00 - the beginning of the rest of our lives

2.5K 97 32
                                    

Escutei o barulho que meu celular fazia ao vibrar contra a madeira da escrivaninha e tive que conter o ímpeto de sair correndo para ver o que a mensagem dizia. Mesmo não tendo mais ninguém no quarto comigo, mantive a pose de calma e caminhei de costas eretas e cabeça erguida até meu iPhone. Estava enganando a mim mesma, fingindo que não estava completamente boba pela pessoa do outro lado da mensagem. 

Fazia dois meses que havia cruzado com Summer Campbell no bar de um hotel. Dois meses que a minha noite porcaria havia se transformado, presenteando-me com uma amiga e me fazendo conhecer Luke. Ou melhor, fazia dois meses desde que ele me salvara da humilhação de precisar da ajuda de algum funcionário o hotel para chegar ao meu quarto. Nem imaginava naquela manhã que o desconhecido que havia cuidado de mim se tornaria alguém tão próximo. 

Tanta coisa poderia ter dado errado. Não gostava nem de imaginar o que teria acontecido se, ao invés daquele cara doce e incrível, eu tivesse encontrado um pervertido. Contrariando todas as estatísticas, tive um bocado de sorte não acabando morta ou abusada, e de conhecer a pessoa que não saia da minha mente desde então. Passamos os três dias finais daquela "viagem da família Duquesne" em New York conversando em cada minuto possível, até mesmo fui a um dos seus shows. Música boa, só lamentava não ter conhecido os outros rapazes. 

Talvez quando não estivesse absorta demais apenas no companheiro de banda deles. 

As dezenas de mensagens diárias que trocávamos, mesmo com horas de fuso horário diferente entre nós, fizeram com que nos aproximássemos ao ponto de eu estar agora me controlando para não correr para responder sua mensagem como uma pré-adolescente com sua primeira paixão. Não que fizesse questão de deixá-lo esperando porque aparentemente, segundo o conselho de algumas "especialistas", isso é o que deveria ser feito para "manter o interesse dele". 

Não. Não era isso. 

O problema é que meu subconsciente estava tentando me proteger para o fato de que estava começando a me interessar por Hemmings em um nível além do da amizade. Então eu atrasava as coisas e fingia que não estava em tal situação. Depois de demorar alguns segundos a mais do que o necessário para alcançar meu celular, abri sua mensagem. 

Adivinha quem está indo para casa? 

Fiquei tão surpresa com aquela única frase que realmente precisei de alguns segundos a mais para responder. 

Sério? Quando? 

Pego o avião amanhã. Então sábado já estarei descansado e pronto. 

Descansado para que exatamente? 

Oh! Achei que estivesse sendo óbvio o suficiente, mas, pelo visto, vou ter que dizer todas as palavras. 

Encarei a tela do meu celular e sua frase desconexa e incompleta. Alguns poucos segundos se passaram até que ela se iluminou outra vez. 

Quer sair comigo no sábado, senhorita Alexis? 

Engoli em seco e senti meu estômago dar algumas voltas. Por um segundo não soube o que responder. Tantos dias quis que Luke estivesse mais perto, que pudéssemos conversar pessoalmente e, agora que isso finalmente aconteceu, não sabia o que queria fazer. E se ele tivesse mudado durante esse tempo e fosse, na verdade, um grande babaca? E se minhas memórias sobre ele tivessem se superestimado graças ao tempo que passamos separados?

 Não sabia se estava pronta para uma decepção desse tamanho. 

Ok, ok. Não podia surtar. Nada de me encolher e fugir. Não havia a opção de negar aquele convite quando havia a possibilidade concreta de que já no próximo dia ele poderia ter que voar para algum outro país e sabe-se lá quando teríamos outra oportunidade como aquela. O melhor era encarar a situação. 

See the same sunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora