06 - Safe haven

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Não sei exatamente como cheguei em casa. Confesso que não foi muito responsável da minha parte dirigir naquele estado de estupor, mas claramente não estava pensando direito. Joguei a bolsa sobre o sofá e me joguei em uma poltrona, enfiando as mãos pelo cabelo e encarando o chão. Queria refletir sobre outra coisa, raciocinar o porquê de estar abalada por uma coisa tão idiota, mas tudo no que conseguia pensar era sobre como aquele tapete era fofo e o quanto a cor vermelha dele refletia em espectros de luz quando o sol batia sobre ele. 

Nada relevante, na verdade. E era tudo sobre o que eu conseguia pensar. Talvez estivesse mesmo com algum problema de raciocínio. 

- Lexi ? – levantei a cabeça, surpresa, e encontrei meu namorado parado em pé, só com uma calça de moletom azul escura, a alguns metros de mim, um sanduíche na mão e o olhar confuso. 

- Luke ? Quê di- franzi o cenho, olhando para os lados. 

Aquele não era o meu sofá, percebia agora. Nem meu tapete ou minhas paredes. Eu não estava em casa. Ou, melhor dizendo, eu não estava no meu apartamento. E aquilo me deixou um pouco mais perdida do que antes. Eu jurava que tinha dirigido para casa, mas, ao invés disso, tinha vindo para casa dele, usado o elevador e destrancado a porta. Tudo no automático. 

- Amor? – ele se abaixou ao meu lado, colocando uma mão sobre a minha coxa para chamar minha atenção. 

Pisquei algumas vezes ao encontrar seu olhar. 

- Luke, oi. – sussurrei, passando as mãos para tentar ajeitar o cabelo e disfarçar a expressão derrotada que devia estar estampada em meu rosto – Como estão as coisas por aqui? 

- As coisas por aqui? Bem. Estão bem. Mas não foi por isso que você veio. 

Olhei para o lado e abanei sua mão para longe a fim de levantar da poltrona e escapar das perguntas. 

- Como assim não fui por isso que eu vim? – peguei uma blusa que estava jogada sobre o encosto do sofá maior e uma bermuda no chão – Claro que foi por isso. Eu disse que vinha aqui hoje por isso. 

Precisava me manter ocupada fisicamente. Quem sabe assim minha mente resolvesse trabalhar um pouco, ou descansar, dependo do ponto de vista. 

- Alexis, amor? 

Murmurei qualquer coisa em resposta, nem mesmo virando a cabeça para olhá-lo enquanto continuava a recolher as roupas dele e a jogá-las sobre o monte em meus abraços. Só parei aquela tarefa idiota quando Hemmings se postou na minha frente, agora com os braços cruzados e a expressão decidida. 

- Alexis . O que aconteceu? 

- Nada. Nada aconteceu, Luke . – contornei-o e caminhei em direção ao corredor que dava para a cozinha e depois para a lavanderia - Você está cheio de perguntas esquisitas hoje. – respondi, sabendo que ele estava me seguindo. 

Abri a tampa da máquina, mas antes que pudesse despejar a as peças lá dentro, ouvi a batida da tampa daquele eletrodoméstico ser fechado com força. Pulei de susto, deixando uma blusa dele que estava em meus braços cair no chão. 

- Que isso? Ficou maluco? – elevei o tom automaticamente. 

- O que eu estou fazendo? O que você está fazendo, Alexis ?! 

Meu namorado também estava fora de seu temperamento calmo de sempre. Ele detesta ser ignorado. 

Antes que pudesse responder, contudo, ele continuou: 

- Você disse que não poderia vir aqui hoje, aparece do nada com essa cara de condenada e, quando pergunto o que aconteceu, você me ignora. Então, Alexis , o que há de errado? 

See the same sunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora