrinho de metal prata.

–– Oi. –– respondo.

–– Como se sente?

–– Com raiva, muita raiva! –– digo, com a voz alterada.

–– Calma menina, o que houve?

–– O desgraçado do Dr. Collins me trancou aqui dentro!

–– Como? –– ela pergunta, com os olhos arregalados.

–– Foi isso mesmo que você ouviu Lia, o Dr. Collins me trancou aqui dentro, só porque eu me recusei a deixá-lo estudar meus genes.

–– Nossa! Mas o doutor só pode ter enlouquecido, ele nunca foi disso.

–– Só pode mesmo ter enlouquecido, isso não é nem de longe coisa de gente normal, mas ele me paga!

–– Veja lá como fala menina. –– ela responde, segurando meu braço e apontando pra um canto que, ao que me parece, tem uma pequena câmera.

–– Lia, eu preciso sair daqui. –– digo, sussurrando ao pé de seu ouvido.

–– Você jamais conseguiria menina, isso aqui é uma fortaleza, quase 50 seguranças guardam esses portões dia e noite.

–– Eu não me importo! Irei bolar um plano, mas um plano perfeito e fugirei daqui, mas só irei fugir quando completar minha missão nesse lugar.

–– Como assim? Que missão? –– ela pergunta, atordoada.

–– Eu vou derrubar esse Governo Lia, vou libertar todos os GD's que esses Departamentos privaram de viver, vou vingar cada um que eles mataram! –– respondo, entre dentes.

–– Menina, você não sabe do que eles são capazes, eles... –– antes que Lia possa terminar, alguém nos interrompe.

–– Olha, que bom, vejo que já está de pé. –– diz Dr. Collins, abrindo um imenso sorriso, ao vê-lo entrar, minha vontade é de me jogar em cima dele esganá-lo, mas me controlo, não vou dar esse gostinho a ele.

–– Com licença, vou deixá-los a sós. –– diz Lia.

–– Não, fique Lia. –– digo.

–– Senhora Lia, se ainda tem algum amor pelo seu trabalho, saia daqui imediatamente. –– diz Dr. Collins.

–– Sim senhor. –– diz Lia, abaixando a cabeça e saindo, fechando a porta atrás de si.

–– Agora somos só eu e você, minha querida, diga-me, como se sente? Dormiu bem? –– ele pergunta, com esse sorriso idiota no rosto.

–– Dá pra parar com esse teatrinho ridículo? –– digo.

–– Mas que teatrinho? Só porque me preocupo com você?

–– Para! –– grito.

–– Para você de gritar! Se continuar com essa rebeldia, não vai chegar a lugar algum.

–– Seu ridículo! Me pôs em mais uma simulação, como eu não sei, porque nada do que você mandou me trazerem eu comi, não aceitei ir até seu laboratório e mesmo assim estive em uma simulação, não sei mesmo como fez isso, mas irei descobrir e acabar com isso, irei acabar com esse Governo, esse Departamento!

Ele solta uma gargalhada.

–– Sua criatividade me encanta. –– ele olha dentro dos meus olhos. –– Para de sonhar tão alo, pois quanto mais alto, maior a queda.

–– Mas acontece, que você esqueceu de perguntar se eu tenho medo de altura e não, eu não tenho. –– respondo, com os dentes cerrados.

–– Não se esqueça que eu estou sempre lhe vigiando Tris, sempre. –– ele diz, com os olhos cerrados em cima de mim.

–– Olha, que bom que eu tenho um admirador, mas fique ciente, de que eu também estou lhe vigiando e já descobri coisas ótimas sobre sua vida, senhor Collins. –– digo, me virando e indo em direção a porta. Ele pega em meu braço e o aperta com força.

–– Olha aqui menina, não sei até quando vou aguentar essa sua rebeldia, você não me conhece, então é melhor não testar a minha paciência. –– ele diz, com os dentes cerrados.

–– Me solta! Me solta ou eu grito! –– ele me solta, me dando um leve empurrão.

–– Cuidado! –– ele diz, estendendo o dedo indicador em meu rosto. Dou um tapa em seu dedo, me viro e saio.

***

Vou andando pelo corredor, ainda estou um pouco exaltada, esse doutor me tira do sério. Não sei ao certo o que farei agora, mas acho que sei o que tenho que fazer. Eu tinha dito ao Benjamim que pesquisaria sobre a vida do Dr. Collins e esse é um bom momento para eu o fazer.

Não sei ao certo onde encontrar Benjamim, mas preciso encontrá-lo, ele disse que me ajudaria nisso e ele conhece esse Departamento como ninguém, já que está aqui a tanto tempo.

Esses corredores me fazem lembrar o setor da Erudição, são bem iluminados, limpos, totalmente brancos, salas por todos os lados, pessoas o tempo todo com seus rostos virados para telas de computadores, com seus óculos, suas aparências cansadas e cabixbaixas.

Chego até o salão principal e ainda fico intrigada com o busto de Edith Prior esculpido aqui, será que ela era alguém importante nesse lugar? Prevejo que sim, pois quem iria ganhar o privilégio de ter seu busto esculpido e posto no salão principal de um Departamento? Somente alguém muito importante mesmo.

Depois de pelo menos 5 minutos andando, chego até o fim de um corredor e na placa posta na parede diz: Ala B. Olho para o lado e vejo uma sala, está escrito: Neutrófilos.

É essa a sala onde aqueles dois cientistas puseram a cura pro virus mortal que querem lançar em Chicago, lembro-me de eles terem dito que colocariam aqui, pois ninguém jamais o procuraria em tal lugar. Me bate uma vontade de entrar nessa sala, não posso, vai que alguém me vê? Mas a curiosidade fala mais alto e quando percebo, já estou com a mão na maçaneta. Olho para um lado, olho para o outro e entro na sala. Há muitos armários e gavetas, onde posso encontrar isso? São muitos arquivos, eu levaria horas para vasculhar tudo, mas preciso ao menos tentar, se encontrar essa cura, posso evitar até mesmo que a guerra comece contra Chicago, mas nem imagino por onde posso começar a minha busca.

Depois de observar bem, decido começar pelos arquivos com a letra A, mas é claro que se a intenção deles era esconder a cura do virus, eles não iriam colocá-lo em sua letra de ordem, sua letra inicial que seria o “C”, então preciso refazer meu raciocínio, mas preciso bolar algo rápido, se alguém me pega aqui dentro, nem sei o que fariam comigo.

Decido vasculhar as gavetas com as iniciais de letra “J", vasculho cada gaveta com calma para não perder nenhuma informação importante. Acho uma pasta escrita: Jhon Collins, mas ao lado de seu nome há um corte, é como se alguém tivesse o cortado para que ninguém visse qual o seu segundo sobrenome, tenho certeza de que esse doutor tem algo a esconder. Nesta pasta, estão contidos os registros de sua vida, desde quando ele chegou aqui. Enquanto abro a pasta, algo cai de dentro dela, abaixo e pego, e quando leio está escrito: Matthews. Pego o nome e encaixo ao espaço cortado ao lado do nome do Dr. Jhon Collins e para minha surpresa, e total satisfação, ele se encaixa perfeitamente, é como eu esperava, o Dr. Collins tem parentesco com Jeanine Matthews e ao que tudo indica, eles devem ser irmãos.

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