A salvação

Capítulo 14

/FLAVIA/

Eu não queria ter que falar para minha mãe tudo que estava acontecendo, principalmente depois que soube que Gabriel esteve aqui.

-Fernanda me disse que Gabriel esteve aqui- desconversei.

-Fernanda e sua lingua solta- sorriu e se sentou na cama- suas lágrimas é por causa dele?

-não mesmo- disse séria e olhei pra outro canto- eu não queria ter que lhe encher com meus problemas fúteis.

-sou sua mãe mocinha- sorriu- eu adoraria saber dos seua problemas fúteis.

-primeiro quero saber o que Gabriel veio fazer aqui.- me sentei e peguei em sua mão.- me fale tudo mamãe.

-ele queria falar com você e quando falamos que foi para a Ucrânia com a Carol, ele surtou- se ajeitou na cama e se sentou do meu lado, dando espaço para colocar minha cabeça em seu ombro- ele te chamou de todos os nomes possiveis. Disse que era interesseira, que só pensava no futuro que a bola poderia te dar. Essa parte em especial, eu não entendi. Vai virar jogadora de futebol filha?

Sorri com a pergunta da minha mãe, as vezes ela conseguia ser maia inocente que Fernanda.

-não mãe- segurei sua mão- vou lhe contar o motivo de tudo que está acontecendo, o motivo de Gabriel falar essas coisas e o motivo das minhas lágrimas.

-fico feliz em saber que Gabriel não tem nada a ver com esse choro.

Levantei minha cabeça e a olhei. Contei tudo que estava acontecendo desde o dia que revi Bernard até o dia em que ele me chamou de puta. Ela ficou horrorizada e brigou muito comigo, por ter me entregado para um jogador que não valia nada. Mas no final ela me abraçou e disse que tudo ficaria bem.

Mães e o poder de concertar os problemas com um abraço e poucas palavras.

-não quero te ver deitada nessa cama direto Flavia.- se levantou da cama- a proveita que está de férias e leva Fernanda para andar. Aquela menina só vive deitada, comendo e assistindo tv.

-amanhã faremos isso mãe- sorri e peguei meu celular que tocava e sem olhar quem era atendi de imediato.
Logo minha mãe saiu do quarto.

--------Ligação on-----------
-oi?- falei me deitando novamente.
-você ficou doida?- um cara gritou do outro lado da linha. Ouvi de longe a voz de outro tentando acalma-lo.
-pelo visto o doido aqui é você.- disse rispida- ligando para o número errado.
-não tem mais meu número Flavia?- disse com desdém. Bufei e olhei quem era na tela do telefone
-o que você quer Bernard Duarte?- falei ja sem paciência. Não devia ter atendido.
-o que eu quero?- sorriu- que você pare de sair por ai inventando que eu fui atraa de você.
-não inventei- dei de ombros- você realmente foi se ajoelhar na frente de uma puta para pedi-la em namoro. Vai me dizer que isso é mentira?- não esperei ele responder e desliguei a ligação.
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Joguei o celular longe, não me importando se ele iria sair inteiro dessa queda.
Me levantei e fui tomar um banho, quem sabe assim não ficaria mais calma.
Coloquei uma rouoa de corrida e meu mp3.

-pra onde vai?- Fernanda estava sentada no sofá comendo algumas de suas besteiras.

-correr- sorri- quer ir junto?

-não mesmo- fez careta- meu corpo é maravilhoso assim...

-ta certo - sorri- ei, nem pense que eu esqueci viu? Ainda me deve seu segredo.

-chata- deu lingua e eu sai sorrindo da infantilidade dela.

Coloquei uma musica qualquer e comecei a correr, só assim eu iria me esquecer de tudo que estava acontecendo.
Depois de um tempo, me sentei em um banco, na praça perto de casa e comecei a tomar uma água de coco que eu tinha comprado.

-decidiu voltar a rotina antes do tempo?- um rapaz se sentou ao meu lado.

-oi Rafael- sorri. Ele era meu personal e sempre me acompanhava naa corridas e na academia.- só esrou tentando refrescar a cabeça.

-é alguma coisa com Gabriel?- mostrou seu semblante preocupado. Eramos bem intimos, contavamos tudo um para o outro.

-também - sorri sem jeito.

-então aquele jogador de meia tigela está metido nisso também?

-arram- suspirei- ele me falou tanta coisa ruim Rafael. E ainda tem Gabriel, que apareceu na minha casa e me chamou da mesma coisa. Puta.

-você sabe que não é- segurou minha mão- eu te conheço a bastante tempo Flah. Não ficaria assim só por causa disso.

-não ficaria mesmo- sorri e olhei pra frente.- não sei o que aconteceu.

-talvez você estivesse realmente gostando do jogador.

-isso nunca.- respirei forçadamente.- nem o conheço direito.

-tudo bem- sorriu e se levantou- teu tenho que ir. Sabe onde me encontrar né?

Concordei com a cabeça e ele saiu correndo. Rafael era lindo, tinha o corpo malhado. Loiro dos olhos escuros, era carinhoso e educado. Tem tudo para ser um homem perfeito, a mulher que tiver a sorte de amarra-lo irá ser feliz pelo resto de sua vida.

Me levantei depois de tomar a agua de coco e comecei a correr de volta para a minha casa.

Entrei e logo na sala Fernanda se acabava de chorar. Pude ouvir alguns gritos vindo do quarto e percebi que se tratava de uma briga dos meus pais.

-Flah- Fernanrd veio correndo ao meu encontro- você disse que iria conversar com eles.

-fica calma Nanda- a peguei nos braços e sai de casa. Deixar ela no meio da briga não ia adiantar nada.- eu vou conversar com eles, eu te prometo. Logo tudo isso vai passar.

Levei ela em uma sorveteria perto. Nanada era apaixonada por sorvete, não queria compra-la, mas era a única forma de acalma-la.

-sabe aquele meu segredo?- perguntou depois que nos sentamos em uma mesa com seu enorme sorvete e eu com meu açai.

- quer me contar agora?

-eu estou com medo.- admitiu- você quase não fica mais em casa e papai daqui uns dias vai embora também. Não quero que minha familia se separe Flavia. Eu tenho uma amiga que mora só com o pai, ela não é feliz igual a mim. Eu não quero ser igual a ela.

-quem te disse que papai vai embora?- a olhei.

-ta na cara né? Quando os casais brigam, eles sempre se separam.

-isso não é um filme princesinha- sorri- todo casal briga. Logo eles estarão bem. E sobre minhas viagens, eu sinto muito. Se eu tivessebque escolher entte viajar toda semana e ficar ao seu lado, preferia a segunda opção. Mas é o meu trabalho.

-por que você não pode ter um trabalho igual a mamãe? Ela não precisa ficar viajando direto.

-é complicado- suspirei.